domingo, dezembro 17, 2006
Portadores de Ignorância
Já passaram bem mais de vinte anos do surgimento dos primeiros casos de doentes de AIDS e hoje, estima-se, considerando valores oficiais, que existam quarenta milhões de pessoas contaminadas. Mas oficial também é o fato que este número, na realidade, é bem superior.
Foi um grande susto, um grande tabu e durante anos as pessoas seguiram sem saber ao certo o que era, como se contraía e os mais diversos mitos nasceram ao redor do assunto. Contudo, com centenas de pessoas estudando o assunto ao redor do globo, foram-se desvendando alguns dos mistérios, mas nem sempre estas explicações parecem ter ficado claras para todas as pessoas.
Pois bem. O vírus está presente nos fluídos corporais: Sangue, esperma, secreção vaginal e inclusive nas lágrimas (no caso das lágrimas, não em quantidade possível de contaminação). O vírus se contrai basicamente pelo contacto dele à rede sanguínea. E aqui temos um mito clássico, antigo e um dos mais perigosos no presente.
Passo a explicar: Sabe-se que o esperma contém uma massiva carga viral e alguns anos atrás, era comum, em conversas de baixo tom e só entre pessoas muito amigas, que surgissem revelações do tipo: “Não deixei que ejaculasse dentro”. Este mito, infelizmente, ainda existe. O problema é que durante o coito, sempre ocorrem micro fissuras das membranas e portanto, acesso à rede sanguínea. A parede vaginal é por natureza mais elástica e resistente, mas a anal não, sendo facilmente rompida. A glande do pênis também sofre micro lesões, a começar pela penetração, por causa do contato com os pêlos. Portanto com ou sem a presença de esperma, a fricção vai causar, numa probabilidade alta, troca de sangue.
Beijo na boca, toques, contactos físicos, mesmo com o esperma (sem possível contato sanguíneo), não transmitem o vírus, muito menos usar um mesmo toilet que uma pessoa soro-positiva tenha usado. O vírus não resiste a baixas temperaturas, ou mesmo altas. Lembrem-se de suas aulas de biologia da sexta ou sétima série quando estudaram virologia.
Existem controversas quanto a transmissão por sexo oral. Em geral os responsáveis de saúde, e principalmente os americanos, alertam para o fato do sexo oral contaminar uma pessoa. Contudo, não existem provas efetivas. Existe um grupo de soro-positivos que juram de pé juntos, que contraíram o vírus através de felação. Na pesquisa não se fala se tiveram contacto com esperma ou em que condições era a higiene dentária desta gente. Existem inúmeras pessoas que praticam sexo oral sem proteção e que continuam negativas. Contudo, cabe ao seu livre arbítrio. Mas não “paniquem” ou façam figuras tristes!
Quando foi a última vez que você ouviu falar de algum conhecido ou alguma figura pública que tenha morrido de AIDS? Quem tem morrido desta síndrome? Tóxico-dependentes, pessoas que não fazem o tratamento e ou que não respondem a ele. Em geral, a terapêutica é um sucesso e as pessoas contaminadas com o HIV passaram a viver apenas com uma condição a controlar.
As pessoas que fazem a terapêutica passam por controles que podem variar entre períodos de 3 em 3 meses ou até de 6 em 6 meses. São contadas o número de células CD4 e CD8. Na verdade, mais células da composição imunitária são consideradas, mas é um rácio deste valor global que determina o quão a pessoa está respondendo ou se mantendo com o tratamento. Também é contada a própria carga viral no sangue, para se saber o número de cópias do vírus e controlar o aumento populacional do mesmo.
