quarta-feira, dezembro 21, 2011

 

Crítica à Ditadura Comportamental


Acompanhei o documentário sobre um indivíduo nos Estados Unidos que estava tratando seu compulsório comportamento sexual. Ele consumia pornografia diariamente e também praticava cruising com bastante frequência, o que adjectiva seu comportamento como promíscuo.

Nas palavras dele, dizia sentir-se vazio, sozinho, usado e sujo depois de cada orgasmo que se seguia a um filme pornográfico ou ao toque de/com uma pessoa estranha.

Eu acho que a pessoa do terceiro milénio alcançou uma dimensão na existência que demanda, urgente, uma crítica estrutural do comportamento sexual de sua própria raça!

Quando a única fonte de prazer de um indivíduo recaí sobre o excessivo estímulo de parceria pornográfica, se uma pessoa tem muitos encontros sexuais sem ser capaz de emocionalmente se envolver com outra, com intimidade e segurança, então temos de facto aqui algo que requer tratamento e atenção. Contudo, não menosprezemos o valor de um a bom orgasmo ‘fútil’ depois daquela reunião massante que levou 3 horas! Nem daquela trepada divida com alguém que nem sabemos o nome, mas que lembramos muito bem de suas mãos, coxas, peito, seu calor interno, enfim… ai!

Sexo é um acto físico que envolve as partes genitais de dois, ou mais, indivíduos e que causa variações da pressão na corrente sanguínea e liberação de substâncias químicas, tais como dopamina, adrenalina e endorfina. Via-de-regra, sexo até quando é ruim consegue ser bom. Mas, fazê-lo acompanhado do sentimento do amor ou da paixão é melhor ainda, mas não são, definitivamente, eventos naturalmente sincronizados.

Culturalmente, vem-se exercendo uma pressão psicológica exacerbada sobre as doutrinas de uma suposta boa conduta em forma de exercício, em forma de valores. Contudo, estes valores parecem-me totalmente negligenciados no seu conteúdo, nos seus pesos, ignorando a trajectória psicossocial humana desde o advento da sífilis e das guerras santas.

Depois de se fazer sexo, qualquer que seja a sensação diferente de prazer e relaxamento (dopamina e endorfina) terá sido causada por um ajuizamento, por uma consciência, pela intervenção num ego suprimido por um superego exigente.

Vivemos postulando comportamentos e idéias que simplesmente gritam por serem revisadas! Simplesmente, tomá-las como guia, é condenar sua existência a mais obrigações do que realizações!

Sejamos racionais, críticos, com os seguintes factos:

A monogamia continua sendo exigência número 1 para relacionamentos, mesmo entre namorados que recém se conheceram. Contudo, segundo estatísticas, 8 entre 10 homens traem suas esposas e 6 entre 10 esposas traem seus maridos;

O acto da monogamia faz com que duas pessoas façam sexo não por se sentirem atraídas uma pela outra, mas frequentemente, por pura necessidade, pelo natural fluxo de biorítimo, de química orgânica; uma vez que seguem uma filosofia e que acreditam que casamentos devem ser para sempre. A pressão aqui é geradora de alta angústia!! Quem entre quatro paredes não acabaria por recorrer a um filminho pornô, uma revista, onde todos são belos e tudo é mais fácil?

Apesar de já se conceber que os casamentos não têm que ser para sempre, pois é cabeça-a-cabeça com o número de divórcios, as pessoas continuam sofrendo por seus casamentos não terem durado para sempre ou continuam à procura de relações que sejam para sempre. E monogâmicas!

Raramente, encontramos casais que juntos há… digamos 40 anos, ainda namorem - note que namorar e fazer sexo, de novo, não são eventos naturalmente sincronizados. Muitos deles vivem num estado de ‘acostumados um com o outro’, de aceitação ou resignação. Muitos até se tratam de forma bem fria, como se sentissem-se  roubados…

A média de duração de um casamento caiu de 24 para 14 anos, sendo que nos últimos anos antes da separação, a pornografia parece ser a única fonte de prazer sexual por individuo. Alguns tiveram casos por fora… mas não deu, não dá, acaba mesmo em divórcio.

Se na maioria, todos demandam um grupo de regras que todos acabam por não sustentá-las, não está na hora de irmos às urnas, não está na hora de termos pulso democrático de nossas vidas e dizer ‘não’, pôr fim à ditadura comportamental?

Não há nada de errado com a monogamia e nada de errado em se procurar parcerias que durem uma vida, como não há nada de errado em sexo casual, em grupo ou à três (delícia)! Nada de errado em ter uma colecção de filmes pornográficos de gente que mija e bate nas outras desde que a pessoa seja livre, desde que o individuo sinta-se livre para explorar seus instintos, curiosidades e sentimentos sem a pressão, a angústia de se estar traindo toda uma raça!

Tudo o que se força a consumir depois do prazo de validade, por mais cara, saborosa, perfeita a iguaria que tenha sido, vai causar diarréia!

Quando postulamos que as coisas têm que ser ‘assim’ estamos condenando o ‘assado’ à marginalidade e isso, em si, deturpa seu próprio conceito, seu peso, pois acresce ao seu predicado um julgamento e logo, afecta como a própria pessoa vê-se e sente-se a si mesma.

Não há nada mais pavoroso e pesado para a psicologia humana do que sentir vontade de fazer ou consumir algo que nós mesmos ajuizamos ser errado.

Mas alguém me mostra onde está a degradação em se permitir viver o império dos sentidos com 20 mãos ao alcance? (Façam a matemática do que vem anexado às 20 mãos!) Por quê, encharcar suas células de adrenalina com bunjing  jump é mais lícito do quê com um gang banging num domingo à tarde, desde que ambas situações sejam eventuais?

Desejo que tenham uma semana cheia de liberdade.

Eduardo Divério.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

 

O Básico numa Dúvida


Na sequência de vários dias assistindo filmes na televisão por canais a cabo, apercebi-me desta nova onda, desta nova moda de se falar o Inglês. Bem, talvez nem tão nova, mas mais frequente de certeza. Ouvia coisas como: ‘… and what your father do?’. Bem, your e anybody’s father does, right?  De imediato senti que tinha algo errado com a frase, mas como estava a ouvir estas conjugações e concordâncias por todos os canais, ‘paniquei’ e recorri à Internet.

Sessenta e quatro exercícios de ‘do’ e ‘does’ depois, com 100% de acertos, ocorreu-me então o básico, o simples: que sendo aquilo uma pergunta, nada mais era do que  má gramática inglesa Hollywoodiana! A tal pergunta deveria ser: ‘… and what does your father do?’. Suprimir o verbo auxiliar, que é o que se conjuga, parece andar a constituir evolução na língua.

Tendo sido formado no Brasil, o que posso dizer á respeito, não? Contudo, uma vez ter passado metade de minha vida estudando, estou defecando para evolução de uma língua que não me veio ao berço (pediram-me para não escrever ‘cagando’ pois ficava feio e então estou a fazer uns testes…), logo, recuso-me negligenciar todos aqueles anos de escola e tenciono continuar a usá-los. Depois, que quando se é emigrante num país de língua Inglesa, gera-se sempre aquela dúvida, se a pessoa fala assim por ser um evolucionista ou apenas mal formado.

Bem, aqueles que me lêem já sabem, toda esta balela para salientar o facto de ser na simplicidade de um evento onde, por vezes, se omite sua solução. Dilemas, dúvidas, quem não os têm, não os vive, não é?

Tente considerar o mais básico, o mais óbvio. Você pode surpreender-se em perceber que afinal sempre soube a resposta…

Uma boa semana para todos.

Eduardo Divério.

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