segunda-feira, junho 21, 2010
Amizade.
Há quem diga que a palavra deriva do grego. Outros acreditam que é originada no ‘amicus’ latim, como uma possível descendência de ‘amore’. Facto é que, independente da sua ‘nacionalidade’, ela parece-me durar mais que o amor, resistir a maiores embates e claro, aflorar com muito mais naturalidade e espontaneidade do que o amor. Pelo menos entre duas almas desconhecidas.
Amigos são aqueles que estavam, estiveram e estarão quando todos os namorados e namoradas vieram, passaram e se foram. - Sim, porque a fila tem que andar, não é? – São aqueles que nos vêm chorar, tremer, sorrir, dançar, coçar o dedo ‘minguinho’ do pé e sair do banho com uma toalha enrolada no cabelo.
É aquele que abre o frigorífico lá de casa sem precisar de permissão. É o que sabe qual é a gaveta da bagunça no seu apartamento. É aquele que conhece a vizinha do RC esquerdo e que ainda por cima, trata a pessoa melhor do que você o faz.
Acompanha-te no casamento daquele primo chato de nome composto e comprido. Tem sempre um panadol na bolsa. Livra-te dos produtos de data vencida da sua dispensa. Começa a cantar aquilo que estavas balbuciando e viu muitas fotografias suas na... praia, durante a... adolescência!
Amigo é aquele que fala conosco pelo olhar, que percebe-nos pelo tom, que acode-nos com um ombro e que pode nos carregar às costas. É aquele da retaguarda.
Ouve confidências e sabe de segredos. Identifica logo o que omitimos e se estamos mentindo a alguém. Conhece o tipo físico por quem nos atraímos e via de regra, apercebe-se, antes de nós, se o ‘tipo físico’ vale à pena ou não.
Traz o alto elogio e a pesada crítica. Doa-se por completo num dia e recolhe-se sumido num outro. Tanto pode nos chamar à razão como nos embalar na fantasia. Pode ser muito honesto hoje e um bocado injusto na Segunda-feira mas...
Amigo, acima de tudo, é companhia.
Podem ser de longa data ou ter apenas poucos meses. Podem precisar de anos de convívio ou tudo pode começar depois de um jantar, numa madruga, com um vinho de qualidade suspeita, destes que se vendem em lojas de convivência
O ser humano tem esta necessidade inata da parceria, este poder de se ligar, de se conectar com outra pessoa e criar um mini eco-sistema. Precisamos partilhar nossa carga, aliviar nossas almas. Mas como gerir este universo? Como se ‘comanda’ alguém que, com tanto ‘poder’ facultado, vem sem as teclas SAP, MUTE ou OFF?
Quantas vezes estamos precisando viver uma negaçãozinha básica e chega o tal amigo e nos espalha à cara aquilo que não se pode mais protelar? Quantas vezes queremos um quarto escuro, um copo de whisky e Maria Bethania na vitrola e ouvimos entrar aquela amiga que deixa o sol entrar, nos serve um café passado e muda o disco para banda Eva?
Amigos são entidades especiais. Eu diria quase que extensões nossas, ramais da nossa própria vida, memória. Um farol.
Não são perfeitos. Eventualmente magoam-nos e até faltam conosco. Podem também se cansar, surgir uma súbita mágoa de algo que há imenso tempo repetimos no nosso comportamento, sem que nunca tenhamos tido a noção que os afectava.
Por vezes precisaram de nós e nem sempre perceberemos. Por dias, não queremos ouvir sua voz, mesmo depois de se ter cantado juntos, tantas vezes, naqueles jantares, naquele bar.
A amizade até pode derivar do amor, mas a palavra que a melhor define para mim, é conforto. Para iniciá-la, para alimentá-la, para negligenciá-la, enfim. Só a sensação de se estar confortável poderia explicar tanta intimidade, tanto convívio e tanta falta de limite! Eheheheheheh
Dedico este texto a todas as pessoas e seus amigos. Que saibam sempre manter os que lhes alimenta e que saibam sempre usar pequenos incidentes como trampolins para uma relação ainda mais forte, ainda mais bonita e se possível, totalmente inapropriada!
