segunda-feira, novembro 20, 2006
‘Guys and Dolls’
A beleza para o homem sempre foi, tem sido e acredito que sempre será fundamental. Quando assistimos a um filme, a uma peça, seja o que for que remonte o passado, acompanhamos o desgaste e o desespero das mocinhas em querer parecer o mais atraentes possível, de forma a não ficarem tias solteironas. De fato, de uma modo geral, o que levava um rapaz a procurar uma rapariga era a sua beleza. Podia até ser uma beleza não tão óbvia, mas de certo, não era pelas idéias dela.
Quando ando pelas ruas, noto de tudo. Homens enormes, gordos, muito magros, com piercing, carecas, com cicatrizes, feios, sujos mas, na maioria, com sua companheira ao lado, muitas vezes de uma beleza que até cria um contraste… Curioso. E mulheres? Vemos qualquer tipo de mulher com um companheiro ao lado?
Quando eu era adolescente eu aprendi uma frase popular muito confortante: ‘Sempre tem um chinelo velho para um pé cansado’ ou seja, mesmo que todos os dotes naturais nos falhem ou nos falte, poderemos sempre contar com nossa simpatia e presteza. Mas será mesmo assim? Um prêmio de consolação? A temida faixa de ‘Miss Simpatia’ num concurso de beleza?
Os homens são mesmo assim. Irritantemente ‘irresistentes’ à beleza, como se essa pudesse ser consumida, ingerida e inalada. Mas se o belo é relativo e ‘beleza não põe mesa’, teremos nós, homens, um cérebro incapaz de aceitar que existe felicidade e prazer no menos belo?
O mundo gay, masculino, é de certo o melhor campo de pesquisa nesta área. Ao circularmos por um pub, uma discoteca, uma sauna ou sex club, veremos que as beldades em seus corpos esculpidos e patilhas desenhadas, circulam com seu orgulho equilibrados na ponta de seus queixos, procurando pelas mesmas características no outro, rejeitando olhares e os toques daqueles menos favorecidos, mas nem por isso menos audaciosos ou capacitados.
Existem grupos específicos onde o modelo de beleza é mesmo outro, mas qual fatia devem eles representar neste bolo? Chama-me a atenção a enorme quantidade de pessoas que não reúnem as características do modelo trivial, o de propaganda de perfume, mas que, insistentemente, dolorosamente, mantêm-se na ronda, a espera de um ato falho, de um movimento de clemência ou ainda, da ‘hora da xepa’, quando os ‘deuses mais excitados’ descem do Olimpo e fecham seus olhos aos toques do réles mortais. É sempre um estilo de vida…
Não há o que julgar. Há quem nasça com o aparato todo, há quem nasça com meio aparato ou com dinheiro para adquiri-lo. O resto, bem, os que nem sempre recebem ‘convite para as festas’, se não entrarem num processo corrosivo de lamentação e frustração, são os que acabam por aumentar a variedade e as possibilidades de terem mais prazer, mas não que eu ache que isso seja uma consciência.
Para mim é um fato que o melhor sexo vem sempre dos menos esculpidos, menos belos. Não é um preconceito, é uma característica óbvia de desenvolvimento, de compensação. Se o rosto não é muito bonito e a barriga está longe de ser um six-pack, a performance tem que compensar.
Ninguém é indiferente à beleza e ao desejo de se envolver a ela. Existem apenas pessoas mais ou menos livres…
Acredito que o fator tempo, ou melhor, a idade, é o que acaba por determinar as coisas. Claro que estou me referindo ao que eu entendo como maioria dentro de um padrão. Óbvio, sempre tem que saia da regra e viva em outros grupos!
Ao meu ver, temos aquele grupo dos rapazes entre os 18 e 24/25 que para além de fazerem caras e bocas cinematográficas, mexem-se muito pouco, como se estivem embriagados em sua própria beleza, sentindo-se endeusados (e dentro de seu grupo, estão mesmo).
Depois vem um grupo estranho, os que estão entre 25 e os 35. Confusos, percebem-se estar perdendo – perderam! - os ‘inte’ e drásticas mudanças ocorrem. Seus metabolismos parecem atraiçoa-los, seus cabelos estão em queda, recuando na cabeça, pêlos surgem nos locais menos esperados do corpo e claro, a angústia de manter ou perder peso.
