segunda-feira, dezembro 17, 2007
Ensaios Capitais – A Inveja
Inveja - do Lat. Invidia s. f., misto de pena e de raiva; sentimento de desgosto pela prosperidade ou alegria de outrem; desejo de possuir aquilo que os outros possuem; ciúme; emulação, cobiça.
Associado a ela está o monstro Leviatã, figura mencionada nas velhas escrituras comumente descrito parecer-se com um crocodilo. Apesar de poder assumir a forma de outros animais ou ainda, a composição mista de alguns deles.
Para mim, ela é a mãe da injustiça. Porque acredito ser a base em como a pessoa se sinta e o que ela acaba por causar àqueles que estão sendo seu alvo: Injustiça! É um sentimento destrutivo, de corrosão e estagnação para quem o alimenta. Ao meu ver, sentimento algum em qualquer tipo de relacionamento é mais desprezível do que este.
Mas o que faz alguém querer ser como alguém ou ter o que outro tem? Veja bem, não estamos aqui falando do mero desejo, da simples vontade do adquirir algo, do género: Meu colega ganhou um IPod, o qual eu gostei muito e gostaria de ter um também, então vou as compras e compro um. A inveja envolve comparação, julgamento.
O processo põe em causa uma série de valores. Aqui, às bases, pode-se facilmente detectar a ego destonia da pessoa que se centra como núcleo mais importante e assim, sem poder ter menos ou sentir-se inferior – um pouco de ORGULHO, talvez - ela manifesta-se com inveja. Mas esta também existe na ausência do orgulho, originada da total fraqueza e falta de auto estima de um.
Ver as pessoas crescerem profissionalmente, seja em termos funcionais ou financeiros; ver o vizinho a fazer reformas e aumentar sua casa; saber que sua irmã trocou de carro por um do ano; receber a notícia que um colega seu do secundário foi admitido para trabalhar numa multinacional japonesa, não deveria causar nenhum outro tipo de sensação senão, satisfação ou ainda, talvez, indiferença. Mas se, você sente, mesmo que não esteja relacionado directamente à pessoa a quem você está se comparando, a sensação que o mundo que lhe é injusto ou que não lhe dá as mesmas oportunidades que dá aos outros, pare! Isso não é bom.
A inveja só pode ser vivida por aqueles que duvidam de si mesmos. Por aqueles que têm medo de sair vida à fora para alcançar seus sonhos e objetivos. Por aqueles que entregam suas decisões na dependência dos outros. É um sentimento que não só denota uma falta de coesão na identidade como ainda atrapalha aqueles a quem são aliciados. Claro que constatar isso não ajuda muito quem precisa. Afinal, as emoções não estão num switch, como numa chave de luz, que se liga e desliga quando se quer. Por isso devemos dar-nos atenção, desejar conhecer-nos sem disfarces e desculpas.
Desejar ser ou ter algo, misturado com uma sensação de injustiça, de merecimento não alcançado ou ainda de desdenho, é o que de pior um ser humano pode vibrar, passar para outro. Muitas vezes até sentimos, fisicamente, quando somos alvo disso.
Eu cresci a ouvir falar do tal do tal do ‘olho gordo’. Ensinaram-me que tínhamos que planear nossas metas de forma discreta, para não despertar a inveja alheia, pois esta poderia nos enredar o desenvolvimento dos mesmos.
Universo metafísico à parte, não me parece mesmo muito saudável concentrar nossa energia, nossa atenção, nas realizações daqueles que estão a nossa volta. Por outro lado, usar de suas experiência como exemplo, pode sim, fazer-nos crescer, explorar limites e capacidades e assim, passarmos nós a servir de exemplos, de incentivo e de força para os outros.
Dar é sempre mais gratificante e produtivo e por quê? Porque movimentamos nossa essência, criamos algo a partir de nós, interagimos com o meio, para o meio. Existirão sempre os menos experientes, quanto mais não seja, por serem mais novos.
Gostaria de acabar o texto desta semana com uma frase, um clássico dos pára-choques de caminhões: ‘A inveja é uma merda!’
Uma boa e invejável semana para todos.
