segunda-feira, fevereiro 12, 2007
A ‘Baixa’ dos Incompetentes
Na Quarta, eu sai do metropolitano na Baixa de Lisboa e apesar do intenso frio, o céu estava muito azul e com um lindo e luminoso sol. Lembro-me que ainda me ocorreu que estas eram uma das vantagens de se viver numa capital europeia pequena, quero dizer, em Londres eu não teria tempo de pegar o metro, na hora do almoço, para ir a zona alguma!
Estava atrás de um desses forros de colchão eléctricos. Eu não sei como eu vivi 35 anos, em dois países de Inverno rigoroso, sem sistema de aquecimento central e sem estes forros! Desde que os descobri, minha vida mudou e pensei em oferece-los de presente a minha família.
Entrei numa das mais conhecidas e populares lojas de bazar da Baixa lisboeta e rapidamente localizei o andar e a mercadoria. Porém, qualquer detalhe do produto estava ou em Espanhol ou em Alemão (tudo bem, a isso chamamos mercado aberto europeu). Não me restava muito senão esperar que uma atendedora me livrasse de algumas dúvidas.
A atendedora, apesar de ver-me parado ao seu lado, enquanto ela atendia uma outra potencial compradora, não me disse nada, nunca. Nem um ‘Só um momento, por favor’ ou ‘Já lhe atendo’. Nada que prendesse minha vontade em esperar, aliás, nada de nada!! Na verdade, ela ignorava-me por completo.
Ouvia-a a explicar à mulher que só tinham aqueles dois artigos, um que aquecia em 10 minutos e o outro que levava cerca de uma hora. Naturalmente com uma grande diferença de preço entre eles e não só, o mais caro tinha dois controladores de calor, um para cada pessoa do modelo casal e o mais barato, tinha apenas um controlador. A cliente não se conformava que o mais barato só tivesse um controlador e a conversa das duas era redundante e argumentativa, mas certamente, um terceiro produto não iria se materializar ali, por conta do desejo dela!!
Eu, que criava raízes ali, observando aquele ‘chover no molhado’ deixei meus braços, que estavam suspensos segurando um dos produtos, caírem cerca de 30º por puro desânimo e impaciência. A cliente percebeu minha insatisfação e ela disse a vendedora que eu deveria estar a espera. Esta, sequer olhou-me e então eu disse que eram só algumas perguntas, ao que se decorreram desta forma:
_ Isso não é uma manta, é um forro de colchão, certo?
_ Sim – O sim mais inexpressivo da história da minha vida.
_ Tem tamanho solteiro?
_ Sim - O segundo mais!
_ E quanto custa?
_ O preço está marcado na mercadoria, mas são € 60,00. O senhor tem que esperar. Eu estou atendendo uma cliente, quando acabar, lhe dou atenção.
Neste ponto, apesar de eu ter voltado para o redor das mercadorias, eu apenas via bolas vermelhas e verdes a minha frente. Então, uma segunda vendedora, que assistiu ao chá de indelicadeza profissional de sua colega, veio até mim e perguntou-me se eu precisava de algo:
_ Quer ajuda?
_ Não! Eu não quero nada desta loja, aliás, - neste ponto eu passei o produto para os braços dela – eu nem sei o que ainda estou fazendo nesta loja!
Faz 15 anos que escuto os mercantes da Baixa lisboeta se queixarem da falta de
movimento, da preferência das pessoas por lojas de grandes superfícies cobertas, shoppings, retails, enfim. Mas a Baixa é ‘O’ local em Lisboa onde mais mal atendidos nós somos, onde mais absurdos acontecem no ramo do comércio.
Primeiro, que é um mercado que parece não acompanhar as evoluções da sociedade e algumas lojas se dão o luxo de fechar para almoço. Como se em Portugal fosse pacífico sair em hora de expediente para resolver coisas pessoais. Depois, você entra num local e ninguém dá ciência disso, ninguém tem a mais básica noção de atendimento ao cliente, ainda que as mais básicas noções deste serviço tenham mais de 20 anos.
Sei que os empregados não ganham comissão e sei que os empregadores os exploram, mas também sei que no final da compra, tenha sido culpa do empregado, do patrão ou do ministro da economia, inevitavelmente, eu pagarei 21% de I.V.A sobre a compra, portando, ‘ponham-se a pau’!
É o fim total do bom senso, uma pessoa que ganha sua vida a construir uma carreira no comércio, ser tão azeda, mal formada e que culpe os outros pela miséria que é sua existência!
A Baixa lisboeta está tomada por este tipo de incompetência, de arrogância, de mau trato, de falta de visão comercial e de má formação.
