quarta-feira, abril 16, 2008

 

Pequenos Ciclos

Pego-me imensas vezes pesnando em o quanto a vida passa rápido, questionando-me se o que ando a fazer com ela é bom e se isso traduz-se em coisas de valor, positivas e ainda, se tenho sido capaz de manter os níveis de felicidade.

Listas infindáveis de situações, de alertas e histórias surgem, como que avisos, exemplos para se firmar uma conduta ou talvez, para se proteger, para impedir que futuras situações afastem-me destes tais níveis, como se de alguma estranha e não otimista forma, meus ciclos pudessem ser só de coisas não felizes.

E daí ocorreu-me que poucas vezes faço listas que me alertem sobre atos, pesnamentos e julagemntos do passado que compõe a minha moral. Todas as coisas boas que já fiz na vida. Todas as pessoas já que ajudei, todas as situações que, apesar de poderem originair autênticas histórias de drama, foram ultrapassdas com coragem, brio, determinação, respeito e acima de tudo, perseverança.

São pequenos ciclos que compõem estas infindáveis memórias de uma vida que achamos, eu pelo menos, curta. Então que pensei em escrever sobre o quão importante é olharmos para trás com reconhecimento, com merecimento a nós, por tantas fases e ocontecidos que já lá foram.

Agradecer as longas amizades que temos, que em pequenos ciclos, nos afastamos e voltamos a nos aproximar; pelas coisas que um dia pensamos em desistir mas que conseguimos, afinal, manter; pelo simples fato de ter conseguido chegar aqui e poder escrever ou ler este texto.

Sim, a vida parece-me curta, mas de certo com tempo para se fazer muito, muito este que depende de nós e por isso, qual o melhor lugar para buscarmos energia, força para continuar senão nas certezas e conquistas das pessoas que nós somos?

É didícil? Cada um de nós sabe o quanto. Cada um de nós sabe o quanto custa iniciar mais um dia, mas que, por qualquer que seja o peso deste, que não nos impeça de lembrar como aqui chegamos e pelo que tivemos que atravessar para tal.

Quero dedicar este texto a todos nós, a todos os nossos maravilhosos feitos, a todas as nossas decisões que definem o que há de melhor em cada umde nós ontem e hoje. Não podemos evitar pequenos ciclos de ‘azar’, de tristeza e decepção, mas podemos sempre lembrar de todas as pessoas que um dia nos disseram que somos importantes, que nos amam e que mostraram que fizemos, fazemos, alguma diferença.

Que este texto possa estreitar suas emoções às melhores memórias que você possa ter, aos seus grandes feitos de coragem e determinação que jazem no passado; à todas as pessoas que lhe amam, que você ama, mesmo que se esteja num pequeno ciclo de distância. Ou senão, que pelo menos que lhe inspire a ter um bom dia.

Uma boa semana para todos.

Eduardo Divério.


quarta-feira, abril 09, 2008

 
Ameaça Verde Amarela

O acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa tem acendido algumas polémicas por aqui, entre os lusitanos. Mas na minha opinião, o pior, tem sido a saliência de alguns desagravos.

Apesar de o acordo envolver os países africanos, Brasil e Portugal, os portugueses não se calam com o receio de passarem a falar ‘brasilés’, o que quer que este termo que li hoje num jornal signifique.

É um fato que a indústria editorial no Brasil é de muita força, mas estamos a falar de um país com 200 milhões de habitantes! Mal desta nação se não pudesse gerir suas próprias necessidades literárias. Mesmo assim, na antiga corte, as edições académicas brasileiras não são muito bem vistas e nem é por duvidarem de seu profissionalismo, mas sim, por causa da cultura ortográfica, da permissividade na escrita que o brasileiro acolheu, dos estrangeirismos.

O Brasil foi um país de imigrantes e na verdade, não é uma herança tão remota assim. Japoneses, alemães, italianos, poloneses e muitos outros tiveram de aprender a falar o português e como é óbvio, toda esta interação cultural não poderia ter existido sem deixar marcas. Com isso tudo o Brasil passou a ser extremamente tolerante em relação a língua, pois o mais importante é expressar-se, entender-se. Mas eu suponho que este lado ‘espiritual’, humanista do Brasil, não seja compreensível para todos.

Em dimensão o Brasil é o quinto maior país do planeta. Vinte e sete estados com duas das três linhas imaginárias que atravessam o planeta. Tem todas as estações climatéricas com suas mais diversas combinações: neve, chuva, seca… O único país que fala português nas Américas com um enorme impacto no mercado mundial de publicidade e entretenimento televisivo, que dizer, dá licensa!

Quando esta história de acordo começou, eu sentia-me totalmente a favor, mesmo porquê, parecía-me o próximo passo lógico num mundo de globalização, sob o manto de uma ameaça chinesa. Contudo, dada a resistência lusitana, hoje vejo o quão inocente eu fui.

Os portugueses têm uma expressão que diz: ‘Esse tem a mania que é…’. Que é usada para reportar a constatação de um comportamento que não é muito bem visto, aceito ou que causa um certo transtorno, incômodo. Pois bem, pois os portugueses têm a mania que o Palácio da Ajuda ainda abriga alguma dinastia real e que de fato têm alguma nobreza, soberania, sobre aqueles que um dia foram suas colônias.

É difícil passar um mês sem que leiamos nos periódicos diários, resultados de pesquisas européiaa onde Portugal surge na cauda da lista. Hoje, por exemplo, saiu a notícia do povo português ser o que tem a pior higiene oral da comunidade européia. A pouco tempo, foi a bomba da revelação que em cada cinco crianças portuguesas, uma está em risco de pobreza.

As listas de pesquisas são mais que muitas!

O que me parece aqui é que Portugal vira-se para os países de língua portuguesa quase que como desforra por ser a chacota da Europa. Um país com um semi-analfabetismo massivo, com profissionais mau formados e uma geração apolítica, compreendida, hoje, na faixa etária dos 20 aos 35 anos que desconhece a realidade da identidade do próprio país! Que consome cultura e conhecimento académico de forma estática, sem transformá-lo em alavanca para uma elevação humana maior, apenas para o uso da comparação de nobreza individual. Vale-se pelo o que se sabe, mas de um conhecimento efémero. Chega a ser incômodo perceber a angústia ‘cega e muda’ de um lusitano que se engana, com as mil desculpas que seguem a seguir, com o visível transtorno e auto-depreciação pelo deslize, pela ‘imperfeição’.

Pois eu acho que este acordo ortográfico deveria ser suspenso! Os brasileiros, bem como os demais países, deveriam permitir a evolução da língua portuguesa dentro das respectivas culturas de forma que chegassem a um ponto no futuro onde seriam obrigados a mudar o nome da língua e os portugueses que ficassem presos nos seus ‘actos’e ‘factos’, nas lembranças chorosas do que foi sua literatura, cantadas numa falecida voz de fado.

Estou farto do ar de ofendidos, dos comentários pejorativos a minha cultura raiz! Um país que só fala do orgulho de suas ex-colônias em discursos políticos de festivais comemorativos!

Raios, pá!

Uma boa semana para todos.

Eduardo Divério

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