domingo, setembro 03, 2006
Enlatado Americano para iludir Brasileiro
Semana passada eu fui assistir ao filme Ask the Dust. Esta produção, que na minha opinião até prometia ser um bom filme, revelou-se numa penosa experiência onde, não só me senti cansado como aflito, pelo trabalho ter sido tão mal feito.
Mas esta pequena introdução não é para atacar a Cruise/Wagner produtora ou ainda a Paramount Classics. É que, da esperança de ainda poder existir algo no cinema americano que possa ser visto, surgiu esta grande decepção e então ocorreu-me o porquê cada vez mais, eu estou mais desgostoso com esta indústria.
O cinema não precisa ser sempre maravilhoso e “cabeça”, afinal, nada como um bom entretenimento. Algo mesmo banal que nos afaste do dia-a-dia e nos projete em fantasiosas situações. Perseguições, tiroteios, naves intergaláticas, enfim, seja o que for, fica sempre bem justificado neste universo.
Mas quando o cinema resolve querer dar um ar em que “a arte imita a vida” e esta é mesmo a proposta artística de tal película, o buraco parece-me ser mais abaixo! Esta nação ganha longe em tudo o que pode ser de mais incorreto em comportamentos!
Personagens que representam pessoas comuns ameaçam a vida a outros, com frases densas, facas, armas de fogo e ou com planos mirabolantes de vingança. A frequência com que as personagens parecem resolver seus problemas simplesmente matando alguém, ou ainda, mostrando uma mega determinação em executar um plano de vingança e sequestro, impressiona! Fazem de tudo e mais um pouco ao volante de um carro e criam diálogos de pura troca de ofensas raciais e religiosas! O exercício do mau gosto e falta de respeito para com outros.
Já notaram que os filmes que andam aí são autênticas “receitas de bolo” e que suas mensagens nada trazem ou contribuem para a vida de alguém? Um entretenimento neurótico e doentio, eu digo! Encontrar lazer e prazer em sistemáticas estórias onde o respeito pelo ser humano, e por outras nações, não existe, é lamentável e infeliz. Nunca alimentei o cliché do cinema de circuito comercial não prestar, sempre o encarei como uma via, um estilo. Contudo, sempre existe responsabilidade naquilo o que se faz.
Na pequena tela, por exemplo, Despered House Wives, uma das mais célebres e mediáticas séries do momento que agora invadem nossos lares com suas intrigas. Uma rua que serve de cenário para quatro mulheres, e suas respectivas famílias, que protagonizam o suposto quotidiano de suas vidas num subúrbio americano de classe média-alta. Com muito humor, é verdade, tenho visto e ouvido a um verdadeiro show de insultos! Cinismo, vingança e morte são as intrigas base. Mas o que há de errado conosco?
A escolha é sempre nossa. Talvez precisamos aprender a ser mais críticos com o que nos permitimos assistir, com aquilo a que permitimos que nossas ondas cerebrais vibrem. Não me parece má ideia zelar coerentemente pelas idéias as quais, pelo menos, deveríamos exercitar mais entre os seres humanos.
Agora, tão pouco tempo depois dos atentados de 11 de Setembro, já temos dois filmes sobre o assunto. O vôo 93 e a estória protagonizada por Nicolas Cage de um bombeiro que sobrevive ao acidente, ou algo por esta linha! Imagino o festival de absurdos que virão daí!
Lembro-me de quando eu era pequeno. Ansiávamos pela estreia em televisão de um filme, que havia estado no cinema tipo 6, 8 anos atrás, e que lá pelas tantas, meu pai levantava-se, desistindo da sessão a dizer:
“_ Eah! Enlatado americano para iludir brasileiro!”
Imagino que fosse uma alusão ao fato de os Estados Unidos ter estado em grande na exportação de produtos enlatados entre as décadas de 50 e 60. De qualquer forma, já lá atrás no tempo, parece que seus produtos já tinham fama…
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.