Eduardo Divério.
Inveja - do Lat. Invidia s. f., misto de pena e de raiva; sentimento de desgosto pela prosperidade ou alegria de outrem; desejo de possuir aquilo que os outros possuem; ciúme; emulação, cobiça.
Associado a ela está o monstro Leviatã, figura mencionada nas velhas escrituras comumente descrito parecer-se com um crocodilo. Apesar de poder assumir a forma de outros animais ou ainda, a composição mista de alguns deles.
Para mim, ela é a mãe da injustiça. Porque acredito ser a base em como a pessoa se sinta e o que ela acaba por causar àqueles que estão sendo seu alvo: Injustiça! É um sentimento destrutivo, de corrosão e estagnação para quem o alimenta. Ao meu ver, sentimento algum em qualquer tipo de relacionamento é mais desprezível do que este.
Mas o que faz alguém querer ser como alguém ou ter o que outro tem? Veja bem, não estamos aqui falando do mero desejo, da simples vontade do adquirir algo, do género: Meu colega ganhou um IPod, o qual eu gostei muito e gostaria de ter um também, então vou as compras e compro um. A inveja envolve comparação, julgamento.
O processo põe em causa uma série de valores. Aqui, às bases, pode-se facilmente detectar a ego destonia da pessoa que se centra como núcleo mais importante e assim, sem poder ter menos ou sentir-se inferior – um pouco de ORGULHO, talvez - ela manifesta-se com inveja. Mas esta também existe na ausência do orgulho, originada da total fraqueza e falta de auto estima de um.
Ver as pessoas crescerem profissionalmente, seja em termos funcionais ou financeiros; ver o vizinho a fazer reformas e aumentar sua casa; saber que sua irmã trocou de carro por um do ano; receber a notícia que um colega seu do secundário foi admitido para trabalhar numa multinacional japonesa, não deveria causar nenhum outro tipo de sensação senão, satisfação ou ainda, talvez, indiferença. Mas se, você sente, mesmo que não esteja relacionado directamente à pessoa a quem você está se comparando, a sensação que o mundo que lhe é injusto ou que não lhe dá as mesmas oportunidades que dá aos outros, pare! Isso não é bom.
A inveja só pode ser vivida por aqueles que duvidam de si mesmos. Por aqueles que têm medo de sair vida à fora para alcançar seus sonhos e objetivos. Por aqueles que entregam suas decisões na dependência dos outros. É um sentimento que não só denota uma falta de coesão na identidade como ainda atrapalha aqueles a quem são aliciados. Claro que constatar isso não ajuda muito quem precisa. Afinal, as emoções não estão num switch, como numa chave de luz, que se liga e desliga quando se quer. Por isso devemos dar-nos atenção, desejar conhecer-nos sem disfarces e desculpas.
Desejar ser ou ter algo, misturado com uma sensação de injustiça, de merecimento não alcançado ou ainda de desdenho, é o que de pior um ser humano pode vibrar, passar para outro. Muitas vezes até sentimos, fisicamente, quando somos alvo disso.
Eu cresci a ouvir falar do tal do tal do ‘olho gordo’. Ensinaram-me que tínhamos que planear nossas metas de forma discreta, para não despertar a inveja alheia, pois esta poderia nos enredar o desenvolvimento dos mesmos.
Universo metafísico à parte, não me parece mesmo muito saudável concentrar nossa energia, nossa atenção, nas realizações daqueles que estão a nossa volta. Por outro lado, usar de suas experiência como exemplo, pode sim, fazer-nos crescer, explorar limites e capacidades e assim, passarmos nós a servir de exemplos, de incentivo e de força para os outros.
Dar é sempre mais gratificante e produtivo e por quê? Porque movimentamos nossa essência, criamos algo a partir de nós, interagimos com o meio, para o meio. Existirão sempre os menos experientes, quanto mais não seja, por serem mais novos.
Gostaria de acabar o texto desta semana com uma frase, um clássico dos pára-choques de caminhões: ‘A inveja é uma merda!’
Uma boa e invejável semana para todos.
Eduardo Divério.