Umas boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Há quem diga que a palavra deriva do grego. Outros acreditam que é originada no ‘amicus’ latim, como uma possível descendência de ‘amore’. Facto é que, independente da sua ‘nacionalidade’, ela parece-me durar mais que o amor, resistir a maiores embates e claro, aflorar com muito mais naturalidade e espontaneidade do que o amor. Pelo menos entre duas almas desconhecidas.
Amigos são aqueles que estavam, estiveram e estarão quando todos os namorados e namoradas vieram, passaram e se foram. - Sim, porque a fila tem que andar, não é? – São aqueles que nos vêm chorar, tremer, sorrir, dançar, coçar o dedo ‘minguinho’ do pé e sair do banho com uma toalha enrolada no cabelo.
É aquele que abre o frigorífico lá de casa sem precisar de permissão. É o que sabe qual é a gaveta da bagunça no seu apartamento. É aquele que conhece a vizinha do RC esquerdo e que ainda por cima, trata a pessoa melhor do que você o faz.
Acompanha-te no casamento daquele primo chato de nome composto e comprido. Tem sempre um panadol na bolsa. Livra-te dos produtos de data vencida da sua dispensa. Começa a cantar aquilo que estavas balbuciando e viu muitas fotografias suas na... praia, durante a... adolescência!
Amigo é aquele que fala conosco pelo olhar, que percebe-nos pelo tom, que acode-nos com um ombro e que pode nos carregar às costas. É aquele da retaguarda.
Ouve confidências e sabe de segredos. Identifica logo o que omitimos e se estamos mentindo a alguém. Conhece o tipo físico por quem nos atraímos e via de regra, apercebe-se, antes de nós, se o ‘tipo físico’ vale à pena ou não.
Traz o alto elogio e a pesada crítica. Doa-se por completo num dia e recolhe-se sumido num outro. Tanto pode nos chamar à razão como nos embalar na fantasia. Pode ser muito honesto hoje e um bocado injusto na Segunda-feira mas...
Amigo, acima de tudo, é companhia.
Podem ser de longa data ou ter apenas poucos meses. Podem precisar de anos de convívio ou tudo pode começar depois de um jantar, numa madruga, com um vinho de qualidade suspeita, destes que se vendem em lojas de convivência
O ser humano tem esta necessidade inata da parceria, este poder de se ligar, de se conectar com outra pessoa e criar um mini eco-sistema. Precisamos partilhar nossa carga, aliviar nossas almas. Mas como gerir este universo? Como se ‘comanda’ alguém que, com tanto ‘poder’ facultado, vem sem as teclas SAP, MUTE ou OFF?
Quantas vezes estamos precisando viver uma negaçãozinha básica e chega o tal amigo e nos espalha à cara aquilo que não se pode mais protelar? Quantas vezes queremos um quarto escuro, um copo de whisky e Maria Bethania na vitrola e ouvimos entrar aquela amiga que deixa o sol entrar, nos serve um café passado e muda o disco para banda Eva?
Amigos são entidades especiais. Eu diria quase que extensões nossas, ramais da nossa própria vida, memória. Um farol.
Não são perfeitos. Eventualmente magoam-nos e até faltam conosco. Podem também se cansar, surgir uma súbita mágoa de algo que há imenso tempo repetimos no nosso comportamento, sem que nunca tenhamos tido a noção que os afectava.
Por vezes precisaram de nós e nem sempre perceberemos. Por dias, não queremos ouvir sua voz, mesmo depois de se ter cantado juntos, tantas vezes, naqueles jantares, naquele bar.
A amizade até pode derivar do amor, mas a palavra que a melhor define para mim, é conforto. Para iniciá-la, para alimentá-la, para negligenciá-la, enfim. Só a sensação de se estar confortável poderia explicar tanta intimidade, tanto convívio e tanta falta de limite! Eheheheheheh
Dedico este texto a todas as pessoas e seus amigos. Que saibam sempre manter os que lhes alimenta e que saibam sempre usar pequenos incidentes como trampolins para uma relação ainda mais forte, ainda mais bonita e se possível, totalmente inapropriada!
Umas boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Comments:
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Definitivamente, foi a maior e melhor definicao de amizade na minha vida!!!! Desculpe a sinceridade!!!!!Um amigo em comum me apresentou seu blog e realmente vc escreve muito bem, ganhou um fa. Um grande abraco!!
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