domingo, janeiro 07, 2007
Portadores de Ignorância
Já passaram bem mais de vinte anos do surgimento dos primeiros casos de doentes de AIDS e hoje, estima-se, considerando valores oficiais, que existam quarenta milhões de pessoas contaminadas. Mas oficial também é o fato que este número, na realidade, é bem superior.
Foi um grande susto, um grande tabu e durante anos as pessoas seguiram sem saber ao certo o que era, como se contraía e os mais diversos mitos nasceram ao redor do assunto. Contudo, com centenas de pessoas estudando o assunto ao redor do globo, foram-se desvendando alguns dos mistérios, mas nem sempre estas explicações parecem ter ficado claras para todas as pessoas.
Pois bem. O vírus está presente nos fluídos corporais: Sangue, esperma, secreção vaginal e inclusive nas lágrimas (no caso das lágrimas, não em quantidade possível de contaminação). O vírus se contrai basicamente pelo contacto dele à rede sanguínea. E aqui temos um mito clássico, antigo e um dos mais perigosos no presente.
Passo a explicar: Sabe-se que o esperma contém uma massiva carga viral e alguns anos atrás, era comum, em conversas de baixo tom e só entre pessoas muito amigas, que surgissem revelações do tipo: “Não deixei que ejaculasse dentro”. Este mito, infelizmente, ainda existe. O problema é que durante o coito, sempre ocorrem micro fissuras das membranas e portanto, acesso à rede sanguínea. A parede vaginal é por natureza mais elástica e resistente, mas a anal não, sendo facilmente rompida. A glande do pênis também sofre micro lesões, a começar pela penetração, por causa do contato com os pêlos. Portanto com ou sem a presença de esperma, a fricção vai causar, numa probabilidade alta, troca de sangue.
Beijo na boca, toques, contactos físicos, mesmo com o esperma (sem possível contato sanguíneo), não transmitem o vírus, muito menos usar um mesmo toilet que uma pessoa soro-positiva tenha usado. O vírus não resiste a baixas temperaturas, ou mesmo altas. Lembrem-se de suas aulas de biologia da sexta ou sétima série quando estudaram virologia.
Existem controversas quanto a transmissão por sexo oral. Em geral os responsáveis de saúde, e principalmente os americanos, alertam para o fato do sexo oral contaminar uma pessoa. Contudo, não existem provas efetivas. Existe um grupo de soro-positivos que juram de pé juntos, que contraíram o vírus através de felação. Na pesquisa não se fala se tiveram contacto com esperma ou em que condições era a higiene dentária desta gente. Existem inúmeras pessoas que praticam sexo oral sem proteção e que continuam negativas. Contudo, cabe ao seu livre arbítrio. Mas não “paniquem” ou façam figuras tristes!
Quando foi a última vez que você ouviu falar de algum conhecido ou alguma figura pública que tenha morrido de AIDS? Quem tem morrido desta síndrome? Tóxico-dependentes, pessoas que não fazem o tratamento e ou que não respondem a ele. Em geral, a terapêutica é um sucesso e as pessoas contaminadas com o HIV passaram a viver apenas com uma condição a controlar.
As pessoas que fazem a terapêutica passam por controles que podem variar entre períodos de 3 em 3 meses ou até de 6 em 6 meses. São contadas o número de células CD4 e CD8. Na verdade, mais células da composição imunitária são consideradas, mas é um rácio deste valor global que determina o quão a pessoa está respondendo ou se mantendo com o tratamento. Também é contada a própria carga viral no sangue, para se saber o número de cópias do vírus e controlar o aumento populacional do mesmo.
