quarta-feira, junho 02, 2010
‘Eu sou assim’
Eu gostaria de ter contado quantas pessoas e quantas vezes cada uma destas repetiu a minha frente, só nestes cinco primeiros meses do ano de 2010, a frase ‘eu sou assim’. É incrível! Apesar de vos não poder dar um número, garanto-vos ser elevado.
Eu sou assim (ponto), carrega em si, de uma forma intrínsica e inerente, a afirmação do absoluto, o argumento do imutável, a desculpa explicativa. Mas de facto, o que se pode dizer depois de ouvirmos um ‘eu sou assim’? Eu sinto-me impugnado, diria até assustado, como se tivesse aberto acidentalmente aquelas portas de saída de emergência e um estridente alarme estivesse ecoando em todas as direções. Bem, mas na verdade, segue-se um silêncio indefinido, não há muita compreenção nele, de nenhuma mente presente, e ele dura mais do que era suposto.
‘Eu sou assim’ é o postular de algo intocável, quase imposto, pois ao outro, só o que este pode fazer é ‘engolir’! Pois rejeito esta expressão! Claro que somos mais tolerantes quando estamos com conhecidos ou mesmo amigos, pois ir além, questionando e confrontando isso, seria invasivo e, quiçá, inapropriado a este tipo de relação. Mas quando isso vem dentro do seu relacionnamento!
Veja bem, todos nós queremos ser aceites pelo que somos, amados como somos. Contudo, uma vez isso ser genérico, torna-se muito utópico que venha ocorrer, linear assim. Há que se ajudar a ser amado, há que se ajudar a ser querido e há que se ajudar a ser uma boa companhia. Isso na verdade não muda o ser, muda apenas a sua expressão, comportamento.
Se tenho medo de algo, porque ‘sou assim’, será um algo que provavelmente amedontrar-me-á ao longo da vida, está no meu ‘eu’, na minha formação, nas minhas origens. Como eu vivo e relaciono este algo com o meio é que se torna a questão. O medo pode estar sempre ali, agora, eu tanto posso exercitar vive-lo de forma mais interna, mais terápica ou passá-lo para quem está a minha volta, expondo esta tensão, gerando incertezas e insegurança a quem está ao meu redor.
Gostar muito de sexo é, sem dúvida, um ‘eu sou assim’. Expressá-lo pronograficamente, eroticamente, sensualmente ou com sabor de baunílha é um comportamento, é uma escolha, é como afeta o que e quem está ao nosso redor. E isso é só um exemplo.
Acredito que as pessoas andam por aí se auto-afirmando e se auto-garantindo ao mesmo tempo que tornam o trabalho de uma relação numa autêntica gangorra. Numa relação, de dois, não existe democracia e somos apenas 50% do evento. A área de intersecção entre estas duas almas deveria ser amena, atenciosa e cuidadosa. E isso não constituí corrupção de personalidade!
Nossa individualidade deve ser semrpe garantida, verdade. Mas os nossos limites serão sempre os do vizinho. Com isso quero dizer que, não deixamos de sentir nada, não deixamos de viver nada por esolher um protocolo mais amigável dentro de uma relação.
Mas isso poderia cortar a expontaniedade e a naturalidade do indivíduo. ‘A César o que é de César’. Como nos expressamos é de de facto como nos revelamos mais rapidamente ao meio. Uma pessoa pode estar afirmando alguma coisa para você, mas algo na sua voz, na sua postura, na intensidade do como o diz, não lhe deixa acreditar. A naturalidade é vital para a sanidade mental de um indivíduo e jamais seríamos felizes se tívessemos que estar constantemente sob controle. Sequer seríamos nós! Mais... uma perosnagem.
O que somos e como nos expressamos, via-de-regra, é o que ajuda a outra pessoa a nutrir seu amor por nós, é o que lhe dá argumento para em momentos de crise, mesmo os mais leves, decidir por continuar a investir em nós. E é aqui que entra o meu bisturí.
Se há algo em como nos expressamos, comportamos, que está sendo difícil demais para a outra pessoa digerir, aquela que queremos que nos ame, não parece justo consigo dar uma ‘mãozinha’? Eu diria até inteligente.
A pessoa tem que me amar como sou! Really? Isso é chave de cadeia, porque de facto até amamos a pessoa como ela é e andamos nós a gerir comportamentos que rejeitamos e repugnamos extactamente porque conhecemos o interior da pessoa amada e sabemos que ela émais do que ‘aquilo’. Mas o conflito está lá e enquanto um exercita suas ‘maneiras’ a 100%, o outro, por amor, tem que achar forma de não ver, ouvir ou falar. Justo?
Obviamente se a forma como alguém se expressa é-lhe vital, por algum componente psicológico, também cabe aos outros 50% decidir o quanto pode relevar e o quanto quer submeter-se a isso. O detalhe seria, sempre, o raio da contabilidade, porque a coisa mais certa na vida é que ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’!
