segunda-feira, junho 14, 2010
Nos anais da heterossexualidade
Bem, parece-me ser oficial: os homens heterossexuais descobriram o prazer anal. Não só, eu diria que, aparentemente, essa situação tem se revelado com muita mais naturalidade entre eles do que tem sido vivida pela comunidade homossexual, onde o tema é (deveria ser) muito mais tranquilo, por razões óbvias.
Eles deixam-se ser acariciados e penetrados por suas parceiras, pela mais diversificada gama de objectos fálicos. Por momentos, transferem a elas o poder da dominação e assumem instantes de passividade, permitindo-se muito prazer, a eles e a elas.
São as novas gerações e metrossexualidade não é um requisito!
Perfil obscuro e impessoal à parte, a internet trouxe-nos isso. Despertou a curiosidade, instigou os sentidos, ampliou limites e horizontes e tudo no conforto de nossos lares, livre do látex, livre de doenças, livre da exposição da identidade, livre de julgamentos e repletos de liberdade de expressão.
Contudo, em paralelo ao crescimento deste grupo de homens heterossexuais que assumiram sua próstata, com um número de adeptos muito maior, ergue-se um outro grupo, porém, todos de mãos dadas com a confusão. Gays e héteros questionam-se, alarmados e incrédulos, se o movimento em questão será verdadeiro e clamam ser tudo um grande caso ‘de armário’.
Bem, se a imagem do Macho já foi lapidada pelo advento da metrossexualidade, fica fácil imaginar as reacções destas mesmas pessoas em relação a esta novidade, esta experiência, agora ambígua, pelo menos no sentido do vector.
Gente, vamos sentar e ter uma conversa séria.
Ontem eu li a frase de uma menina espanhola onde ela defendia o pioneiro grupo dizendo que o que define alguém como ‘homo’ ou ‘hétero’ é com quem esta pessoa ‘se acuesta’ e não por aquilo que ela mete ou não no... bem, você sabe onde.
Eu não concordo com ela. Sua percepção, para mim, acaba por carregar mais um outro preconceito. Contudo, achei ‘digno’ o seu comentário, acessível ao relutante grupo oponente.
Bem, em primeiro lugar para mim, o que define uma pessoa como gay ou straight é o género da parceria escolhida. Depois, penso que sexo é reacção. Toque, química, sensação, atracção, enfim, estas coisas não tem um género definido. Mais, acho natural que um homem, que não se sinta sexualmente atraído ou estimulado por outro, venha a ser surpreendido por sensações inesperadas num contexto atípico. Um clima de conversas, uma atmosfera afrodisíaca, o estímulo físico de um toque, álcool, extasy, uma companhia de confiança, enfim, pode sempre surgir um cenário propício. Este encontro de natureza homossexual jamais definiria a pessoa como tal.
Tudo está na cabeça, nas crenças, nas certezas, na cultura. As terminações nervosas e os neuro-transmissores de uma pessoa do sexo masculino são as mesmas, tenha ele a orientação sexual que tiver! Há décadas que se sabe que a zona anal masculina é altamente herógena e isso é físico e biológico, é humano.
O que me frustra imenso na batalha destes grupos é a falta de memória. Estas mesmas mulheres que não entendem como um homem heterossexual possa querer ser estimulado por via anal, há vinte anos, sequer sabiam o que é um orgasmo, aliás, deveriam casar-se virgens! Há uns dez anos, elas tinham um número máximo aceitável de parceiros sexuais com quem elas poderiam ter estado, antes de serem consideradas ‘putas’. Um homem gay então, acusar esta prática de ser um caso ‘de armário’ é ainda mais estúpido! Tange a total ignorância da evolução a qual sua comunidade vem sofrendo! É desconhecer o próprio organismo, é alimentar o próprio preconceito ao qual ele deveria lutar contra.
O sexo oral passou pela mesma dificuldade de aceitação, de entendimento, e durante anos e anos as pessoas seguiram ‘tocando gaita de boca’ e ‘cantando no microfone’ na surdina...
Gente, se vocês sentem que as vossas fantasias, ícones, modelos, exemplos ou referências estão sendo agredidas, compreende-se. Mas aprendam a posicionarem-se de forma inteligente, menos agressiva, talvez. Não tem problema nenhum que para você, no predicado de um homem hétero, não exista as palavras maquiagem, depilação ou plug anal. Legal! Você curte assim, mas é apenas uma preferência, a sua preferência. Há outras e nem por isso são erradas.
Em pleno terceiro milénio, ainda existir estas confusões relacionas ao comportamento sexual das pessoas... aliás, a confusão, por si só, eu até encaro como algo natural, mas os julgamentos implacáveis, as determinações, a rejeição que se segue... é muito medieval.
Por isso, aprendam a ficar ‘na sua’, seja ela qual for. De mais à mais, lembrem-se que ‘pimenta no cu dos outros é a que não arde’ (eheheheh).