O grupo dos 35 aos 45 reduz-se a olhos vistos! A passagem pelo grupo anterior foi longa e difícil e manter-se belo a esta altura é algo que consome muito tempo. Contudo, é um grupo mais avisado, com um certo orgulho, claro, mas que sabe que os cabelos brancos estão chegando e que cedo a luta contra a gravidade ficará insuportável. São excelentes amantes, mas acho que se confundem entre sua preocupação em serem notados e um estranho senso de gratidão, por terem sido notados.
O grupo dos 45 aos 60 quase não se pode chamar de grupo! Bravos resistentes, são menos exigentes pois, são muito velhos para o primeiro e segundo grupos e muito próximos ao terceiro, que segue na tentativa de manter contato com os dois primeiros. Em geral preocupam-se mais em dar do que receber prazer.
E claro o resto. Todos os que nunca pertenceram a grupo nenhum, mais aqueles que deixaram de pertencer a algum e os acima de 60, que mesmo que mantenham algum charme, bem, estão acima de 60!
Não há saída. É a própria visão, é o próprio conceito que os pais passam aos seus filhos que alimentam este sistema. As pessoas saem a procura de sexo, mas o procuram numa alusão à mesma procura que fazem a um parceiro emocional, como se sexo com prazer não pudesse existir se não for feito com “a beleza”. Eu, diria que isso depende do tipo de “caça” a que se foi proposto: Tem-se sexo por atracão, sexo por carinho, por amor, por aceitação, por domínio, por prazer, por pecado, por consequência, enfim, resmas de razões. Mas estarão as pessoas avisadas de suas motivações ou andam elas bastante confusas no móbil da questão?
Para mim, o fato é que, é-me difícil não notar que a maioria das pessoas, comuns, circulam por aí com suas auto-estimas em baixo, sentindo-se rejeitadas e desejosas de serem amadas e tocadas. Tem que ter algo de muito errado com a raça humana. Temos que ter evoluído num processo de negação qualquer…
Meu amigo, faça o melhor que puder para se sentir bem, bonito e feliz. Não exija de ninguém o que você não exige de você mesmo, isso vai anular toneladas de angústia e fantasias. Lembre-se que amar alguém, viver com alguém requer muito, mas muito mais do que um passe para alguma academia ou clínica de estética. Se sair para se divertir, divirta-se no universo real. Os “rapazes das revistas” são ficção, nem eles mesmo sabem que existem!
Acima de tudo, seja você do grupo que for, não seja rude, cruel ou mal criado, nunca se sabe do amanhã…
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
A beleza para o homem sempre foi, tem sido e acredito que sempre será fundamental. Quando assistimos a um filme, a uma peça, seja o que for que remonte o passado, acompanhamos o desgaste e o desespero das mocinhas em querer parecer o mais atraentes possível, de forma a não ficarem tias solteironas. De fato, de uma modo geral, o que levava um rapaz a procurar uma rapariga era a sua beleza. Podia até ser uma beleza não tão óbvia, mas de certo, não era pelas idéias dela.
Quando ando pelas ruas, noto de tudo. Homens enormes, gordos, muito magros, com piercing, carecas, com cicatrizes, feios, sujos mas, na maioria, com sua companheira ao lado, muitas vezes de uma beleza que até cria um contraste… Curioso. E mulheres? Vemos qualquer tipo de mulher com um companheiro ao lado?
Quando eu era adolescente eu aprendi uma frase popular muito confortante: ‘Sempre tem um chinelo velho para um pé cansado’ ou seja, mesmo que todos os dotes naturais nos falhem ou nos falte, poderemos sempre contar com nossa simpatia e presteza. Mas será mesmo assim? Um prêmio de consolação? A temida faixa de ‘Miss Simpatia’ num concurso de beleza?
Os homens são mesmo assim. Irritantemente ‘irresistentes’ à beleza, como se essa pudesse ser consumida, ingerida e inalada. Mas se o belo é relativo e ‘beleza não põe mesa’, teremos nós, homens, um cérebro incapaz de aceitar que existe felicidade e prazer no menos belo?
O mundo gay, masculino, é de certo o melhor campo de pesquisa nesta área. Ao circularmos por um pub, uma discoteca, uma sauna ou sex club, veremos que as beldades em seus corpos esculpidos e patilhas desenhadas, circulam com seu orgulho equilibrados na ponta de seus queixos, procurando pelas mesmas características no outro, rejeitando olhares e os toques daqueles menos favorecidos, mas nem por isso menos audaciosos ou capacitados.
