quarta-feira, março 28, 2007
A toa e ateu pela vida?
Algumas pessoas questionam-me, querendo saber, qual afinal é a minha religião. No que acredito, se tenho fé, se desenvolvo um lado espiritual. Bem, oficialmente, assim como tenho uma nacionalidade, fui iniciado e batizado como católico. Como nunca participei de nenhum outro ritual ou festa simbólica que me iniciasse em coisa diferente, e nem fui excomungado, acho que continuo sendo católico. Talvez não tanto quanto brasileiro, mas num nível de prática semelhante, para menos.
Como a principal data do calendário católico aproxima-se, e sendo um, oficialmente pelo menos, pus-me a pensar então sobre o assunto e conectar os vários dots que compoem a minha rede de pensamentos.
Sem querer trazer o passado porco de ninguém à tona, para mim, basicamente ser católico, hoje em dia, é estar sempre se arrependendo e penando por alguma “coisa errada” que se tenha feito, masi, que se sinta muito medo do “Deus do amor”. A lista de coisas boas, e cristãs, não importando seu tamanho, não serve como álibi ou atenuante no julgamento da lista de coisas ruins, pelas quais se deve pagar, com dor, pois só o sofrimento cura, transforma. Isso, sem falar da ameaça do tal do purgatório, quiçá, o próprio inferno!
Ao meu ver, o catolicismo, anda tão divido e confuso que é difícil tê-lo como orientação de alguma coisa, quero dizer, parece que o grupo das pessoas que retém um significado mais conteporâneo, mais humano, talvez mais cristão, é muito reduzido e silencioso. Não só, as novas leituras, interpretações e expectativas, parecem ser cifradas, apesar de serem feitas sobre os mesmos velhos livros. No geral, e por alguma forte razão, o catolicismo continua sendo mais um regime do que uma religião. Por fim, talvez ou tão somente, o catolicismo não é aberto quanto a orientação sexual humana, não só, eles condenam as relações homossexuais, logo, ‘to fora!
O Espiritismo tem como base a reencarnação. São muito compreensivos, muito amigos, dão toda uma razão a este vir e ir e voltar de novo. Temos que espiar nosso karma e nos purificar de forma a vibrarmos numa sintonia em que o espírito consiga finalmente desprender-se da gravidade da terra, evoluídos. Mães, irmãos e amigos são uma rede de conexões onde passamos vidas aprendendo, pagando, espiando, compensando, enfim. Mas quando isso tudo começou, mesmo? E esta cena de se esquecer tudo?! Halooo! Como posso seguir de onde deixei? Se o corpo é uma casca e o espírito é que conta, mas pelo amor de quem, é que ficamos passando por aqui? E a evolução? Onde está ela? O ser humano cada vez mais egoísta e o planeta se afogando no degelo Polar! Depois, é-me difícil entender, por pura questão aritmética, quero dizer, se continuamos voltando, como raio já somamos 6 bilhões? Que fábrica de espíritos é essa e quando acaba este looping? Logo, ‘to fora!
O Budismo, apesar de não ser uma religião, parece-me um excelente guia de espiritualidade, de comportamento onde se elevam as intenções e consequentemente o resultado de nossos actos. Mas eles acreditam que Buda reencarna de gerações em gerações e eu não acredito em reencarnação, pelas razões acima citadas, logo, ‘to fora!
O Candomblé e a Umbanda têm uma mitologia muito interessante, muito bonita, mas confesso que esta coisa de ficar batendo tambor, para além de achar primitiva demais, dá-me imensa dor de cabeça e depois, toda aquela coisa de despachar ‘trabalhos’ pelas ruas, comer cera de vela, matar bichinhos e otras cositas mas são um bocado anti ecológicas e também contra os direitos dos animais, portanto, ‘to fora!
O Judaísmo, bem, eu sou crítico demais e seria um péssimo ombro amigo para qualquer um que depois de ter visto o mar se abrir, formando um corredor para que uma multidão inteira fugisse de uma armada, caísse numa orgia no meio do deserto por falta de um sinal. Haloooo!! Eles buscam tanto as coisas, só que quando elas chegam, eles não reconhecem-nas! Continuam a espera do Messias, agora vejam-me lá! Depois, eu adoro árvores de Natal, logo, ‘to fora!
