sábado, setembro 16, 2006
Bodas de Açucar
Durante uns aperitivos, na casa de um amigo, seu partner perguntou a quanto tempo nós estávamos juntos e lembro-me de ter respondido algo como dois anos e meio, ao que ele disse: “…Quem completa três, chega aos cinco, mas nunca ultrapassa os seis.”
Lembro-me que ouvi aquilo com um peso profético. Cheguei mesmo a perder um pouco da postura, não só por ser um comentário pouco delicado, mas por ter passado em procura mental, muito rapidamente, quantos casais eu conheceria que estavam juntos e não me ocorria ninguém que fugisse a tal praga!
Digamos que a probabilidade desta “profecia” ser verdadeira, tem se revelado, empiricamente, bastante alta. Mas o que acontece? Que estranho limite cósmico é este? Será por isso que o sexto ano de casamento é chamado de Bodas de Açúcar? Este casal de amigos separou-se no mesmo ano.
Tenho um pouco de dificuldade em perceber os relatos de casamentos que se desfizeram ao fim de 10, 16, 18 anos e sete meses! Gente, quanto mais tempo precisariam eles para perceber que não eram felizes? Há quanto tempo estavam em luta para tentarem se manter ou, se durante tanto tempo conseguiram gerenciar as diferenças, o que os conduziu ao derradeiro desenlace? Cansaço?
De qualquer forma, as uniões em geral parecem durar menos tempo do que estávamos habituados. Bem, eu tive a oportunidade de estar na festa de Bodas de Ouro de meus avós e meus pais já comemoraram Bodas de Prata Dourada! Mas parece que estas festas são privilégio das gerações anteriores.
Mas então, por que hoje isso dura tão pouco tempo? Penso que não há muito sentido em se juntar com alguém se não for para que seja bom. Logo, se uma união cair numa rotina desenfreada e num marasmo sexual, a tendência será buscar antídoto, ou complemento, a isso. Infelizmente, é sempre mais fácil criar do que manter e uma novidade, sempre traz e acrescenta muito mais as nossas vidas. Isso, talvez explique, mas não justifica, mesmo porquê, provavelmente o casal vai se separar por consequência de tal antídoto, de tais consequências e não porque sua relação já estava falida.
Se a geração de meus avós e a de meus pais parece ir se “aguentando”, o que faculta esta intolerância nos nossos tempos?
Os casais heterossexuais foram estremecidos às bases com a revolução feminina. Quanto mais as mulheres se auto afirmavam como seres humanos capazes, profissionais competentes de peso num mercado, mais elas deixaram apenas de ser domésticas pedagogas numa rotina silenciosa, machista e quase muçulmana. Lentamente, esta estrutura vem caindo por terra e um autêntico duelo de Titãs é o que se pode ver.
Por sua vez, os casais homossexuais, “Titãs” por natureza, têm a tendência em constituírem suas relações com moldes trazidos da infância, ou seja, com muitas figurações associadas ao sexo oposto, o que dificulta a adaptação interior, o assentar psicológico como parceiro, numa possível confusão de papéis a desempenhar e/ou a espera de se ver desempenhado. Não só, a própria dita revolução feminina, veio confundir mais ainda estas figuras, onde o feminino e o masculino, aos poucos, só se diferenciam na anatomia.
Este grupo não ter arquétipos de apoio para alusões psicológicas aos estados emocionais das pessoas, frente a possibilidade de viver o amor, é preciso entendermos o que os move e quais as “personagens” em questão. Não existe uma gata borralheira gay e nem uma fábula ou mito, popular o suficiente, que possa gerar um padrão, uma norma de análise e de arranque.
Mas talvez a resposta não esteja na orientação sexual. Haverá, obviamente, atenuantes e agravantes relacionadas aos grupos. Contudo, depois da grande explosão de exercício do ego, iniciado na década de 80, eu arrisco a começar em justificar por aí.