Semana passada eu fui assistir ao filme Ask the Dust. Esta produção, que na minha opinião até prometia ser um bom filme, revelou-se numa penosa experiência onde, não só me senti cansado como aflito, pelo trabalho ter sido tão mal feito.
Mas esta pequena introdução não é para atacar a Cruise/Wagner produtora ou ainda a Paramount Classics. É que, da esperança de ainda poder existir algo no cinema americano que possa ser visto, surgiu esta grande decepção e então ocorreu-me o porquê cada vez mais, eu estou mais desgostoso com esta indústria.
O cinema não precisa ser sempre maravilhoso e “cabeça”, afinal, nada como um bom entretenimento. Algo mesmo banal que nos afaste do dia-a-dia e nos projete em fantasiosas situações. Perseguições, tiroteios, naves intergaláticas, enfim, seja o que for, fica sempre bem justificado neste universo.
Mas quando o cinema resolve querer dar um ar em que “a arte imita a vida” e esta é mesmo a proposta artística de tal película, o buraco parece-me ser mais abaixo! Esta nação ganha longe em tudo o que pode ser de mais incorreto em comportamentos!
Personagens que representam pessoas comuns ameaçam a vida a outros, com frases densas, facas, armas de fogo e ou com planos mirabolantes de vingança. A frequência com que as personagens parecem resolver seus problemas simplesmente matando alguém, ou ainda, mostrando uma mega determinação em executar um plano de vingança e sequestro, impressiona! Fazem de tudo e mais um pouco ao volante de um carro e criam diálogos de pura troca de ofensas raciais e religiosas! O exercício do mau gosto e falta de respeito para com outros.
Já notaram que os filmes que andam aí são autênticas “receitas de bolo” e que suas mensagens nada trazem ou contribuem para a vida de alguém? Um entretenimento neurótico e doentio, eu digo! Encontrar lazer e prazer em sistemáticas estórias onde o respeito pelo ser humano, e por outras nações, não existe, é lamentável e infeliz. Nunca alimentei o cliché do cinema de circuito comercial não prestar, sempre o encarei como uma via, um estilo. Contudo, sempre existe responsabilidade naquilo o que se faz.
Na pequena tela, por exemplo, Despered House Wives, uma das mais célebres e mediáticas séries do momento que agora invadem nossos lares com suas intrigas. Uma rua que serve de cenário para quatro mulheres, e suas respectivas famílias, que protagonizam o suposto quotidiano de suas vidas num subúrbio americano de classe média-alta. Com muito humor, é verdade, tenho visto e ouvido a um verdadeiro show de insultos! Cinismo, vingança e morte são as intrigas base. Mas o que há de errado conosco?
A escolha é sempre nossa. Talvez precisamos aprender a ser mais críticos com o que nos permitimos assistir, com aquilo a que permitimos que nossas ondas cerebrais vibrem. Não me parece má ideia zelar coerentemente pelas idéias as quais, pelo menos, deveríamos exercitar mais entre os seres humanos.
Agora, tão pouco tempo depois dos atentados de 11 de Setembro, já temos dois filmes sobre o assunto. O vôo 93 e a estória protagonizada por Nicolas Cage de um bombeiro que sobrevive ao acidente, ou algo por esta linha! Imagino o festival de absurdos que virão daí!
Lembro-me de quando eu era pequeno. Ansiávamos pela estreia em televisão de um filme, que havia estado no cinema tipo 6, 8 anos atrás, e que lá pelas tantas, meu pai levantava-se, desistindo da sessão a dizer:
“_ Eah! Enlatado americano para iludir brasileiro!”
Imagino que fosse uma alusão ao fato de os Estados Unidos ter estado em grande na exportação de produtos enlatados entre as décadas de 50 e 60. De qualquer forma, já lá atrás no tempo, parece que seus produtos já tinham fama…
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.