segunda-feira, outubro 23, 2006
Fidelidade
A palavra fidelidade é um sinônimo da palavra lealdade. Porém, é mais comum ser usada com referência à relações íntimas. Bem, nos tempos de hoje, talvez seja melhor dizer: Nas relações íntimas de união, casal.
Eu tenho andado por cá a falar de sexo, família, sexualidade de uma forma pouca ortodoxa e imagino que todos tenham uma breve suspeita do que eu pense sobre a fidelidade. Vejo como uma das qualidades mais discutidas e exigidas do ser humano. Mesmo os que não são capazes de se manter fiéis, brigam e argumentam a favor da fidelidade. Por isso, não vou fazer nenhum discurso directo à monogamia.
Entendo que pelo percurso, seguindo pela história psicológica do homem, que pela forma que nossas sociedades estão habituadas a viver, esta características tenha o seu lugar e com destaque. O que não nos impede de salientar alguns pequenos detalhes…
Penso que se eu estivesse casado com alguém por 10 anos, sei lá, 13 anos e 8 meses e pela primeira vez eu tivesse tido sexo com uma terceira pessoa e por isso meu casamento estivesse na iminência de acabar, eu é que acabaria com ele! Ao fim de todos estes anos ao lado, suportando, aguentando, dando, mantendo, construindo, adquirindo, tudo vai ao ralo por causa de uma trepada? Espera aí!
Não aceitaria ser tratado como um pênis gigante! Sim, porque não interessaria o ser humano que teria sido, pai, marido. Importaria que eu gozei no lugar errado. Como se meu corpo não mais me pertencesse! Ok, vão dizer que não é só pelo ato sexual em si e sim, pela mentira, pela traição, pois abala a confiança. E aí terei mesmo que dar a razão e por quê?
Um homem e uma mulher funcionam de uma forma bem diferente e com raras excessões, o ato sexual entre eles é o seguimento de muita conversa, alguns drinks e de intimidade. Realmente, não se está mais aqui falando de sexo e sim de um relacionamento.
Bem, mas e as pessoas que não se dão ao desfrute de correr o risco de deixar crescer esta intimidade e apenas recorrem a um rápido encontro com alguém que não se sabe o nome; não estão elas praticamente a fazer o que fazem quando se masturbam?
Eu até vejo que a fidelidade entre um homem e uma mulher ajudar a manter o sexo entre os dois. Porém, questiono se de uma forma saudável, pois, se por princípio ele só faz sexo com ela e ela com ele, ao fim de alguns dias sem, alguém vai ter que procurar alguém. O “vai ter que” aqui, é que me incomoda. Estarão eles fazendo amor? Isso cheira-me tanto as primícias católicas em que sexo só é válido se tiver recebido o sacramento do matrimónio, mesmo que tenha sido por dinheiro.
Também vejo que pela forma como a sociedade está montada, por uma questão de modelo, família, crianças, enfim, a fidelidade acaba por trazer uma certa estabilidade. Contudo, apesar de reconhecer esta estabilidade, não a postulo como o nirvana do casal, apenas parece-me lógico ser uma boa estratégia, uma escolha. Talvez por isso eu me morda tanto com isso, com a velha mania da maioria, em que temos que seguir o que eles escolheram como “melhor opção”!
Mas já que falei na fidelidade entre um homem e uma mulher, e assim o falei porque de fato distingo do sexo entre pessoas do mesmo sexo, deixe-me falar do não comum. Sou mil por cento a favor da igualdade de direito entre os sexos, mas não me venham com a ladainha que um homem e uma mulher sentem o mundo da mesma forma e têm as mesmas necessidades! Ple-a-se!
Voltando…
Eu, e apenas como EU vejo, não acredito na monogamia entre um casal gay. Não acho sadia, sequer verdadeira. Tirando algumas fases e ou, algumas caixas de Depaquene, tudo acaba por ocorrer da mesma forma.
Como já referi muitas vezes, a comunidade gay atravessa um momento de construção nas páginas da história. Continuam vindo de uma forte formação heterossexual onde não se falava em possíveis diferentes modelos e vejo homens confusos com seus papéis dentro da relação, sem reconhecerem que são duas pessoas de mesmas características psíquicas, construindo uma relação, onde não existe moldes precedentes, daí a usarem o molde hétero. Terrível equívoco.
A fidelidade para mim está no compromisso do relacionamento, das coisas que se trocam enquanto casal. Confiar na natureza e no caráter da outra pessoa, sabendo que onde quer que ela vá, o que quer que ela faça, saberá fazê-lo de forma a voltar para casa com as mesmas certezas com que saiu.
Fidelidade sexual não impede ninguém de se envolver com outra pessoa, aliás, não impede que exista um relacionamento muito mais forte, honesto e leal com outra! Nossa, arrepiei-me agora em pensar na quantidade de pessoas que vivem enganadas no planeta, mas certa de suas bandeiras...
Concluindo, acho válido que a fidelidade seja um exercício fruto de uma escolha, onde ninguém vive uma pressão ou uma mentira. Não posso é tolerar a exigência deste comportamento, simplesmente por este representar a falsa idéia de respeito a união do casal, dos dois em um, porque o que de fato transforma os dois em um não é o sexo. Como eu sinto, é o amor e nem namorados estas duas, três, quatro pessoas precisam ser.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.