Existem grupos específicos onde o modelo de beleza é mesmo outro, mas qual fatia devem eles representar neste bolo? Chama-me a atenção a enorme quantidade de pessoas que não reúnem as características do modelo trivial, o de propaganda de perfume, mas que, insistentemente, dolorosamente, mantêm-se na ronda, a espera de um ato falho, de um movimento de clemência ou ainda, da ‘hora da xepa’, quando os ‘deuses mais excitados’ descem do Olimpo e fecham seus olhos aos toques do réles mortais. É sempre um estilo de vida…
Não há o que julgar. Há quem nasça com o aparato todo, há quem nasça com meio aparato ou com dinheiro para adquiri-lo. O resto, bem, os que nem sempre recebem ‘convite para as festas’, se não entrarem num processo corrosivo de lamentação e frustração, são os que acabam por aumentar a variedade e as possibilidades de terem mais prazer, mas não que eu ache que isso seja uma consciência.
Para mim é um fato que o melhor sexo vem sempre dos menos esculpidos, menos belos. Não é um preconceito, é uma característica óbvia de desenvolvimento, de compensação. Se o rosto não é muito bonito e a barriga está longe de ser um six-pack, a performance tem que compensar.
Ninguém é indiferente à beleza e ao desejo de se envolver a ela. Existem apenas pessoas mais ou menos livres…
Acredito que o fator tempo, ou melhor, a idade, é o que acaba por determinar as coisas. Claro que estou me referindo ao que eu entendo como maioria dentro de um padrão. Óbvio, sempre tem que saia da regra e viva em outros grupos!
Ao meu ver, temos aquele grupo dos rapazes entre os 18 e 24/25 que para além de fazerem caras e bocas cinematográficas, mexem-se muito pouco, como se estivem embriagados em sua própria beleza, sentindo-se endeusados (e dentro de seu grupo, estão mesmo).
Depois vem um grupo estranho, os que estão entre 25 e os 35. Confusos, percebem-se estar perdendo – perderam! - os ‘inte’ e drásticas mudanças ocorrem. Seus metabolismos parecem atraiçoa-los, seus cabelos estão em queda, recuando na cabeça, pêlos surgem nos locais menos esperados do corpo e claro, a angústia de manter ou perder peso.
O grupo dos 35 aos 45 reduz-se a olhos vistos! A passagem pelo grupo anterior foi longa e difícil e manter-se belo a esta altura é algo que consome muito tempo. Contudo, é um grupo mais avisado, com um certo orgulho, claro, mas que sabe que os cabelos brancos estão chegando e que cedo a luta contra a gravidade ficará insuportável. São excelentes amantes, mas acho que se confundem entre sua preocupação em serem notados e um estranho senso de gratidão, por terem sido notados.
O grupo dos 45 aos 60 quase não se pode chamar de grupo! Bravos resistentes, são menos exigentes pois, são muito velhos para o primeiro e segundo grupos e muito próximos ao terceiro, que segue na tentativa de manter contato com os dois primeiros. Em geral preocupam-se mais em dar do que receber prazer.
E claro o resto. Todos os que nunca pertenceram a grupo nenhum, mais aqueles que deixaram de pertencer a algum e os acima de 60, que mesmo que mantenham algum charme, bem, estão acima de 60!
Não há saída. É a própria visão, é o próprio conceito que os pais passam aos seus filhos que alimentam este sistema. As pessoas saem a procura de sexo, mas o procuram numa alusão à mesma procura que fazem a um parceiro emocional, como se sexo com prazer não pudesse existir se não for feito com “a beleza”. Eu, diria que isso depende do tipo de “caça” a que se foi proposto: Tem-se sexo por atracão, sexo por carinho, por amor, por aceitação, por domínio, por prazer, por pecado, por consequência, enfim, resmas de razões. Mas estarão as pessoas avisadas de suas motivações ou andam elas bastante confusas no móbil da questão?
Para mim, o fato é que, é-me difícil não notar que a maioria das pessoas, comuns, circulam por aí com suas auto-estimas em baixo, sentindo-se rejeitadas e desejosas de serem amadas e tocadas. Tem que ter algo de muito errado com a raça humana. Temos que ter evoluído num processo de negação qualquer…
Meu amigo, faça o melhor que puder para se sentir bem, bonito e feliz. Não exija de ninguém o que você não exige de você mesmo, isso vai anular toneladas de angústia e fantasias. Lembre-se que amar alguém, viver com alguém requer muito, mas muito mais do que um passe para alguma academia ou clínica de estética. Se sair para se divertir, divirta-se no universo real. Os “rapazes das revistas” são ficção, nem eles mesmo sabem que existem!
Acima de tudo, seja você do grupo que for, não seja rude, cruel ou mal criado, nunca se sabe do amanhã…
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.