O islamismo, é assim: Para além de não concordar com o fato de como a mulher é vista e tratada, não concordar com sua visão em relação aos homossexuais, não ser capaz de passar pelo Ramadão (pois não aguento ficar sem comer mais do que 3 horas), sou péssimo em dar direções, o que me dificultaria estar procurando o lado certo para apontar a cabeça e rezar. Logo, ‘to fora!
Os Adventistas, Testemunhas de Jeová e semelhantes, ao meu ver, deveriam se unir aos que praticam Cientologia, sim, porque não devem sequer ser deste planeta. Não poder comer isso e aquilo, não poder cortar o cabelo e virar o dia às 18:00, com o mundo globalizado como está, não rola, depois porque só faço faxinas aos Sábados, logo, ‘to fora!
Os da Assembleia do Reino de Deus, por mim, podiam comprar um cine-teatro art deco qualquer, na Faixa de Gaza, e continuar desenvolvendo o trabalho que fazem, mas eu, ‘to fora!
A religião, um guia espiritual, deveria ser algo que me compreende como ser humano e não eu, como ser humano, ter que estar compreedendo e lendo nas entre linhas o que está ali escrito, onde afinal, pode ter outra interpretação.
Eu olho para a história da humanidade e encontro nela, civilizações que viveram baseadas em suas religiões por mais de 2000, 3000 anos, mas que hoje, não só não nos servem, como são tidas como mitologia ou histórias para canal particular de TV a cabo.
Dizem que o ser humano precisa ter fé em algo, precisa senti-la, como se este sentimento fosse parte integrante do sistema cerebral que comanda o equilíbrio mental. Pois bem, não ponho isso em causa, pois continuamos sem saber de onde viemos e para onde vamos. Aceito tudo o que existe, mas como teorias, como hipóteses de uma grande investigação. Mas uma investigação que vem sido feita, não por um império, por uma civilização ou uma época, mas por toda a raça humana, ao longo de toda a nossa história. Se pensarmos, intuitivamente, empiricamente, curiosamente um legado de informações e ‘testes’ tem sido deixado pelo próprio homem, na busca do que somos, ou de quem somos!
Cansa-me esta pretensão das afirmações e dos dogmas que postulam saber o que é e como é. Cansa-me que a psicologia, que o estudo do comportamento humano, seja uma cadeira ignorada, pois de facto, ela mesmo explicaria as nossas fixações e medos pelos nossos Deuses.
Acredito na psicologia, na ciência, na energia e no átomo. Aceito as teorias da relatividade, do caos, do universo holográfico e do universo paralelo. Imagino que não estejamos sozinhos no universo. Acredito que as pessoas estão ligadas por uma energia, que o ser humano tenha poderes que ainda não sabe ‘acordar’ e que existam aqueles que já os têm ‘acordado’. Contudo, acredito que isso tudo está ainda verdadeiramente por ser explicado e que hoje, o que temos, são especulações, material de pesquisa, de uma investigação maior. Acredito no poder do ser humano em enviar uma máquina ao espaço, pousá-la por lá e trazê-la de volta, provando que o que sabemos sobre física e matemática, até hoje, esta correto.
Acredito na história, acredito no poder de fantasia do homem e acredito nas consequências do medo humano. Acredito na matéria e acredito que exista imensa coisa, ainda, por ser descoberta, achada, entendida e aí, deitar por terra muitas teorias e crenças existentes ou, por que não, confirmar outras tantas.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Algumas pessoas questionam-me, querendo saber, qual afinal é a minha religião. No que acredito, se tenho fé, se desenvolvo um lado espiritual. Bem, oficialmente, assim como tenho uma nacionalidade, fui iniciado e batizado como católico. Como nunca participei de nenhum outro ritual ou festa simbólica que me iniciasse em coisa diferente, e nem fui excomungado, acho que continuo sendo católico. Talvez não tanto quanto brasileiro, mas num nível de prática semelhante, para menos.
Como a principal data do calendário católico aproxima-se, e sendo um, oficialmente pelo menos, pus-me a pensar então sobre o assunto e conectar os vários dots que compoem a minha rede de pensamentos.