O que as drogas fazem, a grosso modo, é criar um disfarce nas células de forma que o vírus não as identifique como alvo, ou, casa! O vírus, depende de sua instalação feita numa célula, caso contrário, morre em pouco tempo. As pessoas que fazem a terapêutica, via de regra, tem o que se chama carga negativa, ou seja, sua corrente sanguínea contém um valor muito, muito baixo da presença do vírus. E por que não se curam então? A contaminação ao fim de um ‘x’ tempo leva o vírus a se instalar em todos os órgãos e inclusive na medula, onde se forma o sangue. Somente um transplante massivo de tudo, ao mesmo tempo, poderia trazer esperança. Talvez em 2167…
Novos medicamentos têm surgido nos últimos dez anos e apesar da cura ainda não ter sido encontrada - lembrem-se que até hoje, o único vírus erradicado e controlado na história humana foi o da varíola - o controle para evitar as doenças tem sido desenvolvido de forma a garantir que as pessoas que estariam condenadas a no máximo terem mais dez anos de vida, viverem e planearem uma vida normal, com um futuro.
Recentemente eu li um artigo que circula pela Internet onde um indivíduo diz absurdos sobre os remédios e sobre o AZT, dizendo serem eles os causadores da baixa do sistema imunitário. O AZT é de fato uma droga criada para o tratamento do câncer e que, por função, destrói células, inclusive saudáveis. Porém, foi a droga pioneira usada como terapêutica e não só, ainda compõe o batizado ‘cocktail’ composto por três drogas e que alargou, inquestionavelmente, a expectativa dos grupos contaminados .
Também é verdade que ainda não passou tempo suficiente para se falar com firmeza e segurança sobre efeitos colaterais do uso sistemático e contínuo destas drogas, mas ainda sim, na minha opinião, o mal maior foi causado um passo atrás …
A cada 11 segundos, mais uma pessoa se contamina com o vírus ao redor do planeta. Os índices mais altos apontam para a África, onde nem prevenção ou tratamento são aplicados em uma escala geral. No universo das línguas latinas, é o grupo dos heterossexuais, o considerado de maior risco.
Do dia do contato até 3 meses para frente, os testes feitos a procura de contaminação podem se apresentar negativos e normalmente, algures neste intervalo, a pessoa passa por um dia ou dois de febre alta, denominada de soro conversão. Contudo, e muito importante que se saiba isso, se você se viu envolvido num acidente de percurso e sabe da probabilidade de ter sido contaminado, procure seu posto de saúde o mais rápido possível, explique-se e peça tratamento.
Se a terapêutica for tomada pelos primeiros 3 meses, o mesmo tempo que o vírus precisaria para tomar conta de todos os órgãos, a pessoa pode erradicá-lo de seu corpo, sim, curar-se. Por isso, não fique em agonia e de braços cruzados a espera que 3 meses passem para se fazer um teste. Esta situação é muito comum no meio médico, entre cirurgiões e profissionais da área, mas não é divulgado!
Entendo que o tratamento custe uma fortuna, cerca de $ 1000,00 por paciente/mês, mas este lado obscuro, irresponsável, negligente e quase assassino dos governos, num nível mundial, deve ser questionado! Brigue, insista e argumente! Infelizmente a incompetência é um mal instalado por todos os sistemas e é global, do terceiro ao primeiro mundo. As pessoas com poder de reencaminhar os “pacientes” para os verdadeiros e esclarecidos profissionais da área podem causar alguns contra-tempos e dar falsas informações – os verdadeiros portadores de ignorância. A lista de casos absurdos e vidas perdidas ou condenadas por negligência e por ignorância é uma vergonha, uma lástima.
Contaminar-se “por opção” ou seja, fazer sexo sem proteção, em pleno terceiro milênio é tão estúpido quanto engravidar na adolescência. Se a camisa rebentou, procure seu médico, explique o que houve e dependendo do contexto em que isso ocorreu, peça pelo tratamento.
Se você já está contaminado, use a camisinha na mesma. Seu corpo já tem lutado o suficiente contra os organismos que andam a devorá-lo por dentro, não precisa de se envolver em mais infecções de doenças transmitidas pelo sexo, sem falar das novas e diferentes estirpes de HIV que você pode contrair e começar a colecionar em seu corpo.
Se você se descobriu soro-positivo recentemente, não se desespere. Respire fundo e dê tempo ao tempo. Siga sua vida, alimente-se, mude hábitos e mais do que nunca, seja feliz, envolva-se em projectos que lhe tragam retorno positivo e a vida pode se tornar, surpreendentemente, mais saudável do que nunca.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Já passaram bem mais de vinte anos do surgimento dos primeiros casos de doentes de AIDS e hoje, estima-se, considerando valores oficiais, que existam quarenta milhões de pessoas contaminadas. Mas oficial também é o fato que este número, na realidade, é bem superior.
