segunda-feira, julho 17, 2006
O Sexo dos Anjos
Todos nós estamos habituados aos protocolos de convívio social, aquele quebrar o gelo, quando conhecemos uma nova pessoa, seja na casa de alguém ou mesmo no trabalho. Tornou-se comum, nada invasivo, perguntar sobre família, filhos, bairro onde vive, enfim. Contudo, o que parece ainda estar muito longe, é a forma correta de se abordar estas questões, pois ao se ser apresentado a um rapaz, que tenha uma aliança na mão esquerda, de imediato assumime-se saber a orientação sexual desta pessoa e segue-se: Sua esposa, ela faz o quê? Mas e se ele não tem uma “ela” e sim um outro “ele” em sua vida?
Outro dia, eu estava num café com alguns amigos e este assunto veio a tona. Então ouvi a seguinte colocação: “…Estas mesmas pessoas vivem entrem nós de forma camuflada, como se elas mesmas tivessem vergonha de suas opções. Como podemos nós, nos acostumarmos com algo que, a princípio, se auto condena?” – No momento, cheguei a pensar que por esta lógica, a abolição da escravatura não teria então acontecido, mas depois vi alguma prudência. Se as próprias pessoas, que têm uma orientação sexual diferente do que a maioria está a espera, em suas consciências, julgam-se e condenam-se a uma vida de guetos e mentiras, que culpa tem o resto?
Entretanto , uns dias depois, eu estava com uma amiga no “hall” de espera de um restaurante, onde estava mais um pequeno grupo de amigos que já lá estavam quando entramos. O chefe de sala que veio nos receber era bastante afeminado, mas parecia muito bem integrado em seu contexto. Recebeu-nos, pediu-nos para aguardar e afastou-se. Sem que eu não pudesse perceber, dois dos rapazes deste tal grupo, de uma forma pouco discreta, imitavam os trejeitos do chefe de sala, num total escracho da pessoa, como se fosse uma piada.
Mas o que havia de estranho, curioso ou engraçado com aquele empregado? Exatamente o quê, estava divertindo aqueles dois?
Então, vi-me obrigado a reavaliar as conclusões de outro dia. É mais comum, de fato, ouvirmos pessoas emitindo opiniões negativas sobre a homossexualidade do que simplesmente omitirem-se. Este comportamento perturba as pessoas deste grupo que, como qualquer outra pessoa socialmente funcional, só quer ser aceita, amada. Fazem-nas sentir diferentes e por uma forma negativa.
Não, o fato de não existir aceitação social em relação a homossexualidade, não é por falta de postura das pessoas deste grupo! Simplesmente não se aceita, devido as décadas e décadas de regras morais ridículas e preconceituosas passadas de geração para geração como se fôssemos macacos nascidos e criados num cativeiro.
Não é suposto fazer diferença em saber que fulano prefere “Y” a “X” . Não é suposto sentir-se no direito de usar das características de outro ser humano para causar diversão. Isso é desrespeitoso, deselegante e chega mesmo a ser cruel.
A homossexualidade não é uma opção. É uma condição! Não se acorda num dia e se resolve “nadar contra a maré”. A única opção que realmente vejo vinculada a este assunto, é a opção em ser feliz ou viver uma mentira.
Apesar de ainda as razões não serem conclusivas, no que diz respeito as suas causas, o único fato conclusivo que nos faz olhar para a heterossexualidade como referência, é a procriação. O resto, são conceitos. Família, marido, esposa ou companheiro são apenas títulos vinculados a pessoas, que aliás, podem ser substituídas várias vezes ao longo de nossa vida.
Na verdade, não penso ser isso que importa, pois o que conta é a conduta, o respeito para com aqueles que vivem uma situação, ponto.
A evolução continua. Já existem entre nós mulheres que outrora foram homens e homens que outrora foram mulheres e não só! Mulheres que outrora foram homens heterossexuais, com uma psicologia feminina, contudo, lésbicas.
Assim, não compete a ninguém julgar. Não é um direito, tratar outra pessoa como anormal.
