sábado, março 10, 2012

 

Arrependimento


Arrependimento 
s. m.
1. Acto de arrepender-se.
2. Contrição.

Arrepender |ê| 
(latim *[ar]repoenitere, de poeniteo, -ere, não estar satisfeito com, estar descontente com, ter pesar de) 
v. pron.
1. Lamentar ou ter pena por alguma coisa feita ou dita ou não feita ou não dita.
2. Mudar de intenção ou de ideia.
3. Desdizer-se.
4. Mudar de aspecto, ameaçando chuva.

Um dos sentimentos mais mediáticos da história da humanidade, com uma relação íntima com religião, aliás, quiça ainda hoje, matém sua popularidade através deste meio.

A religião descreve o arrependimento como a ‘porta’ para uma remissão e uma redenção de seus erros. Contudo, algo só pode ser declarado como um‘erro’ em contrapartida do que se postula como ‘certo’. Assim, um ‘erro’seria um desvio, uma má formação, uma má execução de um plano (regra, idéia, acordo...)  e a percepção desta falha, voltaria a enaltecer o postulado ‘certo’.

Mas acredito que para isso, existe a definição de ‘reconhecimento’.

Então vamos de novo: O ‘arrependimento’ é o  ‘reconhecimento’ de um ‘erro’ mas que demanda uma consciência lamentosa de trasngressão, de negligência, de descaso ou descuido. Em outras palavras, assumir culpa e exigir uma reavalorização do ‘certo’.
Bem, pressupõe-se então, que para tal, o ‘certo’ seja já um dado adquirido, uma referência.

Mas e quando não sabíamos como era o ´certo’ mas, de alguma forma, descobrimos que fizemos ‘errado’;  ‘reconhecer´ seria o suficiente ou ‘arrependender-se’ continua sendo mandatório?

Bem, o código cívil prevê que contra um crime, não podemos alegar ignorância sobre a lei. Mas, aqui cabem os dois ‘réus’:  o ‘reconhecimento’ que já  existia uma lei e o ‘arrependimento’ de tão ter estudado o suficiente... Mas isso é justo? Quero dizer, não no sistema judiciário, mas no sistema orgânico do comportamento humano; é ‘certo’ sentirmos ‘arrependimento’ por um ‘erro’ ao qual desconhecíamos uma referência?

Pior ainda, se torna um ‘erro’,  algo que jurávamos ser ‘certo’, feito com a mais profunda e verdadeira intenção, mas que afinal desfez-se?

Lembro-me que nos anos 80, 90, houve todo um movimento psico-filosófio que tentava romper um pouco com este vetorial-uso mediaval do ‘arrependimento’, que não deveríamos olhar para nossos actos do passado com este sentimento, pois que, o que quer que se tenha feito, era o que se podia, se consguia, se sabia fazer e mais importante do que lamentar o feito, seria tê-lo como um marco e aceitar, trabalhar as suas consequências.

Não sei...  quando eu andava à volta dos meus trinta anos de idade, mais otimista, talvez, costumava dizer: ‘Não me arrependo do que fiz porque aprendo para o que faço’. Hoje, uma década depois, abraçado numa garrafa de vodka e ouvindo Adele,  posso fazer uma lista de coisas que fiz e que arrependo-me à raiz dos meus cabelos!

E aí, falando por mim, evidencia-se  uma tênue mistura de lamentação, de pena pelas consequências de decisões desastrosas, com um sentimento de culpa, de irritação também, por não se ter sido mais esperto, dedicado, atencioso, estudioso, paciençoso, bom ouvinte... enfim.

Bem, idenpendente se você ‘reconhece’, se ‘arrepende’,  lamenta ou ‘está cagando’, acho que  o importante é ouvir este sentimento e perceber que, se voce não fez nada deliberadamente sabendo que iria ferrar com aguém, ou alguma coisa, que o facto de não se saber, não ser mais esperto, mais dedicado, mais atencioso, foi extamente o que faltou para evitar o ‘desastre’. Logo, falta de consciência. Lamente seu descaso, sua leviandade com o assunto, mas aprenda. Cresça daí.

Mas não se martirize em culpa! Não se imponha um ‘arrependimento’. Se fi-lo porque qui-lo, é porque o cenário, a conjuntura e a corrente maturidade assim entenderam. Se disso surgiram perdas e danos, não os olhe como punição ou castigo, mas como um acidente, afinal, dizem, o inferno está cheio de gente bem intencionada.

Acidente

s. m.
1. Casualidade não essencial.
2. Sucesso imprevisto.
3. Indisposição repentina que priva de sentido ou de movimento.
4. Irregularidade do terreno, quebra, ondulação, fragosidade.
5. [Gramática]  Flexão.
6. Cada um dos sinais que servem para alterar as notas.
7. [Teologia]  Figura, cor, sabor e cheiro que fica do pão e do vinho após a sua consagração. (Mais usado no plural.)
[Medicina]  acidente vascular cerebral: perda de funções cerebrais decorrente da interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro (ex.: acidente vascular cerebral hemorrágico, acidente vascular cerebral isquémico) [sigla: AVC].

Uma boa semana para todos.

Eduardo Divério.

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