terça-feira, agosto 19, 2008

 
Liberdade

1. Condição do ser que pode agir livremente, isto é, consoante as leis da sua natureza (queda livre), da sua fantasia (tempo livre), da sua vontade (decisão livre)

2. Poder ou direito de agir sem coerção ou impedimento (liberdade de execução ou de acção)

3. Poder de se determinar a si mesmo, em plena consciência e após reflexão, e independentemente das forças interiores de ordem racional (liberdade de decisão)

4. Livre arbítrio

5. Poder de agir sem motivo (liberdade de indiferença)

6. Personificação das ideias liberais

7. Tolerância

8. Licença, autorização


Tenho conhecido pessoas que no exercício da liberdade, ou como elas entendem que assim o seja, não se apercebem o quão, na verdade, prisioneiras elas estão no seu próprio mundo.

Ser livre é muito mais do que apenas poder ir e vir ou dizer o que se quer ou ainda, e principalmente, fazer o que se quer. Não é um estímulo, uma resposta acertiva a um desejo, a uma fantasia pelo simples facto desta existir.

Ser livre exige compreensão, escolhas, respeito e muita coragem.

Mas o conceito de liberdade, parece-me, ser facilmente mal empregue, aliás, eu diria que ele é convenientemente adaptado as decisões conscientes do indivíduo. Aqui, quando falo de decisões, refiro-me simplesmente a um ‘sim, quero isso’ ou a um ‘não quero isso’, basicamente como as crianças fazem.

Quando pegamos um álbum de fotografias, somos inundados por uma grande nostalgia, uma saudade que nos aperta o peito e chegamos mesmo a sentir, a relembrar, algumas daquelas emoções. Evidências de momentos de abundante felicidade, de caloroso amor e dedicação emocional. Contudo, é certo também, que muitas de nossas angústias, muitas de nossas inaptabilidades com o meio, hoje, vêm desta mesma época.

É responsabilidade de um pai, de uma mãe, como agente adulto desta relação, educar, preparar e corrigir uma criança. Ora, que, sendo o poder de compreensão do cérebro infantil obviamente mais limitado, devido a sua estrutura inferior, por este estar em crescimento, que as lembranças de repressão, desafecto, opressão e reprovação constituam um obstáculo emocional difícil de se ultrapassar. Na dependência da intensidade e frequência destes eventos é que está o sucesso da relação futura desta família.

A sensibilidade natural de um indivíduo, aquela com que nascemos, ou melhor, a sua valorização, é um elemento recentemente somado a esta equação. A porta das percepções, a janela para as impressões recolhidas…

Muitos são os filhos que crescem e como adultos, têm que fazer o que os adultos outrora responsáveis por ele, não fizeram: Entender sua sensibilidade e com, agora, total liberdade, redefinir a sua relação com o meio.

Aqui parece-me importante entender o que é ser livre, pois facilmente, num falso exercício de liberdade, ao dar alento a uma angústia, ao se afastar de alguém que nos magoou, revelamo-nos mais prisioneiros, do passado, do que aquele que realmente vive num claustro.

Presos a uma sensação, que muitas vezes sequer consegue ser explicada conscientemente, nos afastamos daqueles que, num contexto sócio-cultural de uma época, cumpriram com a tarefa de nos alimentar, de nos educar, enfim, que nos proporcionaram todos aqueles momentos registrados no álbum de fotografias.

Entender que todo este amor dado a nós um dia, sem garantia alguma de retorno, foi real e que possivelmente ainda é e que a nossa liberdade não está só em exercer o direito em nos afastarmos deste amor, mas também de escolher em entendê-lo, em como ele foi no seu contexto; de escolher ultrapassar as consequências e as marcas deixadas por este amor, sabendo agora que como adultos, como indivíduos livres, podemos de facto ir e vir sem que ninguém mais nos oprima ou nos magoe e que todo o resto são apenas lembranças, sensações.

Não quero aqui diminuir a irresponsabilidade, a negligência, a ignorância e o descaso de muitos pais. Não quero aqui diminuir a dificuldade que um filho, hoje adulto, sente em interagir com o meio, devido as impressões talhadas no seu emocional vindo da infância. Mas como adultos, só nós temos a liberdade de nos desacorrentar do passado; só nós temos a escolha de pegar nos ensinamentos dados e adquiridos e inseri-los na realidade da nossa natureza; nós temos a escolha de não sermos mais atingidos; nós temos a escolha de se preciso for, reconstruir, recomeçar, demolir tudo e começar do zero.

Liberdade de entender. Liberdade para ultrapassar. Nos permitir sermos livres.

Por isso, quaisquer que sejam as nossas dificuldades, elas não devem nunca ser maior do que a realidade dos factos evidenciados num álbum de fotografias. Via de regra, nossos pais e responsáveis erraram por ausência ou excesso, raramente por maudade.

Mas mais urgente para mim, parece a necessidade de desenvolver a percepção de toda esta ‘novela’ em tempo hábil, pois que ninguém anda a ficar mais jovem com o passar dos dias e no meu entendimento do mundo, onde as coisas acontecem mais tarde do cedo, quando a pessoa perceber… Inês será morta!

Pai, mãe, filho, filha, irmão e irmã que não saiba fazer outra coisas senão olhar para o próprio umbigo, ficar chorando as mágoas no papel de adulto, mas atuando como uma criança e que não aproveita um relação madura e equilibrada com seus relativos, pelas pessoas que eles são hoje e não as que foram no passado, deveriam ser presas e internadas para tratamento psicológico, pois para mim, esta egodistonia a qual se sentem livres para vivê-la, apresenta um perigo para sociedade.

Dedico este texto a todo aquele familiar que ama outro sem ver seu amor ser correspondido।

Eduardo Divério.

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