terça-feira, dezembro 25, 2007

 
Ensaios Capitais – A Ira

Ira – do Lat. Ira s. f., cólera; zanga; indignação; raiva; desejo de vingança.
Diz-se que a raiva, a vingança não são coisas de Deus. Bem, pois segundo a classificação de relação entre pecados e demônios, a Ira é administrada de fato pelo seu arqui-inimigo Satanás, a própria encarnação do mal.
Facilmente é um sentimento que podemos associar com morte, com terríveis feitos provocados a alguém, por alguém. Insanidade.

Todos nós somos tomados, ou já fomos, por pequenos acessos de raiva, como reação extrema a um cansaço, a um desapontamento por algo não alcançado e que nos consumiu imenso tempo e dedicação. Acredito que muitos de nós já tenham atirado o controle remoto da TV para longe quando estávamos quentinhos na cama e o ‘desgraçado’ não funcionava.

Mas estes descontroles, estas crises, para além de matarem uma meia dúzia de neurônios e provocar algumas rugas precoces, não tem efeitos significativos no meio, nos outros. Mas há aquele ódio que um pode sentir de outro, entre pessoas. Talvez um concetrado de inveja, orgulho e outros, massifique-se de tal maneira que deforme o poder de um em ajuizar, compreender uma situação.

Eu, particularmente, substituiria a Ira nesta relação pela Maldade. A Ira para mim é fruto da demência, de um estado além consciência ao qual, como eu entendo, tem uma série de patamares anteriores. Não se trata a ira, quando mundo podemos contê-la, sair de cena, infligirmo-nos uma ferida, desviarmos a atenção e esperá-la sumir. A inveja sim, é tratável, o orgulho, a preguiça e a maldade…

Se a ira é o sopro de Satanás e este é personificação do mau, por que ninguém fala da maldade? Mais rapidamente nos deparamos com a maldade do que com a raiva de alguém. A crueldade, o ignorar, o prejudicar, o fazer alguém sofrer é um exercício, é um traço na personalidade de alguém que é alimentado e por isso, desprezível. A Ira, para mim, é um alarme, o sinal que um limite fora atingido. Pode é estar de mãos com a insanidade e então, soar com mais frequência, mas de novo, mais rápida do que a consciência.

Bem, talvez a maldade seja um conceito mais genérico e abrangente. Ao menos na linha de quem categorizou este sete! Mas como eu a vejo, poderia ser tão discutida quanto a inveja ou a louca da ira.

Obviamente a virtude que se opõe a Ira é a Paciência. Mas me digam como que se seja para uma pessoa que está tendo um acesso colérico e se pede paciência? Nossa! Para mim é pólvora no fogo! Pedir-me paciência no meio de uma crise raivosa deveria ser considerado tentativa de homicídio, pois por nada não me provoca um enfarte!

Talvez o exercício da paciência nos afaste das correntes que correm mais rápido que a consciência, sim, parece-me ser a única via. Mas paciência não cura maldade, ‘aperfeiço-a’, talvez. Ui! Que meda!
Bom, sendo de forma que for, as pessoas que atingem este nível, esta ira, são de fato perigosas e os presídios estão abarrotados delas, deste instinto. Daí a importância em conhecermo-nos, sabermos quem somos na nossa época, no ponto da nossa história como ser humano, longe daqueles que matavam em defesa de si ou de suas proles.

A todos, uma boa semana. Cheia de paciência.

Eduardo Divério.

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