O que as drogas fazem, a grosso modo, é criar um disfarce nas células de forma que o vírus não as identifique como alvo, ou, casa! O vírus, depende de sua instalação feita numa célula, caso contrário, morre em pouco tempo. As pessoas que fazem a terapêutica, via de regra, tem o que se chama carga negativa, ou seja, sua corrente sanguínea contém um valor muito, muito baixo da presença do vírus. E por que não se curam então? A contaminação ao fim de um ‘x’ tempo leva o vírus a se instalar em todos os órgãos e inclusive na medula, onde se forma o sangue. Somente um transplante massivo de tudo, ao mesmo tempo, poderia trazer esperança. Talvez em 2167…
Novos medicamentos têm surgido nos últimos dez anos e apesar da cura ainda não ter sido encontrada - lembrem-se que até hoje, o único vírus erradicado e controlado na história humana foi o da varíola - o controle para evitar as doenças tem sido desenvolvido de forma a garantir que as pessoas que estariam condenadas a no máximo terem mais dez anos de vida, viverem e planearem uma vida normal, com um futuro.
Recentemente eu li um artigo que circula pela Internet onde um indivíduo diz absurdos sobre os remédios e sobre o AZT, dizendo serem eles os causadores da baixa do sistema imunitário. O AZT é de fato uma droga criada para o tratamento do câncer e que, por função, destrói células, inclusive saudáveis. Porém, foi a droga pioneira usada como terapêutica e não só, ainda compõe o batizado ‘cocktail’ composto por três drogas e que alargou, inquestionavelmente, a expectativa dos grupos contaminados .
Também é verdade que ainda não passou tempo suficiente para se falar com firmeza e segurança sobre efeitos colaterais do uso sistemático e contínuo destas drogas, mas ainda sim, na minha opinião, o mal maior foi causado um passo atrás …
A cada 11 segundos, mais uma pessoa se contamina com o vírus ao redor do planeta. Os índices mais altos apontam para a África, onde nem prevenção ou tratamento são aplicados em uma escala geral. No universo das línguas latinas, é o grupo dos heterossexuais, o considerado de maior risco.
Do dia do contato até 3 meses para frente, os testes feitos a procura de contaminação podem se apresentar negativos e normalmente, algures neste intervalo, a pessoa passa por um dia ou dois de febre alta, denominada de soro conversão. Contudo, e muito importante que se saiba isso, se você se viu envolvido num acidente de percurso e sabe da probabilidade de ter sido contaminado, procure seu posto de saúde o mais rápido possível, explique-se e peça tratamento.
Se a terapêutica for tomada pelos primeiros 3 meses, o mesmo tempo que o vírus precisaria para tomar conta de todos os órgãos, a pessoa pode erradicá-lo de seu corpo, sim, curar-se. Por isso, não fique em agonia e de braços cruzados a espera que 3 meses passem para se fazer um teste. Esta situação é muito comum no meio médico, entre cirurgiões e profissionais da área, mas não é divulgado!
Entendo que o tratamento custe uma fortuna, cerca de $ 1000,00 por paciente/mês, mas este lado obscuro, irresponsável, negligente e quase assassino dos governos, num nível mundial, deve ser questionado! Brigue, insista e argumente! Infelizmente a incompetência é um mal instalado por todos os sistemas e é global, do terceiro ao primeiro mundo. As pessoas com poder de reencaminhar os “pacientes” para os verdadeiros e esclarecidos profissionais da área podem causar alguns contra-tempos e dar falsas informações – os verdadeiros portadores de ignorância. A lista de casos absurdos e vidas perdidas ou condenadas por negligência e por ignorância é uma vergonha, uma lástima.
Contaminar-se “por opção” ou seja, fazer sexo sem proteção, em pleno terceiro milênio é tão estúpido quanto engravidar na adolescência. Se a camisa rebentou, procure seu médico, explique o que houve e dependendo do contexto em que isso ocorreu, peça pelo tratamento.
Se você já está contaminado, use a camisinha na mesma. Seu corpo já tem lutado o suficiente contra os organismos que andam a devorá-lo por dentro, não precisa de se envolver em mais infecções de doenças transmitidas pelo sexo, sem falar das novas e diferentes estirpes de HIV que você pode contrair e começar a colecionar em seu corpo.
Se você se descobriu soro-positivo recentemente, não se desespere. Respire fundo e dê tempo ao tempo. Siga sua vida, alimente-se, mude hábitos e mais do que nunca, seja feliz, envolva-se em projectos que lhe tragam retorno positivo e a vida pode se tornar, surpreendentemente, mais saudável do que nunca.
Uma boa semana para todos e um Feliz 2007!