Somos cada vez mais no planeta e com tanta procura, a oferta tem que ser competitiva, valiosa de alguma forma. Quem vende, precisa prestar um serviço ao redor da mercadoria, dar a deferência aquele que escolheu a sua loja entre tantas outras. Só que paga, quem compra é que temo poder de mudar isso! Selecione seus locais de compra e diga ‘Não’ a má formação. O bom senso agradece.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Na Quarta, eu sai do metropolitano na Baixa de Lisboa e apesar do intenso frio, o céu estava muito azul e com um lindo e luminoso sol. Lembro-me que ainda me ocorreu que estas eram uma das vantagens de se viver numa capital europeia pequena, quero dizer, em Londres eu não teria tempo de pegar o metro, na hora do almoço, para ir a zona alguma!
Estava atrás de um desses forros de colchão eléctricos. Eu não sei como eu vivi 35 anos, em dois países de Inverno rigoroso, sem sistema de aquecimento central e sem estes forros! Desde que os descobri, minha vida mudou e pensei em oferece-los de presente a minha família.
Entrei numa das mais conhecidas e populares lojas de bazar da Baixa lisboeta e rapidamente localizei o andar e a mercadoria. Porém, qualquer detalhe do produto estava ou em Espanhol ou em Alemão (tudo bem, a isso chamamos mercado aberto europeu). Não me restava muito senão esperar que uma atendedora me livrasse de algumas dúvidas.
A atendedora, apesar de ver-me parado ao seu lado, enquanto ela atendia uma outra potencial compradora, não me disse nada, nunca. Nem um ‘Só um momento, por favor’ ou ‘Já lhe atendo’. Nada que prendesse minha vontade em esperar, aliás, nada de nada!! Na verdade, ela ignorava-me por completo.
Ouvia-a a explicar à mulher que só tinham aqueles dois artigos, um que aquecia em 10 minutos e o outro que levava cerca de uma hora. Naturalmente com uma grande diferença de preço entre eles e não só, o mais caro tinha dois controladores de calor, um para cada pessoa do modelo casal e o mais barato, tinha apenas um controlador. A cliente não se conformava que o mais barato só tivesse um controlador e a conversa das duas era redundante e argumentativa, mas certamente, um terceiro produto não iria se materializar ali, por conta do desejo dela!!
Eu, que criava raízes ali, observando aquele ‘chover no molhado’ deixei meus braços, que estavam suspensos segurando um dos produtos, caírem cerca de 30º por puro desânimo e impaciência. A cliente percebeu minha insatisfação e ela disse a vendedora que eu deveria estar a espera. Esta, sequer olhou-me e então eu disse que eram só algumas perguntas, ao que se decorreram desta forma:
_ Isso não é uma manta, é um forro de colchão, certo?
_ Sim – O sim mais inexpressivo da história da minha vida.
_ Tem tamanho solteiro?
_ Sim - O segundo mais!
_ E quanto custa?
_ O preço está marcado na mercadoria, mas são € 60,00. O senhor tem que esperar. Eu estou atendendo uma cliente, quando acabar, lhe dou atenção.
Neste ponto, apesar de eu ter voltado para o redor das mercadorias, eu apenas via bolas vermelhas e verdes a minha frente. Então, uma segunda vendedora, que assistiu ao chá de indelicadeza profissional de sua colega, veio até mim e perguntou-me se eu precisava de algo:
_ Quer ajuda?
_ Não! Eu não quero nada desta loja, aliás, - neste ponto eu passei o produto para os braços dela – eu nem sei o que ainda estou fazendo nesta loja!
Faz 15 anos que escuto os mercantes da Baixa lisboeta se queixarem da falta de
movimento, da preferência das pessoas por lojas de grandes superfícies cobertas, shoppings, retails, enfim. Mas a Baixa é ‘O’ local em Lisboa onde mais mal atendidos nós somos, onde mais absurdos acontecem no ramo do comércio.
Primeiro, que é um mercado que parece não acompanhar as evoluções da sociedade e algumas lojas se dão o luxo de fechar para almoço. Como se em Portugal fosse pacífico sair em hora de expediente para resolver coisas pessoais. Depois, você entra num local e ninguém dá ciência disso, ninguém tem a mais básica noção de atendimento ao cliente, ainda que as mais básicas noções deste serviço tenham mais de 20 anos.
Sei que os empregados não ganham comissão e sei que os empregadores os exploram, mas também sei que no final da compra, tenha sido culpa do empregado, do patrão ou do ministro da economia, inevitavelmente, eu pagarei 21% de I.V.A sobre a compra, portando, ‘ponham-se a pau’!
É o fim total do bom senso, uma pessoa que ganha sua vida a construir uma carreira no comércio, ser tão azeda, mal formada e que culpe os outros pela miséria que é sua existência!
A Baixa lisboeta está tomada por este tipo de incompetência, de arrogância, de mau trato, de falta de visão comercial e de má formação.
Somos cada vez mais no planeta e com tanta procura, a oferta tem que ser competitiva, valiosa de alguma forma. Quem vende, precisa prestar um serviço ao redor da mercadoria, dar a deferência aquele que escolheu a sua loja entre tantas outras. Só que paga, quem compra é que temo poder de mudar isso! Selecione seus locais de compra e diga ‘Não’ a má formação. O bom senso agradece.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.