segunda-feira, abril 26, 2010
Erro, erro meu...
Ando absorvido, mergulhado em dilemas filosóficos sobre o comportamento humano em relação a quem se ama. Tenho andado por aqui a falar sobre 'dar-se' e 'dar' e sobre transpormo-nos ao próprio ego pelo bem estar de alguém. Mas será isso mesmo possível?
Deverá o acto de amar realmente ser composto por algum altruísmo?
Uma relação nasce e fortalece-se sobre promessas. Promessas são contratos, acordos. Mas o facto é que uma união requer um série delas e lá pelas tantas, da mesma forma que juridicamente acabamos por achar um lei que anula outra, ou que pelo menos cria alguma atenuante, numa relação acaba por se passar o mesmo. A própria promessa do ‘até a morte os separe’ anula um monte de outra; sem falar naquelas de ‘amar na pebreza, doença e dificuldade’.
Mas existirá algum nível implícito de tolerância nesta 'doença' ou 'dificuldade'?
Se hoje eu te amo e tu cometes um erro que me magoa muito e depois reconheces este erro, não era isso uma dificuldade? Pode uma mágoa ser maior que um amor? É intríncico que a promessa quebrada por uma parte anula automaticamente o acordo com a outra parte?
Aqui tropeço na minha dúvida. Fala-se de auto-estima e amor próprio, mas amor por outra pessoa não poderia ser algo que se liga e desliga, assim, como se fosse um interruptor. "Te amo, mas como quebraste a merda de uma promessa e estou puto contigo, não te quero mais". É assim? O brinquedo quebrou e já não serve mais?
De uma forma difícil e dolorida entendi, ou aprendi, que quando amamos, queremos estar com esta pessoa, queremos ultrapassar as dificuldades e isso parece-me tão natural que honestamente, para mim, dispensa a tal promessa. Mas quando encontro alguém que diz amar, mas que o nível de contrariedades é tão grande que ela simplesmente precisa de um tempo, questiono-me por quem era este amor, o que era este amor. Como meninos num grupo, onde de repente as regras mudam e a partir daí, um já não quer mais brincar, por não ser como ele quer.
A vida é difícil. Amadurecer, envelhcer, viver uma sequência de anos ao lado de alguém exige muito da natureza destas duas almas. De para onde está seguindo seu entendimento da vida, seus medos do meio, suas origens enquanto ser humano.
Lembro-me de um filme com Julia Roberts e Brad Pitt chamado ‘A Mexicana’ onde ela está pelas tabelas com erros dele, mas que no final, depois de muito se questionar sobre quando deveria ser o limite para se por um fim, ela conclui que deveria ser apenas quando não houvesse mais amor, que enquanto se ama, se perdoa.
Meu conselho é que se você sente que não vai segurar o rojão, que vai errar, que o faça com com gosto! Chute com força o pau da barraca e faça só o que lhe apetece, pois de um jeito ou de outro, nada interessa. Por mais equilibrado e correcto que tentes ser, o tal amor que sentem por você é tão frágil que a intensidade do erro diluir-se-á no ego no outro. Por isso, não se prive, afinal, tudo na vida passa.
Boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Ando absorvido, mergulhado em dilemas filosóficos sobre o comportamento humano em relação a quem se ama. Tenho andado por aqui a falar sobre 'dar-se' e 'dar' e sobre transpormo-nos ao próprio ego pelo bem estar de alguém. Mas será isso mesmo possível?
Deverá o acto de amar realmente ser composto por algum altruísmo?
Uma relação nasce e fortalece-se sobre promessas. Promessas são contratos, acordos. Mas o facto é que uma união requer um série delas e lá pelas tantas, da mesma forma que juridicamente acabamos por achar um lei que anula outra, ou que pelo menos cria alguma atenuante, numa relação acaba por se passar o mesmo. A própria promessa do ‘até a morte os separe’ anula um monte de outra; sem falar naquelas de ‘amar na pebreza, doença e dificuldade’.
Mas existirá algum nível implícito de tolerância nesta 'doença' ou 'dificuldade'?
Se hoje eu te amo e tu cometes um erro que me magoa muito e depois reconheces este erro, não era isso uma dificuldade? Pode uma mágoa ser maior que um amor? É intríncico que a promessa quebrada por uma parte anula automaticamente o acordo com a outra parte?
Aqui tropeço na minha dúvida. Fala-se de auto-estima e amor próprio, mas amor por outra pessoa não poderia ser algo que se liga e desliga, assim, como se fosse um interruptor. "Te amo, mas como quebraste a merda de uma promessa e estou puto contigo, não te quero mais". É assim? O brinquedo quebrou e já não serve mais?
De uma forma difícil e dolorida entendi, ou aprendi, que quando amamos, queremos estar com esta pessoa, queremos ultrapassar as dificuldades e isso parece-me tão natural que honestamente, para mim, dispensa a tal promessa. Mas quando encontro alguém que diz amar, mas que o nível de contrariedades é tão grande que ela simplesmente precisa de um tempo, questiono-me por quem era este amor, o que era este amor. Como meninos num grupo, onde de repente as regras mudam e a partir daí, um já não quer mais brincar, por não ser como ele quer.
A vida é difícil. Amadurecer, envelhcer, viver uma sequência de anos ao lado de alguém exige muito da natureza destas duas almas. De para onde está seguindo seu entendimento da vida, seus medos do meio, suas origens enquanto ser humano.
Lembro-me de um filme com Julia Roberts e Brad Pitt chamado ‘A Mexicana’ onde ela está pelas tabelas com erros dele, mas que no final, depois de muito se questionar sobre quando deveria ser o limite para se por um fim, ela conclui que deveria ser apenas quando não houvesse mais amor, que enquanto se ama, se perdoa.
Meu conselho é que se você sente que não vai segurar o rojão, que vai errar, que o faça com com gosto! Chute com força o pau da barraca e faça só o que lhe apetece, pois de um jeito ou de outro, nada interessa. Por mais equilibrado e correcto que tentes ser, o tal amor que sentem por você é tão frágil que a intensidade do erro diluir-se-á no ego no outro. Por isso, não se prive, afinal, tudo na vida passa.
Boa semana para todos.
Eduardo Divério.