Sem querer trazer o passado porco de ninguém à tona, para mim, basicamente ser católico, hoje em dia, é estar sempre se arrependendo e penando por alguma “coisa errada” que se tenha feito, masi, que se sinta muito medo do “Deus do amor”. A lista de coisas boas, e cristãs, não importando seu tamanho, não serve como álibi ou atenuante no julgamento da lista de coisas ruins, pelas quais se deve pagar, com dor, pois só o sofrimento cura, transforma. Isso, sem falar da ameaça do tal do purgatório, quiçá, o próprio inferno!
Ao meu ver, o catolicismo, anda tão divido e confuso que é difícil tê-lo como orientação de alguma coisa, quero dizer, parece que o grupo das pessoas que retém um significado mais conteporâneo, mais humano, talvez mais cristão, é muito reduzido e silencioso. Não só, as novas leituras, interpretações e expectativas, parecem ser cifradas, apesar de serem feitas sobre os mesmos velhos livros. No geral, e por alguma forte razão, o catolicismo continua sendo mais um regime do que uma religião. Por fim, talvez ou tão somente, o catolicismo não é aberto quanto a orientação sexual humana, não só, eles condenam as relações homossexuais, logo, ‘to fora!
O Espiritismo tem como base a reencarnação. São muito compreensivos, muito amigos, dão toda uma razão a este vir e ir e voltar de novo. Temos que espiar nosso karma e nos purificar de forma a vibrarmos numa sintonia em que o espírito consiga finalmente desprender-se da gravidade da terra, evoluídos. Mães, irmãos e amigos são uma rede de conexões onde passamos vidas aprendendo, pagando, espiando, compensando, enfim. Mas quando isso tudo começou, mesmo? E esta cena de se esquecer tudo?! Halooo! Como posso seguir de onde deixei? Se o corpo é uma casca e o espírito é que conta, mas pelo amor de quem, é que ficamos passando por aqui? E a evolução? Onde está ela? O ser humano cada vez mais egoísta e o planeta se afogando no degelo Polar! Depois, é-me difícil entender, por pura questão aritmética, quero dizer, se continuamos voltando, como raio já somamos 6 bilhões? Que fábrica de espíritos é essa e quando acaba este looping? Logo, ‘to fora!
O Budismo, apesar de não ser uma religião, parece-me um excelente guia de espiritualidade, de comportamento onde se elevam as intenções e consequentemente o resultado de nossos actos. Mas eles acreditam que Buda reencarna de gerações em gerações e eu não acredito em reencarnação, pelas razões acima citadas, logo, ‘to fora!
O Candomblé e a Umbanda têm uma mitologia muito interessante, muito bonita, mas confesso que esta coisa de ficar batendo tambor, para além de achar primitiva demais, dá-me imensa dor de cabeça e depois, toda aquela coisa de despachar ‘trabalhos’ pelas ruas, comer cera de vela, matar bichinhos e otras cositas mas são um bocado anti ecológicas e também contra os direitos dos animais, portanto, ‘to fora!
O Judaísmo, bem, eu sou crítico demais e seria um péssimo ombro amigo para qualquer um que depois de ter visto o mar se abrir, formando um corredor para que uma multidão inteira fugisse de uma armada, caísse numa orgia no meio do deserto por falta de um sinal. Haloooo!! Eles buscam tanto as coisas, só que quando elas chegam, eles não reconhecem-nas! Continuam a espera do Messias, agora vejam-me lá! Depois, eu adoro árvores de Natal, logo, ‘to fora!
O islamismo, é assim: Para além de não concordar com o fato de como a mulher é vista e tratada, não concordar com sua visão em relação aos homossexuais, não ser capaz de passar pelo Ramadão (pois não aguento ficar sem comer mais do que 3 horas), sou péssimo em dar direções, o que me dificultaria estar procurando o lado certo para apontar a cabeça e rezar. Logo, ‘to fora!
Os Adventistas, Testemunhas de Jeová e semelhantes, ao meu ver, deveriam se unir aos que praticam Cientologia, sim, porque não devem sequer ser deste planeta. Não poder comer isso e aquilo, não poder cortar o cabelo e virar o dia às 18:00, com o mundo globalizado como está, não rola, depois porque só faço faxinas aos Sábados, logo, ‘to fora!