Foi um grande susto, um grande tabu e durante anos as pessoas seguiram sem saber ao certo o que era, como se contraía e os mais diversos mitos nasceram ao redor do assunto. Contudo, com centenas de pessoas estudando o assunto ao redor do globo, foram-se desvendando alguns dos mistérios, mas nem sempre estas explicações parecem ter ficado claras para todas as pessoas.
Pois bem. O vírus está presente nos fluídos corporais: Sangue, esperma, secreção vaginal e inclusive nas lágrimas (no caso das lágrimas, não em quantidade possível de contaminação). O vírus se contrai basicamente pelo contacto dele à rede sanguínea. E aqui temos um mito clássico, antigo e um dos mais perigosos no presente.
Passo a explicar: Sabe-se que o esperma contém uma massiva carga viral e alguns anos atrás, era comum, em conversas de baixo tom e só entre pessoas muito amigas, que surgissem revelações do tipo: “Não deixei que ejaculasse dentro”. Este mito, infelizmente, ainda existe. O problema é que durante o coito, sempre ocorrem micro fissuras das membranas e portanto, acesso à rede sanguínea. A parede vaginal é por natureza mais elástica e resistente, mas a anal não, sendo facilmente rompida. A glande do pênis também sofre micro lesões, a começar pela penetração, por causa do contato com os pêlos. Portanto com ou sem a presença de esperma, a fricção vai causar, numa probabilidade alta, troca de sangue.
Beijo na boca, toques, contactos físicos, mesmo com o esperma (sem possível contato sanguíneo), não transmitem o vírus, muito menos usar um mesmo toilet que uma pessoa soro-positiva tenha usado. O vírus não resiste a baixas temperaturas, ou mesmo altas. Lembrem-se de suas aulas de biologia da sexta ou sétima série quando estudaram virologia.
Existem controversas quanto a transmissão por sexo oral. Em geral os responsáveis de saúde, e principalmente os americanos, alertam para o fato do sexo oral contaminar uma pessoa. Contudo, não existem provas efetivas. Existe um grupo de soro-positivos que juram de pé juntos, que contraíram o vírus através de felação. Na pesquisa não se fala se tiveram contacto com esperma ou em que condições era a higiene dentária desta gente. Existem inúmeras pessoas que praticam sexo oral sem proteção e que continuam negativas. Contudo, cabe ao seu livre arbítrio. Mas não “paniquem” ou façam figuras tristes!
Quando foi a última vez que você ouviu falar de algum conhecido ou alguma figura pública que tenha morrido de AIDS? Quem tem morrido desta síndrome? Tóxico-dependentes, pessoas que não fazem o tratamento e ou que não respondem a ele. Em geral, a terapêutica é um sucesso e as pessoas contaminadas com o HIV passaram a viver apenas com uma condição a controlar.
As pessoas que fazem a terapêutica passam por controles que podem variar entre períodos de 3 em 3 meses ou até de 6 em 6 meses. São contadas o número de células CD4 e CD8. Na verdade, mais células da composição imunitária são consideradas, mas é um rácio deste valor global que determina o quão a pessoa está respondendo ou se mantendo com o tratamento. Também é contada a própria carga viral no sangue, para se saber o número de cópias do vírus e controlar o aumento populacional do mesmo.