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.
Bem, parece-me ser oficial: os homens heterossexuais descobriram o prazer anal. Não só, eu diria que, aparentemente, essa situação tem se revelado com muita mais naturalidade entre eles do que tem sido vivida pela comunidade homossexual, onde o tema é (deveria ser) muito mais tranquilo, por razões óbvias.
Eles deixam-se ser acariciados e penetrados por suas parceiras, pela mais diversificada gama de objectos fálicos. Por momentos, transferem a elas o poder da dominação e assumem instantes de passividade, permitindo-se muito prazer, a eles e a elas.
São as novas gerações e metrossexualidade não é um requisito!
Perfil obscuro e impessoal à parte, a internet trouxe-nos isso. Despertou a curiosidade, instigou os sentidos, ampliou limites e horizontes e tudo no conforto de nossos lares, livre do látex, livre de doenças, livre da exposição da identidade, livre de julgamentos e repletos de liberdade de expressão.
Contudo, em paralelo ao crescimento deste grupo de homens heterossexuais que assumiram sua próstata, com um número de adeptos muito maior, ergue-se um outro grupo, porém, todos de mãos dadas com a confusão. Gays e héteros questionam-se, alarmados e incrédulos, se o movimento em questão será verdadeiro e clamam ser tudo um grande caso ‘de armário’.
Bem, se a imagem do Macho já foi lapidada pelo advento da metrossexualidade, fica fácil imaginar as reacções destas mesmas pessoas em relação a esta novidade, esta experiência, agora ambígua, pelo menos no sentido do vector.
Gente, vamos sentar e ter uma conversa séria.
Ontem eu li a frase de uma menina espanhola onde ela defendia o pioneiro grupo dizendo que o que define alguém como ‘homo’ ou ‘hétero’ é com quem esta pessoa ‘se acuesta’ e não por aquilo que ela mete ou não no... bem, você sabe onde.
Eu não concordo com ela. Sua percepção, para mim, acaba por carregar mais um outro preconceito. Contudo, achei ‘digno’ o seu comentário, acessível ao relutante grupo oponente.
Bem, em primeiro lugar para mim, o que define uma pessoa como gay ou straight é o género da parceria escolhida. Depois, penso que sexo é reacção. Toque, química, sensação, atracção, enfim, estas coisas não tem um género definido. Mais, acho natural que um homem, que não se sinta sexualmente atraído ou estimulado por outro, venha a ser surpreendido por sensações inesperadas num contexto atípico. Um clima de conversas, uma atmosfera afrodisíaca, o estímulo físico de um toque, álcool, extasy, uma companhia de confiança, enfim, pode sempre surgir um cenário propício. Este encontro de natureza homossexual jamais definiria a pessoa como tal.
Tudo está na cabeça, nas crenças, nas certezas, na cultura. As terminações nervosas e os neuro-transmissores de uma pessoa do sexo masculino são as mesmas, tenha ele a orientação sexual que tiver! Há décadas que se sabe que a zona anal masculina é altamente herógena e isso é físico e biológico, é humano.
O que me frustra imenso na batalha destes grupos é a falta de memória. Estas mesmas mulheres que não entendem como um homem heterossexual possa querer ser estimulado por via anal, há vinte anos, sequer sabiam o que é um orgasmo, aliás, deveriam casar-se virgens! Há uns dez anos, elas tinham um número máximo aceitável de parceiros sexuais com quem elas poderiam ter estado, antes de serem consideradas ‘putas’. Um homem gay então, acusar esta prática de ser um caso ‘de armário’ é ainda mais estúpido! Tange a total ignorância da evolução a qual sua comunidade vem sofrendo! É desconhecer o próprio organismo, é alimentar o próprio preconceito ao qual ele deveria lutar contra.
O sexo oral passou pela mesma dificuldade de aceitação, de entendimento, e durante anos e anos as pessoas seguiram ‘tocando gaita de boca’ e ‘cantando no microfone’ na surdina...
Gente, se vocês sentem que as vossas fantasias, ícones, modelos, exemplos ou referências estão sendo agredidas, compreende-se. Mas aprendam a posicionarem-se de forma inteligente, menos agressiva, talvez. Não tem problema nenhum que para você, no predicado de um homem hétero, não exista as palavras maquiagem, depilação ou plug anal. Legal! Você curte assim, mas é apenas uma preferência, a sua preferência. Há outras e nem por isso são erradas.
Em pleno terceiro milénio, ainda existir estas confusões relacionas ao comportamento sexual das pessoas... aliás, a confusão, por si só, eu até encaro como algo natural, mas os julgamentos implacáveis, as determinações, a rejeição que se segue... é muito medieval.
Por isso, aprendam a ficar ‘na sua’, seja ela qual for. De mais à mais, lembrem-se que ‘pimenta no cu dos outros é a que não arde’ (eheheheh).
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério.