domingo, outubro 01, 2006

 
“Admirável Mundo Novo”

Num destes dias, eu estava assistindo a um documentário biográfico, num destes canais da Discovery. Era sobre a forma como a sociedade vem se relacionando com o clítoris e o prazer feminino ao longo da história. Entre inúmeras informações chocantes e lamentáveis, envolvendo o próprio Freud como responsável por algumas delas, a coisa que ficou girando na minha cabeça foi que apenas cerca de 30% da população feminina atinge o orgasmo.

Devido a localização do clítoris, ao qual espero que todos que estejam lendo saibam onde se localiza, se não houver uma estimulação direta, a mulher terá que contar com que as contrações musculares, de todo o plexo a volta, sejam fortes e potentes, de forma a estinulá-lo. Considerando que vivemos num mundo onde as mulheres são desencorajadas a certas práticas, não vejo como estes músculos possam se fortalecer. Logo, este 30% deve conter as ginastas olímpicas e circenses! Brincadeirinha…

Se equacionarmos o fato que um homem atinge o seu máximo sexual entre os 18 e os 20 anos e a mulher entre 38 e 40, mais a incompatibilidade anatómica em um precisar por para dentro e a outra necessitando de um “por fora”, somado ainda a disparidade de tempo para se aquecerem “as turbinas”, mais os unicamente femininos orgasmos múltiplos (depois do choque dos 30%, os múltiplos andaram em qual percentagem?) com o tal do “depois”, que elas não entendem que precisamos dormir, fica difícil, com tanta incompatibilidade, não concordar com a igreja em que um pénis e uma vagina apenas deveriam se encontrar para procriação. Claro que estou indo a extremos e sendo muito nada politicamente correto, mas sigam comigo.
Depois da bizarra história em que tive contato, sobre a forma como o corpo e o prazer da mulher têm sido tratados, fica difícil acreditar na posição do missionário, em Freud com pai de alguma coisa e que duas pessoas aguentem por muito tempo, felizes, esta convivência… Laboral, eu diria.

Deixe-me ser um pouco mais subversivo, afinal, isto é só um texto e não um manifesto, impresso e espalhado como um panfletim pelas ruas da aldeia sob a luz de lamparinas de querosene.

As zonas mais erógenas do homem estão situadas no ânus e extremidade final do pênis, a glande. As zonas mais erógenas da mulher também contém a zona anal, para além do clítoris e os mamilos. Se pensarmos numa relação de acesso diretamente proporcional ao prazer, quem vos parece ser mais sucedido: Um casal Homo ou um casal Hétero? Pensem no funcionamento do vosso corpo, as sensações aos estímulos e algo muito semelhante a isso é o que um parceiro proporciona ao outro numa relação homo e já não posso mais comparar o resto.

Hum, talvez procriação e o prazer não sejam nem familiares. Mas você deve estar se perguntando o que seria do mundo? Bem, primeiro esta pergunta só surge porque vem com referencia ao modelo que se conhece e aí, claro, fica confuso. Mas imaginemos que a estória da serpente foi mesmo safadeza e que Adão comeu Eva e a maçã de sobresa ou seja, e se assim como dezenas de anos com mulheres mutiladas e proibidas de terem prazer, nossa sociedade fundou-se sobre falsos valores?

Se pensarmos no arquétipo de família, já que trouxe Adão e Eva ao assunto, fica difícil não falar de incesto (Aquela maçã era mesmo do babado…), mas mesmo sendo isso um fato bíblico, é algo que não falamos, pior! Negamos.

Mas se o ser humano é mesmo livre e sexualidade nada tem a ver com procriação, que nada tem a ver com casamento e menos ainda uma família? Por que “XX” e “XY” não poderiam ser responsáveis pela criação de um outro “X?”, sem que tivessem que viver na mesma casa, com todas as incompatibilidades e de uma forma que seja “até que a morte os separe”, enquanto seguissem vivendo entre “X?” + “X?”?

Se Judas e Madalena, em seus respectivos evangelhos, são descritos como as pessoas mais próximas de Jesus, mesmo mais do que o próprio primeiro chefe da igreja Católica, e ainda sim, por nós, continuam a ser um traidor e uma meretriz, será que as mulheres merecem mesmo ter orgasmo?

Elas merecem, tanto quanto o ser humano deveria ser livre para viver a forma como se sente atraído pelo sexo, vivendo sua sexualidade, sem que “ter” que assim ou assado. Vivemos entalados e oprimidos num mundo cheio de regras e preconceitos que as pessoas seguem de forma cega, julgando e condenando aqueles que fogem a estes supostos moldes. Mas a pessoas que fugem a estes supostos moldes são humanas e não acho e escolham viver assim porque gostam de ser rejeitadas ou oprimidas e então por que são elas assim?

Quanto tempo mais as pessoas em geral precisam para encheragar que tdodo o comportamento é fruto de uma mesma biologia, de uma raça e que portanto aceitar não deveria nem ser uma opção? O que fazemos com os fatos que descobrimos e as percentagens que nos são reveladas? Suas filhas serão mães e seus filhos pais. E estes, mães de esposas e maridos e outras mães e pais, bem, claro isso tudo se sobreviverem ao aquecimento global e as consquencias que advém dele, mas não é este também um assunto que, em via de regra, viramos as costas?

Custa-me ver que a mesma mente que envia um foguete à lua e o traz de volta, com precisão matemática, seja tão ignorante no que toca nossa prórpia natureza.

Desejo a todos uma boa semana.

Eduardo Divério.

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