segunda-feira, julho 19, 2010

 
O Futuro

Esta semana intervi com um comentário ao posting de uma amiga no facebook, onde ela manifestava alguma insegurança em relação ao futuro. Tentei dizer algo com algum optimismo e também lembrei-lhe que não há mal que nunca acabe.

Mas se é certo que ‘não há mal que nunca acaba’, mais certo ainda é que ‘não há bem que sempre dure’ e são exactamente estas certezas que nos fragilizam, esta habitual gangorra de sentimentos com os quais temos que conviver que, eventualmente, nos enfraquecem.

Saber que andamos por aqui a correr, a investir, a planear, para inevitalmente acabar morto, não é minimamente inspirador e daí, de novo: Vale à pena ? Enfim, a eterna dúvida do sentido da vida. Mas se esta dúvida tem sido eterna, como classificá-la, então? Má não é, pois já teria tido fim e boa tão pouco, pois assim não estaria durando! Hum... existirá um sentido?

Quando a única coisa certa no futuro é o ‘esticar das canelas’, ou se morre em paz ou... se morre (ponto). Logo não me parace que valha muito à pena ter muitas preocupações. Contudo, desconfio, sabendo-se desta ‘viagem reservada’, que de facto os que nos preocupa é a qualidade de vida que teremos até o dia do ‘embarque’. Se teremos conquistado todos os objectivos que outrora postulamos ser o que nos trariam realização e felicidade.

Mas se andamos consumidos com medo do futuro, por sabermos que antes de morrer queremos uma vida digna, não estará, afinal, no passado a resposta para tanta ansiedade?

Se o futuro não existe e começa agora, o que quer ele venha ser, segue um planeamento, pelo menos alguns desejos. Lá atrás, na nossa história, foi definido quanto tempo de nossa vida passaríamos estudando, quantos andares teria nossa casa e quantos filhos seria o ideal. Parece-me ser para estas épocas que deveríamos olhar de forma a poder atenuar estas incertezas e inseguranças que o vazio futuro nos traz.

Mas olhar para atrás, analisar os planos, reestrurar metas, livrar-se de objectivos que mais consomem vida do que nos fazem aproveitá-la, é algo que só pode ser feito no presente, no coincidente momento onde começa o tal do futuro.

A viagem antes da ‘viagem’ é longa, é cansativa. Livre-se da carga desnecessária, livre-se das âncoras que retardam o andamento desta jornada. O que está feito nunca poderá ser mudado e não importa o quão mal tenha sido, não deve nunca ganhar a atenção de referência, não pode impedi-lo de repetir o mesmo evento. Este, deve se trasnformar num desafio, numa aposta mais alta a ser ganha, ultrapassada.

O vazio é não é mau. Livre da carga extra e de pouca relevância, podemos acomodar melhor este espaço disponível, fazê-lo aprazível, arejado e confortável. Não há porque ter medo do vazio e o futuro é uma imensidão de oportunidades, de aventuras, de começos e de fins, basta ser livre, basta permitir-se.

Talvez a melhor forma de viver, até do dia da ‘viagem’, seja calmamente aproveitar um dia a seguir do outro, numa linha AA mesmo! Mas só lembrem-se de uma coisa: Não é permitido embarcar com líquidos, objectos afiados ou que façam fogo...

Uma boa semana para todos.

Eduardo Divério.

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