Eduardo Divério.
Já passaram bem mais de vinte anos do surgimento dos primeiros casos de doentes de AIDS e hoje, estima-se, considerando valores oficiais, que existam quarenta milhões de pessoas contaminadas. Mas oficial também é o fato que este número, na realidade, é bem superior.
Foi um grande susto, um grande tabu e durante anos as pessoas seguiram sem saber ao certo o que era, como se contraía e os mais diversos mitos nasceram ao redor do assunto. Contudo, com centenas de pessoas estudando o assunto ao redor do globo, foram-se desvendando alguns dos mistérios, mas nem sempre estas explicações parecem ter ficado claras para todas as pessoas.
Pois bem. O vírus está presente nos fluídos corporais: Sangue, esperma, secreção vaginal e inclusive nas lágrimas (no caso das lágrimas, não em quantidade possível de contaminação). O vírus se contrai basicamente pelo contacto dele à rede sanguínea. E aqui temos um mito clássico, antigo e um dos mais perigosos no presente.
Passo a explicar: Sabe-se que o esperma contém uma massiva carga viral e alguns anos atrás, era comum, em conversas de baixo tom e só entre pessoas muito amigas, que surgissem revelações do tipo: “Não deixei que ejaculasse dentro”. Este mito, infelizmente, ainda existe. O problema é que durante o coito, sempre ocorrem micro fissuras das membranas e portanto, acesso à rede sanguínea. A parede vaginal é por natureza mais elástica e resistente, mas a anal não, sendo facilmente rompida. A glande do pênis também sofre micro lesões, a começar pela penetração, por causa do contato com os pêlos. Portanto com ou sem a presença de esperma, a fricção vai causar, numa probabilidade alta, troca de sangue.
Beijo na boca, toques, contactos físicos, mesmo com o esperma (sem possível contato sanguíneo), não transmitem o vírus, muito menos usar um mesmo toilet que uma pessoa soro-positiva tenha usado. O vírus não resiste a baixas temperaturas, ou mesmo altas. Lembrem-se de suas aulas de biologia da sexta ou sétima série quando estudaram virologia.
Existem controversas quanto a transmissão por sexo oral. Em geral os responsáveis de saúde, e principalmente os americanos, alertam para o fato do sexo oral contaminar uma pessoa. Contudo, não existem provas efetivas. Existe um grupo de soro-positivos que juram de pé juntos, que contraíram o vírus através de felação. Na pesquisa não se fala se tiveram contacto com esperma ou em que condições era a higiene dentária desta gente. Existem inúmeras pessoas que praticam sexo oral sem proteção e que continuam negativas. Contudo, cabe ao seu livre arbítrio. Mas não “paniquem” ou façam figuras tristes!
Quando foi a última vez que você ouviu falar de algum conhecido ou alguma figura pública que tenha morrido de AIDS? Quem tem morrido desta síndrome? Tóxico-dependentes, pessoas que não fazem o tratamento e ou que não respondem a ele. Em geral, a terapêutica é um sucesso e as pessoas contaminadas com o HIV passaram a viver apenas com uma condição a controlar.
As pessoas que fazem a terapêutica passam por controles que podem variar entre períodos de 3 em 3 meses ou até de 6 em 6 meses. São contadas o número de células CD4 e CD8. Na verdade, mais células da composição imunitária são consideradas, mas é um rácio deste valor global que determina o quão a pessoa está respondendo ou se mantendo com o tratamento. Também é contada a própria carga viral no sangue, para se saber o número de cópias do vírus e controlar o aumento populacional do mesmo.
O que as drogas fazem, a grosso modo, é criar um disfarce nas células de forma que o vírus não as identifique como alvo, ou, casa! O vírus, depende de sua instalação feita numa célula, caso contrário, morre em pouco tempo. As pessoas que fazem a terapêutica, via de regra, tem o que se chama carga negativa, ou seja, sua corrente sanguínea contém um valor muito, muito baixo da presença do vírus. E por que não se curam então? A contaminação ao fim de um ‘x’ tempo leva o vírus a se instalar em todos os órgãos e inclusive na medula, onde se forma o sangue. Somente um transplante massivo de tudo, ao mesmo tempo, poderia trazer esperança. Talvez em 2167…
Novos medicamentos têm surgido nos últimos dez anos e apesar da cura ainda não ter sido encontrada - lembrem-se que até hoje, o único vírus erradicado e controlado na história humana foi o da varíola - o controle para evitar as doenças tem sido desenvolvido de forma a garantir que as pessoas que estariam condenadas a no máximo terem mais dez anos de vida, viverem e planearem uma vida normal, com um futuro.
