domingo, fevereiro 12, 2012

 

Sabedoria Curiosa…


Eu tenho uma simpatia muito grande pela ‘mitologia’ gnóstica, que do grego quer dizer ‘conhecimento’.  Segundo esta corrente, à grosso modo, Deus, o ser supremo, arquitetou um plano, desenhou esta estrtutura conhecida como Pleroma. Para executá-la, emanou sua energia dando origem à diferentes  aeons (entidades) que não lhes eram distintas, mas pura manifestação de si próprio.

Entretanto, um deste aeons, Sophia (Sabedoria), sentiu um desejo muito grande, mas tão grande, em conhecer seu ser supremo que acidentalmente gerou um semi-deus, chamado  Demiurgo. Uma vez que tal curiosidade não fôra bem vista, ela passou por um longo exílio com seu filho, que entediado, criou a matéria, o mundo como conhecemos  e também originou  o ser humano, soprando-lhe vida aos pulmões.

Passa-se que sendo ele um semi-deus, estava nele a chama divida herdada de sua mãe e ao soprar vida aos pulmões do homem, ele acabou por passar parte da chama divina a este ser. Uma vez que o ser supremo nunca esperou que esta chama fosse espalhada num mundo, que sequer ele desenhara, tornou-se necessário resgatá-la de volta ao pleroma e daí, então, destruir de vez com o brinquedo do Demiurgo (o apocalipse).

Para os gnósticos, o Deus Judeu mencionado no primeiro testamento da Bíblia é o Demiurgo. Um Deus que se zanga, que exige provas de devoção,  que pune e que destrói cidades. Nada do nosso mundo, na verdade, foi criação do ser supremo e sim, um acidente de percurso. E esta é a grande revelação gnóstica, essa é a razão pela qual o ser humano precisa intuir a sabedoria de forma que possa reconhecer se porta ou não uma fagulha da chama divina e assumir o compromisso de levá-la de volta ao plano original.

Contudo, nem todos têm a chama e na verdade este texto nasceu na sequência da publicação do meu último blog, onde menciono a revoltante existência de gente inútil a nossa volta.

Por vezes questiono-me que sendo nós todos, feitos da mesma composição e estrutura orgânica, como pode ser possível que uma frase, um filme ou um livro possam ter um impacto revelador na vida de muitos e zero na de outras...

Tenho andado prá cá a falar do quanto a vida nos expõe a situações pesadas e que nada têm a ver com destino ou vontade de Deus, que simplesmente merdas acontecem, certo? Mas também tenho andado prá cá juntando meu ‘latim’ de forma a tentar inspirar as pessoas a acharem a sua ´fagulha’. Mas e se for verdade que nem todas as pessoas a tem?

Existirá em nós, na estrutura do nosso córtex cerebral, no nosso DNA, a definição, a estipulação que podemos ser cegos e surdos à sabedoria? Mais importante do que isso, como reconhecer se temos parte desta ‘chama’?

Para mim, é necessário ter coragem para avançar, para mudar, para querer. Mas coragem não brota em árvores e nem se compra em frascos como suplemento alimentar e, parece-me, que medos e má formação estão pode detrás de tudo o que nos amarra, de tudo o que nos tranca, de tudo o que nos impede de progredir e, consequentemente, poder se ter dias mais felizes onde realizações são contabilizadas.

E aqui entra a minha simpatia anóloga com a Gnose, pois uma das entidades, dos aeons, emanada do divino foi a Inspiração.

Inspiração é algo que pode nos tocar a partir da admiração de algo ou de alguém, a partir da sensação de alívio que sentimos quando nos é projectada uma situação alheia a nós, quando sentimos esperança no gesto, na dedicação, na confiança e no amor de alguém por nós.

Só a inspiraçáo pode fazer florecer coragem em nossos corações e então, passo a passo, dia após dia, mesmo que lentamente, caminharmos em direção de uma meta, um foco.

É de suma importância que nos foquemos em soluções e não nos problemas e menos ainda, nos riscos que envolvem estas soluções.

Deixe-se contagiar, permita-se acreditar que toda a sequência de eventos pode ser interrompida e isso produzirá coragem para se atravessar um oceano, para se fazer uma nova faculdade, para se encontrar o amor e, por que não, servir de inspiração e ajudar a semear coragem nos corações daqueles que cruzam nossos caminhos.

Desejo uma semana cheia de inspiração e coragem a todos.

Eduardo Divério.

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