segunda-feira, novembro 13, 2006
A formiguinha no trem
Não, isto é não uma estória infantil e nem um assunto temático para aulas elementares de algum curso de língua estrangeira. É que esta semana eu estava no trem para Cascais quando vi esta formiguinha, destas pimentinhas (ardedeira, gosto mais), na guarda no acento a minha frente. Meu primeiro pensamento foi esmigalhá-la, mas não num ato de pura maldade, na verdade senti compaixão, pois como ela se alimentaria ali?
Mas enquanto pensava em poupar-lhe de morrer de subnutrição ocorreu-me que de alguma forma ela teria ali chegado, numa estranha probabilidade. Talvez tenha caído na roupa de alguém ou talvez ainda, ela estivesse num galho dessas mudinhas que as “avós” transportam de um lugar para outro, quem sabe? Depois pensei o quão irônico era o fato daquele pequenino ser, que consegue carregar algo até cinco vezes mais pesado do o que o seu próprio peso, estar ali, tão frágil, podendo ser emigalgada a qualquer momento.
Foi difícll não ser pego por autônomas lembranças e sensações que povoaram minha cabeça. Quantas vezes nós embarcamos de forma desavisada em “viagens” para lugares que sequer sabemos onde ficam? Quão longa pode se tornar estas viagens de forma que vamos esmorecendo e perdendo nossas forças, pouco a pouco, da mesma desavisada forma que embarcamos em tal jornada?
Bem, criar metáforas de mudanças relacionas com viagens em minha vida é deveras reduntante e nada original, mas o fato é que as exigências estão aí e é necessário que saibamos, por vezes, em qual estação devemos descer e quiça, atravessar a linha e retornar a estação de origem.
Coincidentemente, enquanto estava mergulhado nos meus pensamentos, a formiga passou da cadeira para as costas do passageiro que ali se sentou e desceram na mesma estação que eu. Eu e a formiga nos perdemos de vista e provavelmente eu nunca mais a verei, e se visse acho que não a reconheceria, mas senti uma espécie de alívio, não só, eu diria que me senti mesmo revigorado, pois afinal, novamente contra pequenas probabalidades, elas tinha saído do trem.
E isso fez pensar nas várias reviravoltas que nossas vidas podem dar. Em todos os momentos em que já havia me sentido “sem saída” e que apesar de tudo, de uma forma ou outra, tinha ali chegado, àquela estação.
O texto desta semana é dedicado a todos que estejam passando por situações delicadas, difíceis, em que o futuro não pareça muito estimulante ou favorável. Estou certo que todos, de uma forma ou de outra, entendem o que quero dizer. Haverá sempre uma estação para se desembercar, talvez não seja a que tenhamos escolhido à priori, mas de certo, há sempre de ser uma opção e uma saída.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Não, isto é não uma estória infantil e nem um assunto temático para aulas elementares de algum curso de língua estrangeira. É que esta semana eu estava no trem para Cascais quando vi esta formiguinha, destas pimentinhas (ardedeira, gosto mais), na guarda no acento a minha frente. Meu primeiro pensamento foi esmigalhá-la, mas não num ato de pura maldade, na verdade senti compaixão, pois como ela se alimentaria ali?
Mas enquanto pensava em poupar-lhe de morrer de subnutrição ocorreu-me que de alguma forma ela teria ali chegado, numa estranha probabilidade. Talvez tenha caído na roupa de alguém ou talvez ainda, ela estivesse num galho dessas mudinhas que as “avós” transportam de um lugar para outro, quem sabe? Depois pensei o quão irônico era o fato daquele pequenino ser, que consegue carregar algo até cinco vezes mais pesado do o que o seu próprio peso, estar ali, tão frágil, podendo ser emigalgada a qualquer momento.
Foi difícll não ser pego por autônomas lembranças e sensações que povoaram minha cabeça. Quantas vezes nós embarcamos de forma desavisada em “viagens” para lugares que sequer sabemos onde ficam? Quão longa pode se tornar estas viagens de forma que vamos esmorecendo e perdendo nossas forças, pouco a pouco, da mesma desavisada forma que embarcamos em tal jornada?
Bem, criar metáforas de mudanças relacionas com viagens em minha vida é deveras reduntante e nada original, mas o fato é que as exigências estão aí e é necessário que saibamos, por vezes, em qual estação devemos descer e quiça, atravessar a linha e retornar a estação de origem.
Coincidentemente, enquanto estava mergulhado nos meus pensamentos, a formiga passou da cadeira para as costas do passageiro que ali se sentou e desceram na mesma estação que eu. Eu e a formiga nos perdemos de vista e provavelmente eu nunca mais a verei, e se visse acho que não a reconheceria, mas senti uma espécie de alívio, não só, eu diria que me senti mesmo revigorado, pois afinal, novamente contra pequenas probabalidades, elas tinha saído do trem.
E isso fez pensar nas várias reviravoltas que nossas vidas podem dar. Em todos os momentos em que já havia me sentido “sem saída” e que apesar de tudo, de uma forma ou outra, tinha ali chegado, àquela estação.
O texto desta semana é dedicado a todos que estejam passando por situações delicadas, difíceis, em que o futuro não pareça muito estimulante ou favorável. Estou certo que todos, de uma forma ou de outra, entendem o que quero dizer. Haverá sempre uma estação para se desembercar, talvez não seja a que tenhamos escolhido à priori, mas de certo, há sempre de ser uma opção e uma saída.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.