quarta-feira, março 28, 2007

 
A toa e ateu pela vida?

Algumas pessoas questionam-me, querendo saber, qual afinal é a minha religião. No que acredito, se tenho fé, se desenvolvo um lado espiritual. Bem, oficialmente, assim como tenho uma nacionalidade, fui iniciado e batizado como católico. Como nunca participei de nenhum outro ritual ou festa simbólica que me iniciasse em coisa diferente, e nem fui excomungado, acho que continuo sendo católico. Talvez não tanto quanto brasileiro, mas num nível de prática semelhante, para menos.

Como a principal data do calendário católico aproxima-se, e sendo um, oficialmente pelo menos, pus-me a pensar então sobre o assunto e conectar os vários dots que compoem a minha rede de pensamentos.

Sem querer trazer o passado porco de ninguém à tona, para mim, basicamente ser católico, hoje em dia, é estar sempre se arrependendo e penando por alguma “coisa errada” que se tenha feito, masi, que se sinta muito medo do “Deus do amor”. A lista de coisas boas, e cristãs, não importando seu tamanho, não serve como álibi ou atenuante no julgamento da lista de coisas ruins, pelas quais se deve pagar, com dor, pois só o sofrimento cura, transforma. Isso, sem falar da ameaça do tal do purgatório, quiçá, o próprio inferno!

Ao meu ver, o catolicismo, anda tão divido e confuso que é difícil tê-lo como orientação de alguma coisa, quero dizer, parece que o grupo das pessoas que retém um significado mais conteporâneo, mais humano, talvez mais cristão, é muito reduzido e silencioso. Não só, as novas leituras, interpretações e expectativas, parecem ser cifradas, apesar de serem feitas sobre os mesmos velhos livros. No geral, e por alguma forte razão, o catolicismo continua sendo mais um regime do que uma religião. Por fim, talvez ou tão somente, o catolicismo não é aberto quanto a orientação sexual humana, não só, eles condenam as relações homossexuais, logo, ‘to fora!

O Espiritismo tem como base a reencarnação. São muito compreensivos, muito amigos, dão toda uma razão a este vir e ir e voltar de novo. Temos que espiar nosso karma e nos purificar de forma a vibrarmos numa sintonia em que o espírito consiga finalmente desprender-se da gravidade da terra, evoluídos. Mães, irmãos e amigos são uma rede de conexões onde passamos vidas aprendendo, pagando, espiando, compensando, enfim. Mas quando isso tudo começou, mesmo? E esta cena de se esquecer tudo?! Halooo! Como posso seguir de onde deixei? Se o corpo é uma casca e o espírito é que conta, mas pelo amor de quem, é que ficamos passando por aqui? E a evolução? Onde está ela? O ser humano cada vez mais egoísta e o planeta se afogando no degelo Polar! Depois, é-me difícil entender, por pura questão aritmética, quero dizer, se continuamos voltando, como raio já somamos 6 bilhões? Que fábrica de espíritos é essa e quando acaba este looping? Logo, ‘to fora!

O Budismo, apesar de não ser uma religião, parece-me um excelente guia de espiritualidade, de comportamento onde se elevam as intenções e consequentemente o resultado de nossos actos. Mas eles acreditam que Buda reencarna de gerações em gerações e eu não acredito em reencarnação, pelas razões acima citadas, logo, ‘to fora!

O Candomblé e a Umbanda têm uma mitologia muito interessante, muito bonita, mas confesso que esta coisa de ficar batendo tambor, para além de achar primitiva demais, dá-me imensa dor de cabeça e depois, toda aquela coisa de despachar ‘trabalhos’ pelas ruas, comer cera de vela, matar bichinhos e otras cositas mas são um bocado anti ecológicas e também contra os direitos dos animais, portanto, ‘to fora!