Os da Assembleia do Reino de Deus, por mim, podiam comprar um cine-teatro art deco qualquer, na Faixa de Gaza, e continuar desenvolvendo o trabalho que fazem, mas eu, ‘to fora!
A religião, um guia espiritual, deveria ser algo que me compreende como ser humano e não eu, como ser humano, ter que estar compreedendo e lendo nas entre linhas o que está ali escrito, onde afinal, pode ter outra interpretação.
Eu olho para a história da humanidade e encontro nela, civilizações que viveram baseadas em suas religiões por mais de 2000, 3000 anos, mas que hoje, não só não nos servem, como são tidas como mitologia ou histórias para canal particular de TV a cabo.
Dizem que o ser humano precisa ter fé em algo, precisa senti-la, como se este sentimento fosse parte integrante do sistema cerebral que comanda o equilíbrio mental. Pois bem, não ponho isso em causa, pois continuamos sem saber de onde viemos e para onde vamos. Aceito tudo o que existe, mas como teorias, como hipóteses de uma grande investigação. Mas uma investigação que vem sido feita, não por um império, por uma civilização ou uma época, mas por toda a raça humana, ao longo de toda a nossa história. Se pensarmos, intuitivamente, empiricamente, curiosamente um legado de informações e ‘testes’ tem sido deixado pelo próprio homem, na busca do que somos, ou de quem somos!
Cansa-me esta pretensão das afirmações e dos dogmas que postulam saber o que é e como é. Cansa-me que a psicologia, que o estudo do comportamento humano, seja uma cadeira ignorada, pois de facto, ela mesmo explicaria as nossas fixações e medos pelos nossos Deuses.
Acredito na psicologia, na ciência, na energia e no átomo. Aceito as teorias da relatividade, do caos, do universo holográfico e do universo paralelo. Imagino que não estejamos sozinhos no universo. Acredito que as pessoas estão ligadas por uma energia, que o ser humano tenha poderes que ainda não sabe ‘acordar’ e que existam aqueles que já os têm ‘acordado’. Contudo, acredito que isso tudo está ainda verdadeiramente por ser explicado e que hoje, o que temos, são especulações, material de pesquisa, de uma investigação maior. Acredito no poder do ser humano em enviar uma máquina ao espaço, pousá-la por lá e trazê-la de volta, provando que o que sabemos sobre física e matemática, até hoje, esta correto.
Acredito na história, acredito no poder de fantasia do homem e acredito nas consequências do medo humano. Acredito na matéria e acredito que exista imensa coisa, ainda, por ser descoberta, achada, entendida e aí, deitar por terra muitas teorias e crenças existentes ou, por que não, confirmar outras tantas.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
terça-feira, março 20, 2007
Em Nome do Amor
Muito frequentemente, eu escuto o depoimento de pessoas que narram como conheceram seus parceiros e a pequena história da trajetória até a união deste casal. Em geral, são histórias com coincidências, emoções afloradas repentinamente, impulsos e desejos que consomem a razão e tudo se transforma num lindo romance.
É ao romance onde vejo maioritariamente o sentimento do amor ser associado. Quando se fala em amor, parece-me comum pensarmos de imediato no cônjuge ou talvez, em alguém que ficou no passado mas que, de certo, dividiu um leito apaixonado conosco. Não pensamos no amor de pai, mãe, filho, amigo, padrinho, ama de leite, enfim. Nem suas histórias enchem-se de detalhes inconsequentes ou de investidas exageradas, entre jogos de sedução e uma falsa sensação de ser difícil viver sem aquela pessoa.
Mas o que mais chama a minha atenção, é que todos estas emoções, que vieram provavelmente da ponta da flecha de algum Cupido - uma vez que, segundo o senso comum, nós não escolhemos a quem amamos ou nos apaixonamos - devem ser suprimidas, sumirem, desaparecerem depois do ‘Sim, aceito’.
Todas aquelas emoções, donas de uma situação que jamais poderia ser racionalizada, que outrora não tinham explicação em sua origem e que nos arrebataram sem que pudéssemos respirar normalmente, se não consumássemos tal paixão, têm agora que passar a serem entendidas e contornadas, tão logo duas pessoas surjam como um casal.
