quarta-feira, janeiro 17, 2007
Tempos Modernos
_ Meu filho...
_ Sim.
_ Estás sempre tão sozinho e…
_ Eu não estou tão sozinho.
_ Sim, quero dizer, já não trazes ninguém aqui em casa.
_ E?
_ … Você é gay?
_ Não.
_ Mas você nunca mais trouxe ninguém aqui desde que acabou com a Letícia!! Já faz dois anos!
_ Pai, eu não estou namorando e não me sinto sozinho.
_ Mas meu filho, se você é gay, assim, eu e sua mãe vamos aceitar. Não queremos é que passes a vida escondido, infeliz.
_ Eu não sou gay – (…) - Eu gosto de putas.
_ Como assim?
_ Como “como assim”? Eu gosto de putas.
_ Sim, está bem, na sua idade… enfim…
_ Não pai, você não está entendendo. Eu gosto de putas. É sério!
_ Desde de quando isso pode ser sério, menino? Tu queres me matar de desgosto?
_ Eu poderia ser gay mas não posso gostar de putas, é isso?
_ Mas meu filho, putas não são para se gostarem, são para… se estar. Entendes?
_ Entendo o que queres dizer, mas não vejo porque não posso gostar delas?
_ Meu filho, veja bem: Como você espera constituir família com uma puta? E seus filhos? Cruzarão com a mãe numa esquina enquanto ela trabalha? Pior!! Serão sempre uns filhos da puta!
_ Que esquina? Existem vários níveis de puta.
_ Meu filho, puta é puta. E as doenças??
_ Pai, se eu fosse gay, não teria sempre que me prevenir contra elas?
_ Enquanto não achasses um parceiro fixo, sim. Puta fixa é que não existe!
_ E quem disse que eu quero uma relação fixa?
_ Meu filho, você só está falando estas coisas porque tem 22 anos. Você vai mudar.
_ Vou é? Para o quê? Pai de 2 filhos ou queres que eu vá para a Holanda, me casar com um gringo qualquer? Pai, eu estou bem e feliz. Não é isso que importa?
_ É meu filho. Mas como é que você espera que lidemos com isso? Você vai trazer alguma puta aqui em casa?
_ Se eu estiver sozinho em casa, sim. Economizo no motel.
_ Mas meu filho, veja bem, não dá para você ter uma namoradinha e andar com suas putas ao mesmo tempo?
_ O que é isso? Você está louco? Enganar uma pessoa desta forma, para quê?
_ Bem, é. Mas seria tão mais fácil para nós se fosses…
_ Mas que coisa! Eu não sou gay! Já rolou a experiência, não é para mim! Eu gosto mesmo é de putas! Entendeu?
_ Tudo bem, já entendi. Mas se me perguntarem de você, eu posso dizer que você é gay?
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério
_ Meu filho...
_ Sim.
_ Estás sempre tão sozinho e…
_ Eu não estou tão sozinho.
_ Sim, quero dizer, já não trazes ninguém aqui em casa.
_ E?
_ … Você é gay?
_ Não.
_ Mas você nunca mais trouxe ninguém aqui desde que acabou com a Letícia!! Já faz dois anos!
_ Pai, eu não estou namorando e não me sinto sozinho.
_ Mas meu filho, se você é gay, assim, eu e sua mãe vamos aceitar. Não queremos é que passes a vida escondido, infeliz.
_ Eu não sou gay – (…) - Eu gosto de putas.
_ Como assim?
_ Como “como assim”? Eu gosto de putas.
_ Sim, está bem, na sua idade… enfim…
_ Não pai, você não está entendendo. Eu gosto de putas. É sério!
_ Desde de quando isso pode ser sério, menino? Tu queres me matar de desgosto?
_ Eu poderia ser gay mas não posso gostar de putas, é isso?
_ Mas meu filho, putas não são para se gostarem, são para… se estar. Entendes?
_ Entendo o que queres dizer, mas não vejo porque não posso gostar delas?
_ Meu filho, veja bem: Como você espera constituir família com uma puta? E seus filhos? Cruzarão com a mãe numa esquina enquanto ela trabalha? Pior!! Serão sempre uns filhos da puta!
_ Que esquina? Existem vários níveis de puta.
_ Meu filho, puta é puta. E as doenças??
_ Pai, se eu fosse gay, não teria sempre que me prevenir contra elas?
_ Enquanto não achasses um parceiro fixo, sim. Puta fixa é que não existe!
_ E quem disse que eu quero uma relação fixa?
_ Meu filho, você só está falando estas coisas porque tem 22 anos. Você vai mudar.
_ Vou é? Para o quê? Pai de 2 filhos ou queres que eu vá para a Holanda, me casar com um gringo qualquer? Pai, eu estou bem e feliz. Não é isso que importa?
_ É meu filho. Mas como é que você espera que lidemos com isso? Você vai trazer alguma puta aqui em casa?
_ Se eu estiver sozinho em casa, sim. Economizo no motel.
_ Mas meu filho, veja bem, não dá para você ter uma namoradinha e andar com suas putas ao mesmo tempo?
_ O que é isso? Você está louco? Enganar uma pessoa desta forma, para quê?
_ Bem, é. Mas seria tão mais fácil para nós se fosses…
_ Mas que coisa! Eu não sou gay! Já rolou a experiência, não é para mim! Eu gosto mesmo é de putas! Entendeu?
_ Tudo bem, já entendi. Mas se me perguntarem de você, eu posso dizer que você é gay?