Recentemente eu li um artigo que circula pela Internet onde um indivíduo diz absurdos sobre os remédios e sobre o AZT, dizendo serem eles os causadores da baixa do sistema imunitário. O AZT é de fato uma droga criada para o tratamento do câncer e que, por função, destrói células, inclusive saudáveis. Porém, foi a droga pioneira usada como terapêutica e não só, ainda compõe o batizado ‘cocktail’ composto por três drogas e que alargou, inquestionavelmente, a expectativa dos grupos contaminados .
Também é verdade que ainda não passou tempo suficiente para se falar com firmeza e segurança sobre efeitos colaterais do uso sistemático e contínuo destas drogas, mas ainda sim, na minha opinião, o mal maior foi causado um passo atrás …
A cada 11 segundos, mais uma pessoa se contamina com o vírus ao redor do planeta. Os índices mais altos apontam para a África, onde nem prevenção ou tratamento são aplicados em uma escala geral. No universo das línguas latinas, é o grupo dos heterossexuais, o considerado de maior risco.
Do dia do contato até 3 meses para frente, os testes feitos a procura de contaminação podem se apresentar negativos e normalmente, algures neste intervalo, a pessoa passa por um dia ou dois de febre alta, denominada de soro conversão. Contudo, e muito importante que se saiba isso, se você se viu envolvido num acidente de percurso e sabe da probabilidade de ter sido contaminado, procure seu posto de saúde o mais rápido possível, explique-se e peça tratamento.
Se a terapêutica for tomada pelos primeiros 3 meses, o mesmo tempo que o vírus precisaria para tomar conta de todos os órgãos, a pessoa pode erradicá-lo de seu corpo, sim, curar-se. Por isso, não fique em agonia e de braços cruzados a espera que 3 meses passem para se fazer um teste. Esta situação é muito comum no meio médico, entre cirurgiões e profissionais da área, mas não é divulgado!
Entendo que o tratamento custe uma fortuna, cerca de $ 1000,00 por paciente/mês, mas este lado obscuro, irresponsável, negligente e quase assassino dos governos, num nível mundial, deve ser questionado! Brigue, insista e argumente! Infelizmente a incompetência é um mal instalado por todos os sistemas e é global, do terceiro ao primeiro mundo. As pessoas com poder de reencaminhar os “pacientes” para os verdadeiros e esclarecidos profissionais da área podem causar alguns contra-tempos e dar falsas informações – os verdadeiros portadores de ignorância. A lista de casos absurdos e vidas perdidas ou condenadas por negligência e por ignorância é uma vergonha, uma lástima.
Contaminar-se “por opção” ou seja, fazer sexo sem proteção, em pleno terceiro milênio é tão estúpido quanto engravidar na adolescência. Se a camisa rebentou, procure seu médico, explique o que houve e dependendo do contexto em que isso ocorreu, peça pelo tratamento.
Se você já está contaminado, use a camisinha na mesma. Seu corpo já tem lutado o suficiente contra os organismos que andam a devorá-lo por dentro, não precisa de se envolver em mais infecções de doenças transmitidas pelo sexo, sem falar das novas e diferentes estirpes de HIV que você pode contrair e começar a colecionar em seu corpo.
Se você se descobriu soro-positivo recentemente, não se desespere. Respire fundo e dê tempo ao tempo. Siga sua vida, alimente-se, mude hábitos e mais do que nunca, seja feliz, envolva-se em projectos que lhe tragam retorno positivo e a vida pode se tornar, surpreendentemente, mais saudável do que nunca.
Uma boa semana para todos e um Feliz 2007!
Eduardo Divério.