Ou seja, tudo aquilo que não se conseguia controlar ou justificar, como se fosse uma força maior, vontade do destino, agora (depois) é obrigatório que corra sob uma filosofia, sob um pensamento julgador que liberte a pessoa de quebrar o juramento, o ‘Sim, aceito’.
Ao meu ver, a percentagem de casais que fazem a manutenção da sua escolha, voltando todos os dias a dizer ‘Sim’, com a consciência de tudo o que isso acarreta, é muito, mas muito inferior ao outro grupo que vive na ignorância e na ilusão que seu cônjuge deveria sentir mais nada, afetar ou ser afetado por mais nenhum ser humano, vivo ou morto.
Mas não é meu intuito aqui, discutir como as pessoas fazem esta manutenção ou quais são as ‘artimanhas’ que usam para saberem ou cobrarem o ponto onde seu cônjuge deve dizer NÃO. Meu intuito aqui é mostrar a ambiguidade com que se olham para as emoções humanas e a insensatez em que temos vivido enquanto modelos de sociedade.
Em nome do amor, as pessoas cometem verdadeiras loucuras. Mas quando a pessoa escolhida por elas, resolve jogar pelas mesmas regras, o sofrimento e o julgamento são implacáveis e ao meu ver, nojento.
Durante a conquista, durante os jogos de sedução, as pessoas são encorajadas a abraçarem tais emoções, libertarem-se e permitirem-se viver aquele sentimento, mesmo que de ante mão, elas já tenham percebido que a parceria em questão possa não ‘prestar’, não tomar decisões inteligentes ou que ainda, a probabilidade de dar estabilidade a um relacionamento com alguém seja visivelmente irrisória. Mas, como que sem escolha, em nome do amor, a pobre vítima do Cupido acaba por embarcar nesta viagem.
Mas uma aliança na mão esquerda parece fazer toda a diferença, como se fosse a parte do cérebro que faltasse para poder dar compreensão, atitude, discernimento de forma a se negar estas emoções, para sempre.
Um(a), que queria ‘aquela’ pessoa, modelou todo o seu universo e acreditou em tudo o que fosse preciso para endossar seu desejo. Numa situação de risco, podendo ela ver ‘aquela’ pessoa afastar-se dela, todos os argumentos poderão ser opostos e incoerentes aqueles que ela usara para conquistar ‘aquele’.
E isso é-nos introjetado, passado de mãe para filha, isso se sente no julgamento dos amigos na época primaveril de nossas vidas em que eles são o nosso tudo, transformando-nos em pessoas confusas e incapazes de passar por situações naturais com clareza, seguras.
Na verdade, meu intuito aqui não é o de salientar ou apoiar uma situação ou outra. Penso que as pessoas precisam entender os mecanismos humanos que nos fazem sentir atraídos por outras, que nos facilitam viver uma paixão e acima de tudo, suas durações e seus impactos em nossas vidas. Uma compreensão maior e mais vasta do sentimento do amor. Um misto da psicologia com filosofia, antes do ‘Sim, aceito’ e depois, sempre, em qualquer altura.
Dedico o texto desta semana para todos aqueles que estão prestes a dizer ‘Sim, aceito’. Que lhes seja permitido se livrarem de chavões ignorantes que arrastam e arrasam com a juventude irretornável de um ser. Que sejam capazes de achar em seus ‘corações’ a real razão em se seguir com uma parceria, ainda que isso envolva flechas ou não.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Muito frequentemente, eu escuto o depoimento de pessoas que narram como conheceram seus parceiros e a pequena história da trajetória até a união deste casal. Em geral, são histórias com coincidências, emoções afloradas repentinamente, impulsos e desejos que consomem a razão e tudo se transforma num lindo romance.
É ao romance onde vejo maioritariamente o sentimento do amor ser associado. Quando se fala em amor, parece-me comum pensarmos de imediato no cônjuge ou talvez, em alguém que ficou no passado mas que, de certo, dividiu um leito apaixonado conosco. Não pensamos no amor de pai, mãe, filho, amigo, padrinho, ama de leite, enfim. Nem suas histórias enchem-se de detalhes inconsequentes ou de investidas exageradas, entre jogos de sedução e uma falsa sensação de ser difícil viver sem aquela pessoa.
