segunda-feira, novembro 06, 2006
Inteligência Insensível
Inteligência: Faculdade que tem o espírito de pensar, conceber, compreender;
capacidade de resolução de novos problemas e adaptação a novas situações; discernimento; juízo, raciocínio; talento; compreensão fácil, nítida, perfeita, profunda de coisas; apreensão, percepção; pessoa de grande capacidade intelectual.
Basicamente estas são as definições que podem ser encontradas em dicionários para esta palavra. Contudo, sinto que ainda falta qualquer coisa, de emocional talvez, ou ainda, de interpessoal.
Apesar deste conceito referir a faculdade de pensar e compreender, talvez por ser um discurso indirecto, fica no ar qual forma de referência é acedida, como são feitas as associações de modo a se criar um juízo. Pensar como? Conceber, compreender o quê?
Na minha percepção, encontramos com mais facilidade, pessoas adjetivadas de inteligentes mas que nem sempre são muito simpáticas, ou pelo menos agradáveis. Muitas são bastante intolerantes, como se fosse insuportável ter que interagir com pessoas de velocidade de raciocínios inferior a sua.
Mas então onde está a compreensão, o entendimento de que as pessoas são diferentes? Que tipo de inteligência é a desta pessoa?
Noto que existem por aí pessoas com uma memória muito eficiente, rápidas em dar respostas e resolver situações assertivas, mas que não conseguem formular um pensamento próprio com início, meio e fim. Acho que boa memória e inteligência são facilmente confundidas.
Mas as que mais me chamam a atenção, são as pessoas que conseguem realmente pensar, decidir, ajuizar, mas que, contudo, acabam por levar as outras pessoas de arrasto, não muito preocupadas com a forma em que elas estão lhe acompanhando.
Um dia destes eu tive que ir ter com a chefe de um outro departamento, para levantar especificações para o desenvolvimento de um novo projeto. Ela, apesar de estar sentada, parecia mais alta do que eu, que estava em pé, de tão estufado que seu peito estava. Então, muito bicuda, sisuda e com uma voz muito séria, quase ríspida, fazia-me perguntas e comentários sobre o tal trabalho a começar. Levei tantas “narigadas” que me pus a pensar:
Uma profissional, com um cargo de responsabilidade, que ao conversar com outro profissional, precisa fazer caras e boca para delimitar hierarquia, poder ou dependência, só pode ter um traço de insegurança. Ou ela se conhece, reconhece algumas deficiências e tem medo de que alguém as veja e por isso delimita espaços; ou ela é mesmo competente mas acredita que alguém a sua volta possa achar que, por ela ser mulher, é mais fraca ou ainda, que alguém a sua volta pode querer o seu lugar; ou ela no fundo acredita que por ser mulher, precisa “engrossar” para ganhar respeito. Ou é louca mesmo. Vejam bem, dois adultos, que trocam serviços por dinheiro, usando artimanhas de uma normalista da década de 70! Que inteligência é esta?
Tenho um outro colega, bastante competente no que faz, mas que entra num estado de nervosismo e irritação como se tivesse 15 anos de idade. Lembro-me de tê-lo ouvido usar a palavra “teimando”. Ora, quem teimam são as crianças, profissionais, por terem seus motivos, no mínimo, insistem!
Há uns dez anos, eu ouvi falar pela primeira vez, assim, numa conversa de barzinho, em inteligência emocional, quiçá, o tal elemento interpessoal que sinto falta no conceito acima tirado de um dicionário.
Andamos a deriva numa sociedade onde ditas pessoas inteligentes ditam regras e comportamentos sem a menor consideração dos custos e proveitos emocionais, relacionados a estes comportamentos. Afinal, quão inteligente é alguém capaz de enviar um foguete ao espaço e trazê-lo de volta mas que desrespeita, ou sente-se superior, a uma pessoa que não sabe o que gravidade é?
Vivemos numa sociedade de equívocos, de pessoas com aptidão a inteligência, mas que parecem preferir usá-la para esconder outras deficiências, neuroses e dificuldades. Vivemos no meio de pessoas ditas inteligentes que só sabem em massajear seus egos e tirar proveito de seus conhecimentos unicamente em benefício próprio.
Seria bom que a inteligência fosse explorada e levada de forma coerente a todas as vertentes dos assuntos que evolvem a esfera do comportamento humano. É como lidamos com a inteligência que definimos uma cultura, que definimos uma política e um credo.