Quantas pessoas você já conheceu com quem conseguia se relacionar com muita satisfação, enquanto os momentos estavam na esfera do emocional mas que, depois no social ou do cotidiano, transformou-se tudo num verdadeiro exercício mental de yoga?
O ‘eu sou assim’ pode transformar uma excelente companhia afectiva numa exaustiva convivência de ‘cama, mesa e ‘banho’. Contudo, admito, noto que a tolerância para tal ‘expressar-se’ aumenta de forma directamente proporcional à idade do indíviduo.
Quando temos 30 anos, queremos alguém que tenha um curso universário e que se ainda não tem o mestrado, que ao menos já fale nele. Falar uma língua estrangeira é mandatório e uma segunda seria vantagem na avaliação – porém, encobre um sentimento de obrigação e aí não conta como ponto e acaba sendo considerada apenas para arredondamentos de nota. Deve saber quem foram os últimos 5 czares da Rússia, a data de aniversário de Júlio César, todas as capitais orientais, do mundo antigo, e o PIB da África do Sul. Naturalmente.
Aos 40, mais conscientes que sensibilidade e carinho - apesar de seus conceitos serem encontrados no Google - não se adquirem com pagamento de propinas, depois da marotona do eu faço, eu aconteço, eu posso e da desinteressante expieriência de ter namorado vários ‘espelhos’, só queremos alguém que tenha um bom salário, mas que não venha de corte de cabelos ou maquiagens (resquícios da década anterior). Ah, e que não trabalhe finais de semana.
Aos 50, depois da marotona, das viagens, dos bons restaurantes e das ‘boas’ conversas (que hoje em dia mais parecem aulas do que ‘bate-papo’) queremos apenas ser amados, queremos companhia, queremos não estar sozinhos.
Aos 60, queremos quem nos quer e aos 70, bem, com tanto extasy, crystal, poppers e outros ácidos, acho difícil que tenhamos a parte do cérebro que decide esta coisas operacional...
Claro que os últimos quatro parágrafos são um esboço grosseiro, superficial e leviado (precisava de um ‘inserir risonho’ aqui agora, mas um com expressão de ‘Yeah...I know....’) das idades e de um grupo. Entretanto, ilustra, encaminha-me para a conclusiva idéia que por fim, o que conta, é carinho e companhia, amor. Que o resto, é comportamento e como tal, pode ser pensado, decidido, atenuado, dedicado, perceptivo e porque não, agradável e generoso.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Eu gostaria de ter contado quantas pessoas e quantas vezes cada uma destas repetiu a minha frente, só nestes cinco primeiros meses do ano de 2010, a frase ‘eu sou assim’. É incrível! Apesar de vos não poder dar um número, garanto-vos ser elevado.
Eu sou assim (ponto), carrega em si, de uma forma intrínsica e inerente, a afirmação do absoluto, o argumento do imutável, a desculpa explicativa. Mas de facto, o que se pode dizer depois de ouvirmos um ‘eu sou assim’? Eu sinto-me impugnado, diria até assustado, como se tivesse aberto acidentalmente aquelas portas de saída de emergência e um estridente alarme estivesse ecoando em todas as direções. Bem, mas na verdade, segue-se um silêncio indefinido, não há muita compreenção nele, de nenhuma mente presente, e ele dura mais do que era suposto.
‘Eu sou assim’ é o postular de algo intocável, quase imposto, pois ao outro, só o que este pode fazer é ‘engolir’! Pois rejeito esta expressão! Claro que somos mais tolerantes quando estamos com conhecidos ou mesmo amigos, pois ir além, questionando e confrontando isso, seria invasivo e, quiçá, inapropriado a este tipo de relação. Mas quando isso vem dentro do seu relacionnamento!
Veja bem, todos nós queremos ser aceites pelo que somos, amados como somos. Contudo, uma vez isso ser genérico, torna-se muito utópico que venha ocorrer, linear assim. Há que se ajudar a ser amado, há que se ajudar a ser querido e há que se ajudar a ser uma boa companhia. Isso na verdade não muda o ser, muda apenas a sua expressão, comportamento.
Se tenho medo de algo, porque ‘sou assim’, será um algo que provavelmente amedontrar-me-á ao longo da vida, está no meu ‘eu’, na minha formação, nas minhas origens. Como eu vivo e relaciono este algo com o meio é que se torna a questão. O medo pode estar sempre ali, agora, eu tanto posso exercitar vive-lo de forma mais interna, mais terápica ou passá-lo para quem está a minha volta, expondo esta tensão, gerando incertezas e insegurança a quem está ao meu redor.
Gostar muito de sexo é, sem dúvida, um ‘eu sou assim’. Expressá-lo pronograficamente, eroticamente, sensualmente ou com sabor de baunílha é um comportamento, é uma escolha, é como afeta o que e quem está ao nosso redor. E isso é só um exemplo.