Mas o que mais chama a minha atenção, é que todos estas emoções, que vieram provavelmente da ponta da flecha de algum Cupido - uma vez que, segundo o senso comum, nós não escolhemos a quem amamos ou nos apaixonamos - devem ser suprimidas, sumirem, desaparecerem depois do ‘Sim, aceito’.
Todas aquelas emoções, donas de uma situação que jamais poderia ser racionalizada, que outrora não tinham explicação em sua origem e que nos arrebataram sem que pudéssemos respirar normalmente, se não consumássemos tal paixão, têm agora que passar a serem entendidas e contornadas, tão logo duas pessoas surjam como um casal.
Ou seja, tudo aquilo que não se conseguia controlar ou justificar, como se fosse uma força maior, vontade do destino, agora (depois) é obrigatório que corra sob uma filosofia, sob um pensamento julgador que liberte a pessoa de quebrar o juramento, o ‘Sim, aceito’.
Ao meu ver, a percentagem de casais que fazem a manutenção da sua escolha, voltando todos os dias a dizer ‘Sim’, com a consciência de tudo o que isso acarreta, é muito, mas muito inferior ao outro grupo que vive na ignorância e na ilusão que seu cônjuge deveria sentir mais nada, afetar ou ser afetado por mais nenhum ser humano, vivo ou morto.
Mas não é meu intuito aqui, discutir como as pessoas fazem esta manutenção ou quais são as ‘artimanhas’ que usam para saberem ou cobrarem o ponto onde seu cônjuge deve dizer NÃO. Meu intuito aqui é mostrar a ambiguidade com que se olham para as emoções humanas e a insensatez em que temos vivido enquanto modelos de sociedade.
Em nome do amor, as pessoas cometem verdadeiras loucuras. Mas quando a pessoa escolhida por elas, resolve jogar pelas mesmas regras, o sofrimento e o julgamento são implacáveis e ao meu ver, nojento.
Durante a conquista, durante os jogos de sedução, as pessoas são encorajadas a abraçarem tais emoções, libertarem-se e permitirem-se viver aquele sentimento, mesmo que de ante mão, elas já tenham percebido que a parceria em questão possa não ‘prestar’, não tomar decisões inteligentes ou que ainda, a probabilidade de dar estabilidade a um relacionamento com alguém seja visivelmente irrisória. Mas, como que sem escolha, em nome do amor, a pobre vítima do Cupido acaba por embarcar nesta viagem.
Mas uma aliança na mão esquerda parece fazer toda a diferença, como se fosse a parte do cérebro que faltasse para poder dar compreensão, atitude, discernimento de forma a se negar estas emoções, para sempre.
Um(a), que queria ‘aquela’ pessoa, modelou todo o seu universo e acreditou em tudo o que fosse preciso para endossar seu desejo. Numa situação de risco, podendo ela ver ‘aquela’ pessoa afastar-se dela, todos os argumentos poderão ser opostos e incoerentes aqueles que ela usara para conquistar ‘aquele’.
E isso é-nos introjetado, passado de mãe para filha, isso se sente no julgamento dos amigos na época primaveril de nossas vidas em que eles são o nosso tudo, transformando-nos em pessoas confusas e incapazes de passar por situações naturais com clareza, seguras.
Na verdade, meu intuito aqui não é o de salientar ou apoiar uma situação ou outra. Penso que as pessoas precisam entender os mecanismos humanos que nos fazem sentir atraídos por outras, que nos facilitam viver uma paixão e acima de tudo, suas durações e seus impactos em nossas vidas. Uma compreensão maior e mais vasta do sentimento do amor. Um misto da psicologia com filosofia, antes do ‘Sim, aceito’ e depois, sempre, em qualquer altura.