A heterossexualidade não é normal, é apenas comum.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.
Todos nós estamos habituados aos protocolos de convívio social, aquele quebrar o gelo, quando conhecemos uma nova pessoa, seja na casa de alguém ou mesmo no trabalho. Tornou-se comum, nada invasivo, perguntar sobre família, filhos, bairro onde vive, enfim. Contudo, o que parece ainda estar muito longe, é a forma correta de se abordar estas questões, pois ao se ser apresentado a um rapaz, que tenha uma aliança na mão esquerda, de imediato assumime-se saber a orientação sexual desta pessoa e segue-se: Sua esposa, ela faz o quê? Mas e se ele não tem uma “ela” e sim um outro “ele” em sua vida?
Outro dia, eu estava num café com alguns amigos e este assunto veio a tona. Então ouvi a seguinte colocação: “…Estas mesmas pessoas vivem entrem nós de forma camuflada, como se elas mesmas tivessem vergonha de suas opções. Como podemos nós, nos acostumarmos com algo que, a princípio, se auto condena?” – No momento, cheguei a pensar que por esta lógica, a abolição da escravatura não teria então acontecido, mas depois vi alguma prudência. Se as próprias pessoas, que têm uma orientação sexual diferente do que a maioria está a espera, em suas consciências, julgam-se e condenam-se a uma vida de guetos e mentiras, que culpa tem o resto?
Entretanto , uns dias depois, eu estava com uma amiga no “hall” de espera de um restaurante, onde estava mais um pequeno grupo de amigos que já lá estavam quando entramos. O chefe de sala que veio nos receber era bastante afeminado, mas parecia muito bem integrado em seu contexto. Recebeu-nos, pediu-nos para aguardar e afastou-se. Sem que eu não pudesse perceber, dois dos rapazes deste tal grupo, de uma forma pouco discreta, imitavam os trejeitos do chefe de sala, num total escracho da pessoa, como se fosse uma piada.
Mas o que havia de estranho, curioso ou engraçado com aquele empregado? Exatamente o quê, estava divertindo aqueles dois?
Então, vi-me obrigado a reavaliar as conclusões de outro dia. É mais comum, de fato, ouvirmos pessoas emitindo opiniões negativas sobre a homossexualidade do que simplesmente omitirem-se. Este comportamento perturba as pessoas deste grupo que, como qualquer outra pessoa socialmente funcional, só quer ser aceita, amada. Fazem-nas sentir diferentes e por uma forma negativa.
Não, o fato de não existir aceitação social em relação a homossexualidade, não é por falta de postura das pessoas deste grupo! Simplesmente não se aceita, devido as décadas e décadas de regras morais ridículas e preconceituosas passadas de geração para geração como se fôssemos macacos nascidos e criados num cativeiro.
Não é suposto fazer diferença em saber que fulano prefere “Y” a “X” . Não é suposto sentir-se no direito de usar das características de outro ser humano para causar diversão. Isso é desrespeitoso, deselegante e chega mesmo a ser cruel.
A homossexualidade não é uma opção. É uma condição! Não se acorda num dia e se resolve “nadar contra a maré”. A única opção que realmente vejo vinculada a este assunto, é a opção em ser feliz ou viver uma mentira.
Apesar de ainda as razões não serem conclusivas, no que diz respeito as suas causas, o único fato conclusivo que nos faz olhar para a heterossexualidade como referência, é a procriação. O resto, são conceitos. Família, marido, esposa ou companheiro são apenas títulos vinculados a pessoas, que aliás, podem ser substituídas várias vezes ao longo de nossa vida.
Na verdade, não penso ser isso que importa, pois o que conta é a conduta, o respeito para com aqueles que vivem uma situação, ponto.
A evolução continua. Já existem entre nós mulheres que outrora foram homens e homens que outrora foram mulheres e não só! Mulheres que outrora foram homens heterossexuais, com uma psicologia feminina, contudo, lésbicas.
Assim, não compete a ninguém julgar. Não é um direito, tratar outra pessoa como anormal.
A heterossexualidade não é normal, é apenas comum.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.