quinta-feira, maio 24, 2007
Consciência inversamente proporcional à ‘velocidade’
Esta semana, para ajudar nas pesquisas académicas da filha de uma amiga, fui até um site na internet responder a um questionário, desses de onde se apuram conclusões estatísticas.
Totalmente no anonimato, apenas meu sexo e minha idade foram solicitadas. Bem, na verdade, foi-me solicitado saber em qual grupo de idade eu estava. Haviam umas check boxes em frente aos referentes grupos: 15 – 25, 26 – 35 e > 35.
Realmente o assunto em questão era voltado para um público mais novo, mas estando eu iminência de completar 36 anos, não pude deixar de pensar que estaria entrando para o grupo, nesta pesquisa, que se diluía, que parecia não fazer mais diferença se 39 ou 59.
Então ocorreu-me que fazer 36 é mesmo entrar na reta final para os ‘enta’, de onde não se sai mais, estatisticamente pelo menos. É verdade que as idades múltiplas de 5 são sempre mais importantes, eu diria até mesmo que são marcos, referências na nossa história. Mas o quê representa os anos seguintes a cada um destes marcos?
Parece-me existir uma ‘invisível’ força de origem oriental que prega que à medida que passamos de uma check box para outra, ficamos mais inteligentes, maduros e experientes. Acho que sim, mas talvez o que realmente deveria contar é como usufruímos e aplicamos toda esta ‘evolução’.
A inteligência, como já dissertei por aqui anteriormente, pode ser relativa, má, tendenciosa e voltada para áreas específicas, podendo ignorar por completo algumas outras. O ficar ‘maduro’ foi sempre um termo que vi com antipatia, pois aquilo que amadurece, perde a consistência, apodrece e cai e este é um termo normalmente usado a nossa psicologia e não só ao nosso corpo, que antes cai e depois apodrece. Quanto ao experiente, bem, sabemos que as experiências são as que deixam marcas, que mudam o indivíduo e não necessariamente para algo melhor.
Eu acho estas passagens muito arriscadas… Talvez saibamos mais, talvez identifiquemos e percebamos mais rapidamente os objetos que afetam a nossa sensibilidade, mas também estamos mais cansados, sofremos perdas e lutas desgastantes ao longo do percurso.
Se aos 18 anos, eu estivesse prestes a fazer uma prova de 800 metros livres e à largada e recebesse a notícia que alguém muito querido estaria com câncer, eu faria os 800 metros debulhados em lágrimas e sofrimento (bem, na verdade, no meu caso, eu poderia fazer mais duas voltas extras... Debulhado em lágrimas). Hoje, aos 36, acho que eu daria um grande suspiro e seria desclassificado lá pelos 500 metros, depois dos paramédicos terem me socorrido com oxigénio. Depois eu pegaria um táxi até o hospital…
Afinal, ter o dobro dos 18 anos não é ser duas vezes ‘glamouroso’, aliás, se não me cuidasse, meu peso sim, é que seria duas vezes o que eu tinha nesta idade!
Estes constantes desbalanços de nossa natureza é os sinto como perigosos! Quando mais novos e cheios de energias, não tínhamos o conhecimento; quando mais velhos e sábios, perdemos velocidade e não só! Com ‘meios motores’, temos que corrigir e administrar as consequências das decisões tomadas nos tempos velozes.
Espero ter a chance de acrescer mais 18 anos a minha atual idade e lá então, poder olhar para trás sem a sensação de demage control, com consciência e total usufruto de meus conhecimentos, potencializando ao máximo a motricidade disponível. (Quem sabe até lá inventaram um pílula ‘roxa’ que nos possibilita medalhas de ouro olímpicas?)
Estes são os meus votos para o meu aniversário e para todos aqueles que estejam a passar por esta data também.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Esta semana, para ajudar nas pesquisas académicas da filha de uma amiga, fui até um site na internet responder a um questionário, desses de onde se apuram conclusões estatísticas.
Totalmente no anonimato, apenas meu sexo e minha idade foram solicitadas. Bem, na verdade, foi-me solicitado saber em qual grupo de idade eu estava. Haviam umas check boxes em frente aos referentes grupos: 15 – 25, 26 – 35 e > 35.
Realmente o assunto em questão era voltado para um público mais novo, mas estando eu iminência de completar 36 anos, não pude deixar de pensar que estaria entrando para o grupo, nesta pesquisa, que se diluía, que parecia não fazer mais diferença se 39 ou 59.
Então ocorreu-me que fazer 36 é mesmo entrar na reta final para os ‘enta’, de onde não se sai mais, estatisticamente pelo menos. É verdade que as idades múltiplas de 5 são sempre mais importantes, eu diria até mesmo que são marcos, referências na nossa história. Mas o quê representa os anos seguintes a cada um destes marcos?
Parece-me existir uma ‘invisível’ força de origem oriental que prega que à medida que passamos de uma check box para outra, ficamos mais inteligentes, maduros e experientes. Acho que sim, mas talvez o que realmente deveria contar é como usufruímos e aplicamos toda esta ‘evolução’.
A inteligência, como já dissertei por aqui anteriormente, pode ser relativa, má, tendenciosa e voltada para áreas específicas, podendo ignorar por completo algumas outras. O ficar ‘maduro’ foi sempre um termo que vi com antipatia, pois aquilo que amadurece, perde a consistência, apodrece e cai e este é um termo normalmente usado a nossa psicologia e não só ao nosso corpo, que antes cai e depois apodrece. Quanto ao experiente, bem, sabemos que as experiências são as que deixam marcas, que mudam o indivíduo e não necessariamente para algo melhor.
Eu acho estas passagens muito arriscadas… Talvez saibamos mais, talvez identifiquemos e percebamos mais rapidamente os objetos que afetam a nossa sensibilidade, mas também estamos mais cansados, sofremos perdas e lutas desgastantes ao longo do percurso.
Se aos 18 anos, eu estivesse prestes a fazer uma prova de 800 metros livres e à largada e recebesse a notícia que alguém muito querido estaria com câncer, eu faria os 800 metros debulhados em lágrimas e sofrimento (bem, na verdade, no meu caso, eu poderia fazer mais duas voltas extras... Debulhado em lágrimas). Hoje, aos 36, acho que eu daria um grande suspiro e seria desclassificado lá pelos 500 metros, depois dos paramédicos terem me socorrido com oxigénio. Depois eu pegaria um táxi até o hospital…
Afinal, ter o dobro dos 18 anos não é ser duas vezes ‘glamouroso’, aliás, se não me cuidasse, meu peso sim, é que seria duas vezes o que eu tinha nesta idade!
Estes constantes desbalanços de nossa natureza é os sinto como perigosos! Quando mais novos e cheios de energias, não tínhamos o conhecimento; quando mais velhos e sábios, perdemos velocidade e não só! Com ‘meios motores’, temos que corrigir e administrar as consequências das decisões tomadas nos tempos velozes.
Espero ter a chance de acrescer mais 18 anos a minha atual idade e lá então, poder olhar para trás sem a sensação de demage control, com consciência e total usufruto de meus conhecimentos, potencializando ao máximo a motricidade disponível. (Quem sabe até lá inventaram um pílula ‘roxa’ que nos possibilita medalhas de ouro olímpicas?)
Estes são os meus votos para o meu aniversário e para todos aqueles que estejam a passar por esta data também.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.