Dedico o texto desta semana para todos aqueles que estão prestes a dizer ‘Sim, aceito’. Que lhes seja permitido se livrarem de chavões ignorantes que arrastam e arrasam com a juventude irretornável de um ser. Que sejam capazes de achar em seus ‘corações’ a real razão em se seguir com uma parceria, ainda que isso envolva flechas ou não.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
quinta-feira, março 08, 2007
‘The Silence of the Lambs’
Parece-me comum que, numa sensação de conforto e confiança, entreguemos nossos pensamentos mais íntimos, medos e fantasias em conversa com algum amigo. Claro que esta sensação foi conquistada, foi testada, mas onde reside seu real conforto? Quem acaba por ser o responsável pelo estabelecimento e sucesso desta relação?
Como amigos ou ouvintes, se nos propomos a ser ou estar neste papel, torna-se absolutamente necessário que em algum ponto, nunca muito distante dos acontecimentos, emitamos nossa opinião ou sinal de discordância, se for o caso, ou então, que sejamos um túmulo eterno para aquele assunto ou ainda, apenas um fio terra daquele evento.
Chama-me a atenção a frequência com que pessoas que se disponibilizaram para nos ouvir, na linha ombro amigo, voltam a nos ‘atacar’, com brincadeiras sarcásticas, menosprezo e crueldade, transformando algo que lhes fora contado, em piada, disfarçado de humor inteligente.
As pessoas não dominam seus perfis psicológicos e ao mesmo tempo que precisam da sensação de serem úteis, compreensivas, precisam da sensação de cativar, entreterem. Totalmente a deriva de um conhecimento, usam de uma informação que lhe fora confiada – e que ajudou-a a cumprir seu papel de pessoa útil e prestativa – para atrair a atenção de outra, dividindo com ela algo que era suposto ser um segredo, que não se devia falar abertamente, criando um vínculo, dando uma prova de escolha – que ajudou-a a sentir-se amada, obtendo a atenção de seu alvo.
Infelizmente vejo este comportamento com um certo automatismo. Raras são as pessoas com uma postura definida, posicionadas. Eu tive um amigo, num passado distante já, a quem tinha não só muita confiança como uma imensa gratidão. Uma pessoa que ouvia-me e que se mostrava receptiva às adversidades do meu universo ao dela. Anos de relacionamento depois descobri, por outros amigos em comuns, os cruéis e levianos julgamentos que ele fazia de meu carácter.
As pessoas são inocentes por discordarem de nós, mas são cúmplices quando não emitem pareceres e culpadas quando discordam em silêncio, nos deixando acreditar que fomos aceitos, permitindo que voltemos a olhá-las da mesma forma, repetindo o mesmo comportamento.
É fato que existe quem deliberadamente saia falando o que lhe vem à cabeça e que deliberadamente nos tenha tomado por modelos de caráter, confiança e entendimento. Se isso for um caso isolado, realmente não vejo o que avaliar, mas se esta situação voltar a se repetir, e de novo, então o ouvinte deve se posicionar.
Dezenas destas falhas, nos outros em nós mesmos, evidenciam-se com o passar dos anos, com a soma da idade e com isso, uma sensação de mal investimento, de perda e má gestão humana em nossa vida. Todos os dias forço-me a lembrar, para não deixar de acreditar, para continuar me permitindo a conhecer pessoas, pois confesso, um desagradável desapontamento habita em meu peito e exatamente da mesma forma que desistimos de jogar na loteria, que nunca ganhamos, deixamos de nos incentivar, deixamos de incluir em nossos planos a disposição para deixar novas pessoas entrarem em nossa vida. Como se gerenciar o que já temos seja trabalho árduo o suficiente.
Houve um ponto de minha vida que olhei a volta e meu ciclo social não era o que eu tinha imaginado para mim, em minha plena juventude. Aí voltei-me para amigos do passado, distantes no tempo e na geografia e descobri que também eles pareciam cansados, afastados uns dos outros. E foi quando apercebi-me desta realidade do homem contemporâneo, da vida como ela tem sido, sendo como é, ponto.
O ser humano, na sua dita evolução, segue sem se conhecer, dando importância a coisas menores, totalmente externas a tudo e o mais doloroso desta percepção, para mim, é saber que isso dura pela maior parte da vida de cada indivíduo.
Dedico este texto a todos os ouvintes. Que tenham a percepção da responsabilidade de poderem ser a causa de decepções, traição e principalmente, perda de amor, de qualquer tipo. Nada na vida dói mais do que se perder um amor, de qualquer tipo.