Fica aqui um alerta para todos aqueles que se rejubilam de seus acima da média coeficientes de inteligência: Verifiquem seu lado humano, verifiquem a quantas andam seu coeficiente emocional. Estou certo que surpresas surgirão.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Inteligência: Faculdade que tem o espírito de pensar, conceber, compreender;
capacidade de resolução de novos problemas e adaptação a novas situações; discernimento; juízo, raciocínio; talento; compreensão fácil, nítida, perfeita, profunda de coisas; apreensão, percepção; pessoa de grande capacidade intelectual.
Basicamente estas são as definições que podem ser encontradas em dicionários para esta palavra. Contudo, sinto que ainda falta qualquer coisa, de emocional talvez, ou ainda, de interpessoal.
Apesar deste conceito referir a faculdade de pensar e compreender, talvez por ser um discurso indirecto, fica no ar qual forma de referência é acedida, como são feitas as associações de modo a se criar um juízo. Pensar como? Conceber, compreender o quê?
Na minha percepção, encontramos com mais facilidade, pessoas adjetivadas de inteligentes mas que nem sempre são muito simpáticas, ou pelo menos agradáveis. Muitas são bastante intolerantes, como se fosse insuportável ter que interagir com pessoas de velocidade de raciocínios inferior a sua.
Mas então onde está a compreensão, o entendimento de que as pessoas são diferentes? Que tipo de inteligência é a desta pessoa?
Noto que existem por aí pessoas com uma memória muito eficiente, rápidas em dar respostas e resolver situações assertivas, mas que não conseguem formular um pensamento próprio com início, meio e fim. Acho que boa memória e inteligência são facilmente confundidas.
Mas as que mais me chamam a atenção, são as pessoas que conseguem realmente pensar, decidir, ajuizar, mas que, contudo, acabam por levar as outras pessoas de arrasto, não muito preocupadas com a forma em que elas estão lhe acompanhando.
Um dia destes eu tive que ir ter com a chefe de um outro departamento, para levantar especificações para o desenvolvimento de um novo projeto. Ela, apesar de estar sentada, parecia mais alta do que eu, que estava em pé, de tão estufado que seu peito estava. Então, muito bicuda, sisuda e com uma voz muito séria, quase ríspida, fazia-me perguntas e comentários sobre o tal trabalho a começar. Levei tantas “narigadas” que me pus a pensar:
Uma profissional, com um cargo de responsabilidade, que ao conversar com outro profissional, precisa fazer caras e boca para delimitar hierarquia, poder ou dependência, só pode ter um traço de insegurança. Ou ela se conhece, reconhece algumas deficiências e tem medo de que alguém as veja e por isso delimita espaços; ou ela é mesmo competente mas acredita que alguém a sua volta possa achar que, por ela ser mulher, é mais fraca ou ainda, que alguém a sua volta pode querer o seu lugar; ou ela no fundo acredita que por ser mulher, precisa “engrossar” para ganhar respeito. Ou é louca mesmo. Vejam bem, dois adultos, que trocam serviços por dinheiro, usando artimanhas de uma normalista da década de 70! Que inteligência é esta?
Tenho um outro colega, bastante competente no que faz, mas que entra num estado de nervosismo e irritação como se tivesse 15 anos de idade. Lembro-me de tê-lo ouvido usar a palavra “teimando”. Ora, quem teimam são as crianças, profissionais, por terem seus motivos, no mínimo, insistem!
Há uns dez anos, eu ouvi falar pela primeira vez, assim, numa conversa de barzinho, em inteligência emocional, quiçá, o tal elemento interpessoal que sinto falta no conceito acima tirado de um dicionário.
Andamos a deriva numa sociedade onde ditas pessoas inteligentes ditam regras e comportamentos sem a menor consideração dos custos e proveitos emocionais, relacionados a estes comportamentos. Afinal, quão inteligente é alguém capaz de enviar um foguete ao espaço e trazê-lo de volta mas que desrespeita, ou sente-se superior, a uma pessoa que não sabe o que gravidade é?
Vivemos numa sociedade de equívocos, de pessoas com aptidão a inteligência, mas que parecem preferir usá-la para esconder outras deficiências, neuroses e dificuldades. Vivemos no meio de pessoas ditas inteligentes que só sabem em massajear seus egos e tirar proveito de seus conhecimentos unicamente em benefício próprio.
Seria bom que a inteligência fosse explorada e levada de forma coerente a todas as vertentes dos assuntos que evolvem a esfera do comportamento humano. É como lidamos com a inteligência que definimos uma cultura, que definimos uma política e um credo.
Fica aqui um alerta para todos aqueles que se rejubilam de seus acima da média coeficientes de inteligência: Verifiquem seu lado humano, verifiquem a quantas andam seu coeficiente emocional. Estou certo que surpresas surgirão.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.