A palavra fidelidade é um sinônimo da palavra lealdade. Porém, é mais comum ser usada com referência à relações íntimas. Bem, nos tempos de hoje, talvez seja melhor dizer: Nas relações íntimas de união, casal.
Eu tenho andado por cá a falar de sexo, família, sexualidade de uma forma pouca ortodoxa e imagino que todos tenham uma breve suspeita do que eu pense sobre a fidelidade. Vejo como uma das qualidades mais discutidas e exigidas do ser humano. Mesmo os que não são capazes de se manter fiéis, brigam e argumentam a favor da fidelidade. Por isso, não vou fazer nenhum discurso directo à monogamia.
Entendo que pelo percurso, seguindo pela história psicológica do homem, que pela forma que nossas sociedades estão habituadas a viver, esta características tenha o seu lugar e com destaque. O que não nos impede de salientar alguns pequenos detalhes…
Penso que se eu estivesse casado com alguém por 10 anos, sei lá, 13 anos e 8 meses e pela primeira vez eu tivesse tido sexo com uma terceira pessoa e por isso meu casamento estivesse na iminência de acabar, eu é que acabaria com ele! Ao fim de todos estes anos ao lado, suportando, aguentando, dando, mantendo, construindo, adquirindo, tudo vai ao ralo por causa de uma trepada? Espera aí!
Não aceitaria ser tratado como um pênis gigante! Sim, porque não interessaria o ser humano que teria sido, pai, marido. Importaria que eu gozei no lugar errado. Como se meu corpo não mais me pertencesse! Ok, vão dizer que não é só pelo ato sexual em si e sim, pela mentira, pela traição, pois abala a confiança. E aí terei mesmo que dar a razão e por quê?
Um homem e uma mulher funcionam de uma forma bem diferente e com raras excessões, o ato sexual entre eles é o seguimento de muita conversa, alguns drinks e de intimidade. Realmente, não se está mais aqui falando de sexo e sim de um relacionamento.
Bem, mas e as pessoas que não se dão ao desfrute de correr o risco de deixar crescer esta intimidade e apenas recorrem a um rápido encontro com alguém que não se sabe o nome; não estão elas praticamente a fazer o que fazem quando se masturbam?
Eu até vejo que a fidelidade entre um homem e uma mulher ajudar a manter o sexo entre os dois. Porém, questiono se de uma forma saudável, pois, se por princípio ele só faz sexo com ela e ela com ele, ao fim de alguns dias sem, alguém vai ter que procurar alguém. O “vai ter que” aqui, é que me incomoda. Estarão eles fazendo amor? Isso cheira-me tanto as primícias católicas em que sexo só é válido se tiver recebido o sacramento do matrimónio, mesmo que tenha sido por dinheiro.
Também vejo que pela forma como a sociedade está montada, por uma questão de modelo, família, crianças, enfim, a fidelidade acaba por trazer uma certa estabilidade. Contudo, apesar de reconhecer esta estabilidade, não a postulo como o nirvana do casal, apenas parece-me lógico ser uma boa estratégia, uma escolha. Talvez por isso eu me morda tanto com isso, com a velha mania da maioria, em que temos que seguir o que eles escolheram como “melhor opção”!
Mas já que falei na fidelidade entre um homem e uma mulher, e assim o falei porque de fato distingo do sexo entre pessoas do mesmo sexo, deixe-me falar do não comum. Sou mil por cento a favor da igualdade de direito entre os sexos, mas não me venham com a ladainha que um homem e uma mulher sentem o mundo da mesma forma e têm as mesmas necessidades! Ple-a-se!
Voltando…
Eu, e apenas como EU vejo, não acredito na monogamia entre um casal gay. Não acho sadia, sequer verdadeira. Tirando algumas fases e ou, algumas caixas de Depaquene, tudo acaba por ocorrer da mesma forma.
Como já referi muitas vezes, a comunidade gay atravessa um momento de construção nas páginas da história. Continuam vindo de uma forte formação heterossexual onde não se falava em possíveis diferentes modelos e vejo homens confusos com seus papéis dentro da relação, sem reconhecerem que são duas pessoas de mesmas características psíquicas, construindo uma relação, onde não existe moldes precedentes, daí a usarem o molde hétero. Terrível equívoco.
A fidelidade para mim está no compromisso do relacionamento, das coisas que se trocam enquanto casal. Confiar na natureza e no caráter da outra pessoa, sabendo que onde quer que ela vá, o que quer que ela faça, saberá fazê-lo de forma a voltar para casa com as mesmas certezas com que saiu.
Fidelidade sexual não impede ninguém de se envolver com outra pessoa, aliás, não impede que exista um relacionamento muito mais forte, honesto e leal com outra! Nossa, arrepiei-me agora em pensar na quantidade de pessoas que vivem enganadas no planeta, mas certa de suas bandeiras...
Concluindo, acho válido que a fidelidade seja um exercício fruto de uma escolha, onde ninguém vive uma pressão ou uma mentira. Não posso é tolerar a exigência deste comportamento, simplesmente por este representar a falsa idéia de respeito a união do casal, dos dois em um, porque o que de fato transforma os dois em um não é o sexo. Como eu sinto, é o amor e nem namorados estas duas, três, quatro pessoas precisam ser.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.