O exercício do EU quero que seja assim; EU não quero que faças isso; EU quero ser entendido; EU preciso do meu espaço; EU tenho as minhas necessidades, pode ter revoltado a “Cinderela que existe em nós” de uma tal forma, que provavelmente ela não quis mais fazer limpezas! Mas com isso quero dizer que nas últimas décadas, temos nos afastado do costume, do hábito de se pensar em “NÓS” e até “NELES”. Ok, é verdade que era necessário. É verdade que foi libertador, mas nem tanto ao céu, nem tanto à terra!
Na minha opinião, amor, por si só, não mantém uma relação. Pensem lá em todas as pessoas que vocês ouviram, no passado, dizerem que os amavam. Onde estão agora? Mas talvez eu esteja abrindo um mau precedente aqui. Deixe-me corrigir. Eu acredito que o amor é um sentimento que se alimenta, que se exercita. Logo, se não houver uma psicologia aplicada que saiba reconhecer, trabalhar, amadurecer na relação, o alimento são chegará a tempo e o amor faltará, aí, como razão para este relacionamento não continuar. Neste âmbito, sim, o amor é a razão para se manter uma união. Mas ele, o amor, não é auto-suficiente ou sequer tem o poder de surgir e sumir assim, como o ligar ou desligar de uma lâmpada.
Então, este processo de “alimentação” é que deve ser claro e não tratado como uma questão óbvia, absoluta, na qual tem sido nada clara a confundida com “amar é tudo”. Alguém que desmembre este verbo intransitivo sem que seja em prosa ou verso, por favor!?
Amor é o sentimento, a fragrância. Amar, é cuidar, ouvir, respeitar, esperar (no sentido de retorno), ser grato e principalmente, desejar que dure, desejar que seja sempre bom para se que tenha motivação para o exercício, afinal, até mesmo a Cinderela teve direito a baile, roupas finas, criadagem e beijo na boca.
Este texto é dedicado ao sexto ano de casamento que completei.
Boa semana a todos.
Eduardo Divério.
Durante uns aperitivos, na casa de um amigo, seu partner perguntou a quanto tempo nós estávamos juntos e lembro-me de ter respondido algo como dois anos e meio, ao que ele disse: “…Quem completa três, chega aos cinco, mas nunca ultrapassa os seis.”
Lembro-me que ouvi aquilo com um peso profético. Cheguei mesmo a perder um pouco da postura, não só por ser um comentário pouco delicado, mas por ter passado em procura mental, muito rapidamente, quantos casais eu conheceria que estavam juntos e não me ocorria ninguém que fugisse a tal praga!
Digamos que a probabilidade desta “profecia” ser verdadeira, tem se revelado, empiricamente, bastante alta. Mas o que acontece? Que estranho limite cósmico é este? Será por isso que o sexto ano de casamento é chamado de Bodas de Açúcar? Este casal de amigos separou-se no mesmo ano.
Tenho um pouco de dificuldade em perceber os relatos de casamentos que se desfizeram ao fim de 10, 16, 18 anos e sete meses! Gente, quanto mais tempo precisariam eles para perceber que não eram felizes? Há quanto tempo estavam em luta para tentarem se manter ou, se durante tanto tempo conseguiram gerenciar as diferenças, o que os conduziu ao derradeiro desenlace? Cansaço?
De qualquer forma, as uniões em geral parecem durar menos tempo do que estávamos habituados. Bem, eu tive a oportunidade de estar na festa de Bodas de Ouro de meus avós e meus pais já comemoraram Bodas de Prata Dourada! Mas parece que estas festas são privilégio das gerações anteriores.
Mas então, por que hoje isso dura tão pouco tempo? Penso que não há muito sentido em se juntar com alguém se não for para que seja bom. Logo, se uma união cair numa rotina desenfreada e num marasmo sexual, a tendência será buscar antídoto, ou complemento, a isso. Infelizmente, é sempre mais fácil criar do que manter e uma novidade, sempre traz e acrescenta muito mais as nossas vidas. Isso, talvez explique, mas não justifica, mesmo porquê, provavelmente o casal vai se separar por consequência de tal antídoto, de tais consequências e não porque sua relação já estava falida.
