domingo, abril 01, 2012

 

Retificação Intencionada


Desde que escrevi ‘Desgaste mau Intencionado’, dúvidas instalaram-se em minha mente. À medida que pensava nos argumentos e buscava as devidas concordâncias frásicas, minha alma fora se inquietando e foi apenas quando escrevi o último texto que apercebi-me o que era.

Continuo acreditando que as pessoas merecem crédito por suas intenções e que conhecê-las, podem nos inspirar a desenvolver esperança, maior compreensão e compaixão para com seus atos. Contudo, há uma verdade maior: todos têm opções. Para tudo, faz-se uma escolha.

Um homem é julgado pelo seu comportamento, tanto numa vara criminal como numa intervenção amigável. Aquilo que fazemos, como reagimos ao que sentimos, como tratamos as pessoas a nossa volta, é o reflexo de uma gestão, de uma consciência e isso é o que de fato afetará as pessoas e o meio à volta.

Não importa o quão bem intencionada seja uma pessoa se ela sempre escolhe ceder ao medo, se ela sempre escolhe o caminho menos doloroso, se ela sempre escolhe se esconder, se ela sempre escolhe se omitir de decisões que são fundamentais para seu futuro.

Claro que não me refiro aqui a escolhas como qual curso de faculdade fazer, ou se quero ou não me separar de uma pessoa. Refiro-me à escolhas que remodelarão um comportamento, retificarão as consequências de seus atos e talvez, alinharem-se com suas intenções.

Preciso voltar atrás e dar a minha mão à palmatória; todos são responsáveis pelos seus atos, pois há sempre uma escolha. Em  decorrência disso, pode-se ter que pagar um preço e aqui reside o brio de um, ao se estar disposto a pagar o custo pela emenda de algo, pelo fabrico de alguma coisa ou pela manutenção  daquilo pelo seu real valor.

Há escolhas que são difíceis, pois habitam sobre a encruzilhada entre dois caminhos que se divergem. Há pessoas que passarão anos sentadas à frente desta questão, sem decidir, fazendo suas vidas imutáveis, ali, até a morte. Outras, poderão seguir um caminho pelo qual ao longo de toda a sua extensão, viverão a fantasia do como teria sido pela outra estrada. Umas, escolherão voltar e fazer o desvio, mas outras não terão condições de fazê-lo, e seguirão seu rumo sem olhar para trás. Cansadas.

Toda escolha é facilmente justificada com uma lista de argumentos e isso, pode ser estratégico. Em diferentes pontos da vida, sentimos a necessidade de reestruturar as coisas, baseados em novos valores ou mesmo em velhos valores, mas escolher é o reflexo do que realmente nos move, seja medo, coragem, inspiração ou paranóia. Afinal, não mudar também é uma escolha.

O grande lance é percebermos como tudo funciona e permitirmo-nos a escolha. É saber que no jogo na vida, é permitido voltar atrás; que é possível  se desfazer ações e acordos; que retificar um gesto nunca é tarde; que ser feliz é a meta final deste mesmo jogo, que como qualquer um, tem seus revezes, tem suas ciladas e contratempos, mas que sempre nos dá a escolher.

Eu desejo a todos uma semana de discernimento para que se façam escolhas de boas intenções.

Eduardo Divério

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