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.
Parece-me comum que, numa sensação de conforto e confiança, entreguemos nossos pensamentos mais íntimos, medos e fantasias em conversa com algum amigo. Claro que esta sensação foi conquistada, foi testada, mas onde reside seu real conforto? Quem acaba por ser o responsável pelo estabelecimento e sucesso desta relação?
Como amigos ou ouvintes, se nos propomos a ser ou estar neste papel, torna-se absolutamente necessário que em algum ponto, nunca muito distante dos acontecimentos, emitamos nossa opinião ou sinal de discordância, se for o caso, ou então, que sejamos um túmulo eterno para aquele assunto ou ainda, apenas um fio terra daquele evento.
Chama-me a atenção a frequência com que pessoas que se disponibilizaram para nos ouvir, na linha ombro amigo, voltam a nos ‘atacar’, com brincadeiras sarcásticas, menosprezo e crueldade, transformando algo que lhes fora contado, em piada, disfarçado de humor inteligente.
As pessoas não dominam seus perfis psicológicos e ao mesmo tempo que precisam da sensação de serem úteis, compreensivas, precisam da sensação de cativar, entreterem. Totalmente a deriva de um conhecimento, usam de uma informação que lhe fora confiada – e que ajudou-a a cumprir seu papel de pessoa útil e prestativa – para atrair a atenção de outra, dividindo com ela algo que era suposto ser um segredo, que não se devia falar abertamente, criando um vínculo, dando uma prova de escolha – que ajudou-a a sentir-se amada, obtendo a atenção de seu alvo.
Infelizmente vejo este comportamento com um certo automatismo. Raras são as pessoas com uma postura definida, posicionadas. Eu tive um amigo, num passado distante já, a quem tinha não só muita confiança como uma imensa gratidão. Uma pessoa que ouvia-me e que se mostrava receptiva às adversidades do meu universo ao dela. Anos de relacionamento depois descobri, por outros amigos em comuns, os cruéis e levianos julgamentos que ele fazia de meu carácter.
As pessoas são inocentes por discordarem de nós, mas são cúmplices quando não emitem pareceres e culpadas quando discordam em silêncio, nos deixando acreditar que fomos aceitos, permitindo que voltemos a olhá-las da mesma forma, repetindo o mesmo comportamento.
É fato que existe quem deliberadamente saia falando o que lhe vem à cabeça e que deliberadamente nos tenha tomado por modelos de caráter, confiança e entendimento. Se isso for um caso isolado, realmente não vejo o que avaliar, mas se esta situação voltar a se repetir, e de novo, então o ouvinte deve se posicionar.
Dezenas destas falhas, nos outros em nós mesmos, evidenciam-se com o passar dos anos, com a soma da idade e com isso, uma sensação de mal investimento, de perda e má gestão humana em nossa vida. Todos os dias forço-me a lembrar, para não deixar de acreditar, para continuar me permitindo a conhecer pessoas, pois confesso, um desagradável desapontamento habita em meu peito e exatamente da mesma forma que desistimos de jogar na loteria, que nunca ganhamos, deixamos de nos incentivar, deixamos de incluir em nossos planos a disposição para deixar novas pessoas entrarem em nossa vida. Como se gerenciar o que já temos seja trabalho árduo o suficiente.
Houve um ponto de minha vida que olhei a volta e meu ciclo social não era o que eu tinha imaginado para mim, em minha plena juventude. Aí voltei-me para amigos do passado, distantes no tempo e na geografia e descobri que também eles pareciam cansados, afastados uns dos outros. E foi quando apercebi-me desta realidade do homem contemporâneo, da vida como ela tem sido, sendo como é, ponto.
O ser humano, na sua dita evolução, segue sem se conhecer, dando importância a coisas menores, totalmente externas a tudo e o mais doloroso desta percepção, para mim, é saber que isso dura pela maior parte da vida de cada indivíduo.
Dedico este texto a todos os ouvintes. Que tenham a percepção da responsabilidade de poderem ser a causa de decepções, traição e principalmente, perda de amor, de qualquer tipo. Nada na vida dói mais do que se perder um amor, de qualquer tipo.
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.