domingo, agosto 20, 2006
Equívocos de Sexualidade.
Somos um composto de predicados, de conceitos resumidos em rótulos. Mas serão estas palavras capazes de conter todo o universo a que elas dizem respeito? Com muita imaginação e desempenho, talvez. Contudo, eu ousaria dizer que andamos a evoluir mais rápido do que a língua, ou do que os costumes podem nos acompanhar.
Lembro-me da primeira vez em que ouvi a palavra Homossexual. Vinha na capa de uma revista, destas de fofocas de novelas: “Homossexualismo explode em Brilhante”. Lembro-me de minha tia e minha mãe lendo a aterradora novidade juntas, em pé, em frente a vitrine de uma loja. Em seguida, olharam-se com ar de espanto e como se estivessem falando de um assunto de forma truncada, de certo para que eu e meus primos não nos percebêssemos, elas questionavam qual personagem poderia ser. Fiquei sem resposta quando perguntei o que era homossexualismo, na verdade até engasgava para ler aquela palavra tão comprida.
Tudo bem, isto aconteceu do meio para o fim da década de setenta e hoje em dia, parece, as pessoas já não engasgam ou emudecem para dar o seu significado. Mas estarão elas a dar conceitos que realmente condizem com os respectivos universos?
Se formos ao dicionário, encontraremos que: Homossexualidade – define o ato sexual entre duas pessoas do mesmo sexo. Então se um homem tem relações sexuais com outro homem ele é homossexual ou está apenas cometendo um ato de homossexualidade? E se assim for, pode então um heterossexual ter apenas um ato homossexual sem que isso o defina como homossexual?
Você está pensando na palavra ‘bissexual’, certo? Pois bem, se formos ao dicionário, realmente esta palavra define o comportamento das pessoas que têm o ato sexual com outras de qualquer sexo, ou seja, independentemente de ser do gênero masculino ou feminino.
Ao meu ver, estas palavras definem apenas um ato. Contudo, vêm sendo usadas de forma indiscriminada e até errada, eu diria.
A orientação sexual de um indivíduo não se define apenas pelos seus atos sexuais. E ao meu ver, esta confusão de conceitos em choque com predicados, não é uma característica de apenas um grupo. É no mínimo irônico, ver pessoas de um grupo dito minoria, postulando, com tamanha determinação, rótulos sexuais a outras, como se nunca tivessem sentido na própria carne, o peso do preconceito, a desagradável sensação em querer que uma pessoa se module a uma idéia a qual ela não se encaixa.
Talvez faltem palavras que definam melhor os estados emocionais, expressados pela sexualidade, de forma que estas confusões não gerem mais embaraços. Mas o ser humano parece gostar de beber destes mistérios, desta falta de informação, como se o fato de não sabermos de onde viemos, ou para onde vamos, e se estamos sozinhos ou não no universo, estivesse arquetipicamente estruturado em nós.
Eu olho para o mundo e vejo pessoas heterossexuais, em paz e harmonia na forma como se realizam emocionalmente, entendendo que a figura do sexo oposto é-lhes o objecto de realização mas que, contudo, reconhecem-se eventualmente atraídas por alguém do mesmo sexo, sem a possibilidade que isso se transforme num relacionamento e se sim, que dure enquanto seja bom. Ainda, apesar de ver nisso um ato de bissexualidade, não entendo esta pessoa como bissexual.
Mas meu intuito aqui não é o de definir, pois isso parece ocorrer com bastante facilidade e autonomia entre nós. Meu intuito é o de expandir o pensamento em relação aos conceitos, de permitir sermos mais imaginativos e tolerantes com as coisas as quais nem nós mesmos, ou a ciência, dominam.
Os rótulos, como existem, não expressam mais os diversos universos psicológicos que existem entre nós. Somos uma raça em franca evolução e vai longe o tempo em que o sexo era apenas para procriação. A própria natureza dá-nos pistas, encarregando-se de deixar vestígios de evolução, como no esqueleto humano ou ainda em nossa arcada dentária.
Já passamos por muito. Entretanto, estamos sempre atrás, sempre olhando para história para entendê-la, sempre a espera que uma voz de peso venha e diga: Afinal já pode ser assim! Como se fôssemos incapazes de olharmos para nosso presente e reconhecer as mudanças, os sinais.
A orientação sexual de cada um é um assunto sério, vital. A chave da felicidade de cada indivíduo. Sejamos prudentes e abertos em relação a isso.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.