O Judaísmo, bem, eu sou crítico demais e seria um péssimo ombro amigo para qualquer um que depois de ter visto o mar se abrir, formando um corredor para que uma multidão inteira fugisse de uma armada, caísse numa orgia no meio do deserto por falta de um sinal. Haloooo!! Eles buscam tanto as coisas, só que quando elas chegam, eles não reconhecem-nas! Continuam a espera do Messias, agora vejam-me lá! Depois, eu adoro árvores de Natal, logo, ‘to fora!

O islamismo, é assim: Para além de não concordar com o fato de como a mulher é vista e tratada, não concordar com sua visão em relação aos homossexuais, não ser capaz de passar pelo Ramadão (pois não aguento ficar sem comer mais do que 3 horas), sou péssimo em dar direções, o que me dificultaria estar procurando o lado certo para apontar a cabeça e rezar. Logo, ‘to fora!

Os Adventistas, Testemunhas de Jeová e semelhantes, ao meu ver, deveriam se unir aos que praticam Cientologia, sim, porque não devem sequer ser deste planeta. Não poder comer isso e aquilo, não poder cortar o cabelo e virar o dia às 18:00, com o mundo globalizado como está, não rola, depois porque só faço faxinas aos Sábados, logo, ‘to fora!

Os da Assembleia do Reino de Deus, por mim, podiam comprar um cine-teatro art deco qualquer, na Faixa de Gaza, e continuar desenvolvendo o trabalho que fazem, mas eu, ‘to fora!

A religião, um guia espiritual, deveria ser algo que me compreende como ser humano e não eu, como ser humano, ter que estar compreedendo e lendo nas entre linhas o que está ali escrito, onde afinal, pode ter outra interpretação.

Eu olho para a história da humanidade e encontro nela, civilizações que viveram baseadas em suas religiões por mais de 2000, 3000 anos, mas que hoje, não só não nos servem, como são tidas como mitologia ou histórias para canal particular de TV a cabo.

Dizem que o ser humano precisa ter fé em algo, precisa senti-la, como se este sentimento fosse parte integrante do sistema cerebral que comanda o equilíbrio mental. Pois bem, não ponho isso em causa, pois continuamos sem saber de onde viemos e para onde vamos. Aceito tudo o que existe, mas como teorias, como hipóteses de uma grande investigação. Mas uma investigação que vem sido feita, não por um império, por uma civilização ou uma época, mas por toda a raça humana, ao longo de toda a nossa história. Se pensarmos, intuitivamente, empiricamente, curiosamente um legado de informações e ‘testes’ tem sido deixado pelo próprio homem, na busca do que somos, ou de quem somos!

Cansa-me esta pretensão das afirmações e dos dogmas que postulam saber o que é e como é. Cansa-me que a psicologia, que o estudo do comportamento humano, seja uma cadeira ignorada, pois de facto, ela mesmo explicaria as nossas fixações e medos pelos nossos Deuses.

Acredito na psicologia, na ciência, na energia e no átomo. Aceito as teorias da relatividade, do caos, do universo holográfico e do universo paralelo. Imagino que não estejamos sozinhos no universo. Acredito que as pessoas estão ligadas por uma energia, que o ser humano tenha poderes que ainda não sabe ‘acordar’ e que existam aqueles que já os têm ‘acordado’. Contudo, acredito que isso tudo está ainda verdadeiramente por ser explicado e que hoje, o que temos, são especulações, material de pesquisa, de uma investigação maior. Acredito no poder do ser humano em enviar uma máquina ao espaço, pousá-la por lá e trazê-la de volta, provando que o que sabemos sobre física e matemática, até hoje, esta correto.

Acredito na história, acredito no poder de fantasia do homem e acredito nas consequências do medo humano. Acredito na matéria e acredito que exista imensa coisa, ainda, por ser descoberta, achada, entendida e aí, deitar por terra muitas teorias e crenças existentes ou, por que não, confirmar outras tantas.

Uma boa semana para todos.

Eduardo Divério.

Comments:
Acho qe com leveza coloca algumas questões pertinentes...

Mas acho que procurar um sentido na vida... tem sentido!
 
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