Acredito que as pessoas andam por aí se auto-afirmando e se auto-garantindo ao mesmo tempo que tornam o trabalho de uma relação numa autêntica gangorra. Numa relação, de dois, não existe democracia e somos apenas 50% do evento. A área de intersecção entre estas duas almas deveria ser amena, atenciosa e cuidadosa. E isso não constituí corrupção de personalidade!
Nossa individualidade deve ser semrpe garantida, verdade. Mas os nossos limites serão sempre os do vizinho. Com isso quero dizer que, não deixamos de sentir nada, não deixamos de viver nada por esolher um protocolo mais amigável dentro de uma relação.
Mas isso poderia cortar a expontaniedade e a naturalidade do indivíduo. ‘A César o que é de César’. Como nos expressamos é de de facto como nos revelamos mais rapidamente ao meio. Uma pessoa pode estar afirmando alguma coisa para você, mas algo na sua voz, na sua postura, na intensidade do como o diz, não lhe deixa acreditar. A naturalidade é vital para a sanidade mental de um indivíduo e jamais seríamos felizes se tívessemos que estar constantemente sob controle. Sequer seríamos nós! Mais... uma perosnagem.
O que somos e como nos expressamos, via-de-regra, é o que ajuda a outra pessoa a nutrir seu amor por nós, é o que lhe dá argumento para em momentos de crise, mesmo os mais leves, decidir por continuar a investir em nós. E é aqui que entra o meu bisturí.
Se há algo em como nos expressamos, comportamos, que está sendo difícil demais para a outra pessoa digerir, aquela que queremos que nos ame, não parece justo consigo dar uma ‘mãozinha’? Eu diria até inteligente.
A pessoa tem que me amar como sou! Really? Isso é chave de cadeia, porque de facto até amamos a pessoa como ela é e andamos nós a gerir comportamentos que rejeitamos e repugnamos extactamente porque conhecemos o interior da pessoa amada e sabemos que ela émais do que ‘aquilo’. Mas o conflito está lá e enquanto um exercita suas ‘maneiras’ a 100%, o outro, por amor, tem que achar forma de não ver, ouvir ou falar. Justo?
Obviamente se a forma como alguém se expressa é-lhe vital, por algum componente psicológico, também cabe aos outros 50% decidir o quanto pode relevar e o quanto quer submeter-se a isso. O detalhe seria, sempre, o raio da contabilidade, porque a coisa mais certa na vida é que ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’!
Quantas pessoas você já conheceu com quem conseguia se relacionar com muita satisfação, enquanto os momentos estavam na esfera do emocional mas que, depois no social ou do cotidiano, transformou-se tudo num verdadeiro exercício mental de yoga?
O ‘eu sou assim’ pode transformar uma excelente companhia afectiva numa exaustiva convivência de ‘cama, mesa e ‘banho’. Contudo, admito, noto que a tolerância para tal ‘expressar-se’ aumenta de forma directamente proporcional à idade do indíviduo.
Quando temos 30 anos, queremos alguém que tenha um curso universário e que se ainda não tem o mestrado, que ao menos já fale nele. Falar uma língua estrangeira é mandatório e uma segunda seria vantagem na avaliação – porém, encobre um sentimento de obrigação e aí não conta como ponto e acaba sendo considerada apenas para arredondamentos de nota. Deve saber quem foram os últimos 5 czares da Rússia, a data de aniversário de Júlio César, todas as capitais orientais, do mundo antigo, e o PIB da África do Sul. Naturalmente.
Aos 40, mais conscientes que sensibilidade e carinho - apesar de seus conceitos serem encontrados no Google - não se adquirem com pagamento de propinas, depois da marotona do eu faço, eu aconteço, eu posso e da desinteressante expieriência de ter namorado vários ‘espelhos’, só queremos alguém que tenha um bom salário, mas que não venha de corte de cabelos ou maquiagens (resquícios da década anterior). Ah, e que não trabalhe finais de semana.
Aos 50, depois da marotona, das viagens, dos bons restaurantes e das ‘boas’ conversas (que hoje em dia mais parecem aulas do que ‘bate-papo’) queremos apenas ser amados, queremos companhia, queremos não estar sozinhos.
Aos 60, queremos quem nos quer e aos 70, bem, com tanto extasy, crystal, poppers e outros ácidos, acho difícil que tenhamos a parte do cérebro que decide esta coisas operacional...
Claro que os últimos quatro parágrafos são um esboço grosseiro, superficial e leviado (precisava de um ‘inserir risonho’ aqui agora, mas um com expressão de ‘Yeah...I know....’) das idades e de um grupo. Entretanto, ilustra, encaminha-me para a conclusiva idéia que por fim, o que conta, é carinho e companhia, amor. Que o resto, é comportamento e como tal, pode ser pensado, decidido, atenuado, dedicado, perceptivo e porque não, agradável e generoso.
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.