O que as drogas fazem, a grosso modo, é criar um disfarce nas células de forma que o vírus não as identifique como alvo, ou, casa! O vírus, depende de sua instalação feita numa célula, caso contrário, morre em pouco tempo. As pessoas que fazem a terapêutica, via de regra, tem o que se chama carga negativa, ou seja, sua corrente sanguínea contém um valor muito, muito baixo da presença do vírus. E por que não se curam então? A contaminação ao fim de um ‘x’ tempo leva o vírus a se instalar em todos os órgãos e inclusive na medula, onde se forma o sangue. Somente um transplante massivo de tudo, ao mesmo tempo, poderia trazer esperança. Talvez em 2167…
Novos medicamentos têm surgido nos últimos dez anos e apesar da cura ainda não ter sido encontrada - lembrem-se que até hoje, o único vírus erradicado e controlado na história humana foi o da varíola - o controle para evitar as doenças tem sido desenvolvido de forma a garantir que as pessoas que estariam condenadas a no máximo terem mais dez anos de vida, viverem e planearem uma vida normal, com um futuro.
Recentemente eu li um artigo que circula pela Internet onde um indivíduo diz absurdos sobre os remédios e sobre o AZT, dizendo serem eles os causadores da baixa do sistema imunitário. O AZT é de fato uma droga criada para o tratamento do câncer e que, por função, destrói células, inclusive saudáveis. Porém, foi a droga pioneira usada como terapêutica e não só, ainda compõe o batizado ‘cocktail’ composto por três drogas e que alargou, inquestionavelmente, a expectativa dos grupos contaminados .
Também é verdade que ainda não passou tempo suficiente para se falar com firmeza e segurança sobre efeitos colaterais do uso sistemático e contínuo destas drogas, mas ainda sim, na minha opinião, o mal maior foi causado um passo atrás …
A cada 11 segundos, mais uma pessoa se contamina com o vírus ao redor do planeta. Os índices mais altos apontam para a África, onde nem prevenção ou tratamento são aplicados em uma escala geral. No universo das línguas latinas, é o grupo dos heterossexuais, o considerado de maior risco.
Do dia do contato até 3 meses para frente, os testes feitos a procura de contaminação podem se apresentar negativos e normalmente, algures neste intervalo, a pessoa passa por um dia ou dois de febre alta, denominada de soro conversão. Contudo, e muito importante que se saiba isso, se você se viu envolvido num acidente de percurso e sabe da probabilidade de ter sido contaminado, procure seu posto de saúde o mais rápido possível, explique-se e peça tratamento.
Se a terapêutica for tomada pelos primeiros 3 meses, o mesmo tempo que o vírus precisaria para tomar conta de todos os órgãos, a pessoa pode erradicá-lo de seu corpo, sim, curar-se. Por isso, não fique em agonia e de braços cruzados a espera que 3 meses passem para se fazer um teste. Esta situação é muito comum no meio médico, entre cirurgiões e profissionais da área, mas não é divulgado!
Entendo que o tratamento custe uma fortuna, cerca de $ 1000,00 por paciente/mês, mas este lado obscuro, irresponsável, negligente e quase assassino dos governos, num nível mundial, deve ser questionado! Brigue, insista e argumente! Infelizmente a incompetência é um mal instalado por todos os sistemas e é global, do terceiro ao primeiro mundo. As pessoas com poder de reencaminhar os “pacientes” para os verdadeiros e esclarecidos profissionais da área podem causar alguns contra-tempos e dar falsas informações – os verdadeiros portadores de ignorância. A lista de casos absurdos e vidas perdidas ou condenadas por negligência e por ignorância é uma vergonha, uma lástima.
Contaminar-se “por opção” ou seja, fazer sexo sem proteção, em pleno terceiro milênio é tão estúpido quanto engravidar na adolescência. Se a camisa rebentou, procure seu médico, explique o que houve e dependendo do contexto em que isso ocorreu, peça pelo tratamento.
Se você já está contaminado, use a camisinha na mesma. Seu corpo já tem lutado o suficiente contra os organismos que andam a devorá-lo por dentro, não precisa de se envolver em mais infecções de doenças transmitidas pelo sexo, sem falar das novas e diferentes estirpes de HIV que você pode contrair e começar a colecionar em seu corpo.
Se você se descobriu soro-positivo recentemente, não se desespere. Respire fundo e dê tempo ao tempo. Siga sua vida, alimente-se, mude hábitos e mais do que nunca, seja feliz, envolva-se em projectos que lhe tragam retorno positivo e a vida pode se tornar, surpreendentemente, mais saudável do que nunca.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.