segunda-feira, abril 19, 2010
A Tal Crise dos Quarenta
É sabido que de tempos em tempos passamos por fases estranhas, difíceis. Contudo, de alguma forma, já estávamos pré-avisados que ela poderia chegar.
Comigo foi assim aos 15, aos 30 e agora, ao que parece, aos 40.
Eu confesso que não temia muito a dos 40, pois sempre ouvi dizer que é quando a vida realmente começa, portanto nenhuma mudança que viesse daí poderia ser tão ruim assim. Entretanto, o que eu não estava à espera, é que pudesse ser tudo tão... difícil ou radical.
Enquanto espero que minha vida ‘realmente comece’, debato-me com as consequências da ruptura com a vida que levava. Sinto-me à total deriva e sem a menor perspectiva de que as coisas melhorem, mas não deixo de repetir à noite, quando vou para a cama: ‘é só uma fase’.
Os 40, dizem, abrem as portas da segunda fase adulta de um indivíduo, aquela onde finalmente filtramos os ensinamentos e comportamentos introjectados na inafância e na juventude e, supostamente, revelamos a nossa real natureza e sensibilidade.
Bem, como se tivéssemos andado à deriva num deserto por 40 anos à procura da terra prometida, seguindo regras e normas que muitas vezes mais geravam conflito interno do que nos traziam felicidade, alcançamos então o desejado topo da montanha de onde se avista o Eldorado. E daí?
E daí que não há pedra escrita a fogo, arbustinho que fala enquanto queima ou mar que se abra ao meio para nos dar o raio de uma pista! Estamos exauridos da jornada, cometemos sacrifícios sem sequer temos a certeza que eram realmente necessários e para além de muita boa vontade, mais nada se sabe!
Sentimo-nos com algum ímpeto remanessente dos vinte, carregamos a força e determinação dos 30 ao mesmo tempo que tentamos manter a noção de dignidade que se espera nessa idade. Não há certezas definidas e apesar de esperança paracer-me um sentimento necessário nesta transição, confesso, não sei muito bem em qual fase já passada esqueci a minha...
Mas gosto de acreditar que aprendi algumas coisas: Que trabalho é só um meio para pagar contas, supermercado, e ter lazer. Que uma paixão é sempre necessária, seja pela escrita, pela dança, pela esgrima ou canoagem e que o balanço de uma relacionamento deve ser natural, sem muitas contas. Que sexo é muito bom mas carinho é melhor e que a vida fica cada dia mais curta e nós mais velhos.
Afinal, percebo agora, sinto esperança. Sim, é esperança o que sinto neste momento, por ter pensado estas palavras que escrevi. Continuo sem certezas, sinto um pouco de insegurança, mas quero seguir sem medo e continuar a caminhada com honestidade.
Sentimentos e emoções devem ser ouvidos e experienciados, nunca mais modulados.
Quero aprender a viver com pouco e rejubilar-me quando houver um extra.
Quero acertar. Quero amor, leve mas profundo. Quero não temer as horas e desejo ter tempo para isso tudo.
Que a vida comece aos 40!
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
É sabido que de tempos em tempos passamos por fases estranhas, difíceis. Contudo, de alguma forma, já estávamos pré-avisados que ela poderia chegar.
Comigo foi assim aos 15, aos 30 e agora, ao que parece, aos 40.
Eu confesso que não temia muito a dos 40, pois sempre ouvi dizer que é quando a vida realmente começa, portanto nenhuma mudança que viesse daí poderia ser tão ruim assim. Entretanto, o que eu não estava à espera, é que pudesse ser tudo tão... difícil ou radical.
Enquanto espero que minha vida ‘realmente comece’, debato-me com as consequências da ruptura com a vida que levava. Sinto-me à total deriva e sem a menor perspectiva de que as coisas melhorem, mas não deixo de repetir à noite, quando vou para a cama: ‘é só uma fase’.
Os 40, dizem, abrem as portas da segunda fase adulta de um indivíduo, aquela onde finalmente filtramos os ensinamentos e comportamentos introjectados na inafância e na juventude e, supostamente, revelamos a nossa real natureza e sensibilidade.
Bem, como se tivéssemos andado à deriva num deserto por 40 anos à procura da terra prometida, seguindo regras e normas que muitas vezes mais geravam conflito interno do que nos traziam felicidade, alcançamos então o desejado topo da montanha de onde se avista o Eldorado. E daí?
E daí que não há pedra escrita a fogo, arbustinho que fala enquanto queima ou mar que se abra ao meio para nos dar o raio de uma pista! Estamos exauridos da jornada, cometemos sacrifícios sem sequer temos a certeza que eram realmente necessários e para além de muita boa vontade, mais nada se sabe!
Sentimo-nos com algum ímpeto remanessente dos vinte, carregamos a força e determinação dos 30 ao mesmo tempo que tentamos manter a noção de dignidade que se espera nessa idade. Não há certezas definidas e apesar de esperança paracer-me um sentimento necessário nesta transição, confesso, não sei muito bem em qual fase já passada esqueci a minha...
Mas gosto de acreditar que aprendi algumas coisas: Que trabalho é só um meio para pagar contas, supermercado, e ter lazer. Que uma paixão é sempre necessária, seja pela escrita, pela dança, pela esgrima ou canoagem e que o balanço de uma relacionamento deve ser natural, sem muitas contas. Que sexo é muito bom mas carinho é melhor e que a vida fica cada dia mais curta e nós mais velhos.
Afinal, percebo agora, sinto esperança. Sim, é esperança o que sinto neste momento, por ter pensado estas palavras que escrevi. Continuo sem certezas, sinto um pouco de insegurança, mas quero seguir sem medo e continuar a caminhada com honestidade.
Sentimentos e emoções devem ser ouvidos e experienciados, nunca mais modulados.
Quero aprender a viver com pouco e rejubilar-me quando houver um extra.
Quero acertar. Quero amor, leve mas profundo. Quero não temer as horas e desejo ter tempo para isso tudo.
Que a vida comece aos 40!
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.