Se a geração de meus avós e a de meus pais parece ir se “aguentando”, o que faculta esta intolerância nos nossos tempos?
Os casais heterossexuais foram estremecidos às bases com a revolução feminina. Quanto mais as mulheres se auto afirmavam como seres humanos capazes, profissionais competentes de peso num mercado, mais elas deixaram apenas de ser domésticas pedagogas numa rotina silenciosa, machista e quase muçulmana. Lentamente, esta estrutura vem caindo por terra e um autêntico duelo de Titãs é o que se pode ver.
Por sua vez, os casais homossexuais, “Titãs” por natureza, têm a tendência em constituírem suas relações com moldes trazidos da infância, ou seja, com muitas figurações associadas ao sexo oposto, o que dificulta a adaptação interior, o assentar psicológico como parceiro, numa possível confusão de papéis a desempenhar e/ou a espera de se ver desempenhado. Não só, a própria dita revolução feminina, veio confundir mais ainda estas figuras, onde o feminino e o masculino, aos poucos, só se diferenciam na anatomia.
Este grupo não ter arquétipos de apoio para alusões psicológicas aos estados emocionais das pessoas, frente a possibilidade de viver o amor, é preciso entendermos o que os move e quais as “personagens” em questão. Não existe uma gata borralheira gay e nem uma fábula ou mito, popular o suficiente, que possa gerar um padrão, uma norma de análise e de arranque.
Mas talvez a resposta não esteja na orientação sexual. Haverá, obviamente, atenuantes e agravantes relacionadas aos grupos. Contudo, depois da grande explosão de exercício do ego, iniciado na década de 80, eu arrisco a começar em justificar por aí.
O exercício do EU quero que seja assim; EU não quero que faças isso; EU quero ser entendido; EU preciso do meu espaço; EU tenho as minhas necessidades, pode ter revoltado a “Cinderela que existe em nós” de uma tal forma, que provavelmente ela não quis mais fazer limpezas! Mas com isso quero dizer que nas últimas décadas, temos nos afastado do costume, do hábito de se pensar em “NÓS” e até “NELES”. Ok, é verdade que era necessário. É verdade que foi libertador, mas nem tanto ao céu, nem tanto à terra!
Na minha opinião, amor, por si só, não mantém uma relação. Pensem lá em todas as pessoas que vocês ouviram, no passado, dizerem que os amavam. Onde estão agora? Mas talvez eu esteja abrindo um mau precedente aqui. Deixe-me corrigir. Eu acredito que o amor é um sentimento que se alimenta, que se exercita. Logo, se não houver uma psicologia aplicada que saiba reconhecer, trabalhar, amadurecer na relação, o alimento são chegará a tempo e o amor faltará, aí, como razão para este relacionamento não continuar. Neste âmbito, sim, o amor é a razão para se manter uma união. Mas ele, o amor, não é auto-suficiente ou sequer tem o poder de surgir e sumir assim, como o ligar ou desligar de uma lâmpada.
Então, este processo de “alimentação” é que deve ser claro e não tratado como uma questão óbvia, absoluta, na qual tem sido nada clara a confundida com “amar é tudo”. Alguém que desmembre este verbo intransitivo sem que seja em prosa ou verso, por favor!?
Amor é o sentimento, a fragrância. Amar, é cuidar, ouvir, respeitar, esperar (no sentido de retorno), ser grato e principalmente, desejar que dure, desejar que seja sempre bom para se que tenha motivação para o exercício, afinal, até mesmo a Cinderela teve direito a baile, roupas finas, criadagem e beijo na boca.
Este texto é dedicado ao sexto ano de casamento que completei.
Boa semana a todos.
Eduardo Divério.
Comments:
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Amigo!!!Estou atrasada nesta onda de blog, agora que me toquei dos 6 anos de casamento! Parabens!!!!!!!!!Que vcs possam estar juntos "soon"
bjs
elis
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bjs
elis
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