Somos um composto de predicados, de conceitos resumidos em rótulos. Mas serão estas palavras capazes de conter todo o universo a que elas dizem respeito? Com muita imaginação e desempenho, talvez. Contudo, eu ousaria dizer que andamos a evoluir mais rápido do que a língua, ou do que os costumes podem nos acompanhar.
Lembro-me da primeira vez em que ouvi a palavra Homossexual. Vinha na capa de uma revista, destas de fofocas de novelas: “Homossexualismo explode em Brilhante”. Lembro-me de minha tia e minha mãe lendo a aterradora novidade juntas, em pé, em frente a vitrine de uma loja. Em seguida, olharam-se com ar de espanto e como se estivessem falando de um assunto de forma truncada, de certo para que eu e meus primos não nos percebêssemos, elas questionavam qual personagem poderia ser. Fiquei sem resposta quando perguntei o que era homossexualismo, na verdade até engasgava para ler aquela palavra tão comprida.
Tudo bem, isto aconteceu do meio para o fim da década de setenta e hoje em dia, parece, as pessoas já não engasgam ou emudecem para dar o seu significado. Mas estarão elas a dar conceitos que realmente condizem com os respectivos universos?
Se formos ao dicionário, encontraremos que: Homossexualidade – define o ato sexual entre duas pessoas do mesmo sexo. Então se um homem tem relações sexuais com outro homem ele é homossexual ou está apenas cometendo um ato de homossexualidade? E se assim for, pode então um heterossexual ter apenas um ato homossexual sem que isso o defina como homossexual?
Você está pensando na palavra ‘bissexual’, certo? Pois bem, se formos ao dicionário, realmente esta palavra define o comportamento das pessoas que têm o ato sexual com outras de qualquer sexo, ou seja, independentemente de ser do gênero masculino ou feminino.
Ao meu ver, estas palavras definem apenas um ato. Contudo, vêm sendo usadas de forma indiscriminada e até errada, eu diria.
A orientação sexual de um indivíduo não se define apenas pelos seus atos sexuais. E ao meu ver, esta confusão de conceitos em choque com predicados, não é uma característica de apenas um grupo. É no mínimo irônico, ver pessoas de um grupo dito minoria, postulando, com tamanha determinação, rótulos sexuais a outras, como se nunca tivessem sentido na própria carne, o peso do preconceito, a desagradável sensação em querer que uma pessoa se module a uma idéia a qual ela não se encaixa.
Talvez faltem palavras que definam melhor os estados emocionais, expressados pela sexualidade, de forma que estas confusões não gerem mais embaraços. Mas o ser humano parece gostar de beber destes mistérios, desta falta de informação, como se o fato de não sabermos de onde viemos, ou para onde vamos, e se estamos sozinhos ou não no universo, estivesse arquetipicamente estruturado em nós.
Eu olho para o mundo e vejo pessoas heterossexuais, em paz e harmonia na forma como se realizam emocionalmente, entendendo que a figura do sexo oposto é-lhes o objecto de realização mas que, contudo, reconhecem-se eventualmente atraídas por alguém do mesmo sexo, sem a possibilidade que isso se transforme num relacionamento e se sim, que dure enquanto seja bom. Ainda, apesar de ver nisso um ato de bissexualidade, não entendo esta pessoa como bissexual.
Mas meu intuito aqui não é o de definir, pois isso parece ocorrer com bastante facilidade e autonomia entre nós. Meu intuito é o de expandir o pensamento em relação aos conceitos, de permitir sermos mais imaginativos e tolerantes com as coisas as quais nem nós mesmos, ou a ciência, dominam.
Os rótulos, como existem, não expressam mais os diversos universos psicológicos que existem entre nós. Somos uma raça em franca evolução e vai longe o tempo em que o sexo era apenas para procriação. A própria natureza dá-nos pistas, encarregando-se de deixar vestígios de evolução, como no esqueleto humano ou ainda em nossa arcada dentária.
Já passamos por muito. Entretanto, estamos sempre atrás, sempre olhando para história para entendê-la, sempre a espera que uma voz de peso venha e diga: Afinal já pode ser assim! Como se fôssemos incapazes de olharmos para nosso presente e reconhecer as mudanças, os sinais.
A orientação sexual de cada um é um assunto sério, vital. A chave da felicidade de cada indivíduo. Sejamos prudentes e abertos em relação a isso.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.