segunda-feira, julho 24, 2006

 
Ser “peneira” da consciência alheia.

Por inúmeros fatores psicológicos, que renderiam semanas e semanas de artigos neste blog, eu desenvolvi um lado analítico de ser. Porém, este lado acabou por se unir a um outro, que lembro ter desde sempre; o de achar uma forma de me expressar.
Tenho, uma meia dúzia de pessoas na minha história que foram de suma importância para mim, mas que, hoje, ou não me toleram ou não me suportam. A questão aqui não é onde, ou com quem, está a razão. A questão, para mim, é anterior a isso, por existir o universo daqueles que não querem ouvir e o universo daqueles que querem falar. Não há um certo, não há um errado. Mas existe de certeza, uma enorme incompatibilidade entre os dois

Mas as pessoas não andam por aí com tabuletas ao pescoço, esclarecendo a qual universo pertencem e o tempo que se leva para identificar isso, por vezes, já foi o suficiente para nos ter preso a alguém, por um mar de outras razões.
Mas se nós só enxergaremos aquilo a que estejamos prontos e em condições de enxergar, adianta ter alguém nos falando algo que mais parece uma língua estrangeira? Quando vemos alguém que amamos acorrentado em dramas psicológicos aos quais sabemos ter a chave na mão para sua liberdade, devemos facultá-la então?

Não somos “peneira” da consciência de ninguém, ou seja, não podemos andar por aí querendo premeditar ou pressentir como as pessoas receberão ou reagirão ao que vamos dizer. Não só. Existe todo um compromisso com nossa própria história, com as causas naturais que nos levaram a ser a pessoa que somos hoje. Acredito que devemos respeito a esta história, consideração ao nosso próprio mérito. Por isso, quando uma situação deixa é somente a de uma esfera pessoal, desculpem-me, mas tenho minhas razões para falar!
Claro que podemos ter o cuidado e a consideração para com quem vamos dirigir nosso juízo e este, pode ser dito de várias formas e diversas intenções.

É fato que muitas pessoas precisam de um chaqualhão, de ouvir algo que as chamem a razão, de forma a saírem do marasmo em que andam e reencontrarem um caminho mais positivo para suas vidas. Mas estarão elas preparadas para aquilo que vamos dizer? Este é o preciso ponto em que temos que ter cuidado, pois ao não “peneirarmos” o que vamos falar, podemos estar a criar uma grande mágoa. Por outro lado, o que fica na “rede na peneira” pode ser exatamente o que de melhor poderíamos, como amigo, ter dado a alguém

Mas e aí? Como ficamos?

Eu, particularmente, acho que mais cruel é deixar uma pessoa seguir sua a vida equivocada, do que pô-la em frente a um espelho e fazê-la ver onde estão os pontos estratégicos. Contudo, também sei do “quão vital” é para uns, não ver este reflexo e aí, eu poderia estar provocando apenas caos na vida deste alguém.

Então, de forma a não nos despersonalisarmos, talvez precisemos aprender a detectar o tipo de sensibilidade de nosso alvo e a relevância da informação para o mesmo, bem como, aprender a ouvir as coisas de forma que elas não nos sejam tão impactantes. Ambos requerem um exercício contínuo de auto-conhecimento, respeito e amor.

Tenho uma amiga que sempre diz: Ponha mel nas sua palavras...

Tenham uma boa semana.

Eduardo Divério.

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