Uma boa semana para todos.
Eduardo Divério
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Evitando o Inevitável
Enquanto nos jornais da Suécia se discute a necessidade, ou não, de se ter os acentos dos transportes públicos revestidos com matéria hipoalergênica, em consideração aos contribuintes que sofrem de alergias, nesta zona mais setentrional da Europa, os portugueses partem para mais um plebiscito sobre o aborto, o terceiro em pelo menos dez anos.
Contudo, tanto a campanha a favor como a contra, vista pelos cartazes partidários por toda a cidade, têm como frase chave “ SIM AO ABORTO” ou “NÃO AO ABORTO”. Na minha opinião este plebiscito já começa mal pela sua própria denominação, que implicitamente, condiciona o voto a uma idéia, a um ato e não a um direito. Nós portugueses, deveríamos estar indo votar pelo “DIREITO, pela legalização ao aborto” , por que de fato, eu mesmo, sou contra o acto, contudo, acredito e direi “sim” à legislação que o legaliza, porque o aborto em si, será sempre uma decisão de fórum pessoal.
Dezenas de mulheres morrem ou ficam com sequelas irreversíveis todos os anos, devido as formas a que recorrem a este procedimento, caindo nas mãos de pessoas com falsas credenciais. Vai longe o tempo em que uma garota que engravidasse tinha que casar para salvar sua reputação. Vai longe no tempo, a vergonha de se ser mãe solteira ou uma mulher divorciada. O aborto existe, está entre nós e por várias e diferentes razões do que apenas um método anticonceptivo.
Empiricamente, pois não tenho números ou estatísticas reais que me dêm suporte, eu ouso em dizer que estas mesmas pessoas tradicionias, que votam contra o aborto, acabam por fazer parte das causas do porque ele existe. Dezenas e dezenas de mulhreres preferem correr o risco nas mãos de um açogueiro, do que enfrentarem uma suposta vergonha, o julgamento da família e claro, o seu próprio. Uma pessoa que se sente assim é porque pensa assim, foi formada, educada assim.
Coincidentemente, uma pesquisa realizada acerca de duas ou três semanas atrás, revelou que 70% dos portugueses são contra a adoção de crianças por casais gay e não só! São contra as leis que regularizam as uniões conjugais entre pessoas do mesmo sexo.
Pois eu proponho que um outro plebiscito seja feito. Que todas as pessoas, que pertençam a um grupo onde lei nenhuma as assiste, tenham redução nas cargas fiscais e impostos! Como pode, uma pessoa não poder casar com outra, ou adotar uma criança que precisa de um lar ou ainda ser proibida de não querer trazer uma criança ao mundo, e ainda ter que contribuir com subsídios para os filhos dos outros?
O lado latino do planeta TEM que entender que todas a s pessoas têm direitos, pelo simples fato de existirem! Fantoches arcaicos de sociedades atrasadas que não enxergam ou entendem que legislar não é apenas o que um grupo de pessoas acha certo ou não! Legislar é respeitar a diferença e dar a devida deferência ao indivíduo.
Portugal está ficando confinado as suas fronteiras, pois o resto da Europa rende-se aos direitos dos cidadãos contribuintes e fazendo parte da comunidade, em breve não terá escolha. Porém, isso não mudará a mentalidade do povo que julga ter o direito de vetar o direito dos outros.
Lado infame este de nossa cultura que nos impossibilita a liberdade de indivíduo. Pois afirmo que as mudanças começam pelo indivíduo, pela forma como pensa e se pronuncia junta a outros. É curioso saber que acerca de cem anos, pessoas eram presas e condenadas à morte por homossexualidade na Inglaterra e que hoje, não só têm o direito legal a se casarem e adotar crianças, como são aceitas na sociedade, de um modo geral.
Os latinos, que nunca tiveram uma pena específica, muito menos de morte contra a homossexualidade, continuam permitindo o exercício do preconceito e da diferença pejorativa das sexualidades enquanto usufruem do dinheiro arrecadado destas pessoas pelos impostos, ao mesmo tempo que exige sua boa conduta civil na sociedade.
Mas é inevitável. Cedo ou tarde, e sem plebiscito, surgirão as leis que regulam estes absurdos. É histórico, é vergonhoso e latino.
Deixo aqui meu apelo. Para aqueles que pertencem a um grupo desfavorecido, que se façam ouvir, mesmo que sejam só entre aqueles com quem têm confiança, pois estes levaram novas idéias aos deles de confiança, formando uma corrente. Para aqueles que se sentem menos afetados, pensem em seus amigos, ou nos filhos dos seus amigos que crescem, ou nos seus próprios filhos e amigos destes.
Lembrem-se que ao longo da história, centenas de judeus foram mortos, centenas de negros foram escravizados, centenas de mulheres foram mutiladas, centenas de mulheres foram tratadas como raça inferior, centenas de crianças foram sexualmente abusadas, centenas de pessoas que lutavam pelos direitos e pela liberdade de outros foram mortas e acima de tudo, lembrem-se que tudo ao que você hoje usufrui e tem acesso, tem o direito, tem uma mancha de sangue de todos esses mencionados e muitos outros.
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.
Enquanto nos jornais da Suécia se discute a necessidade, ou não, de se ter os acentos dos transportes públicos revestidos com matéria hipoalergênica, em consideração aos contribuintes que sofrem de alergias, nesta zona mais setentrional da Europa, os portugueses partem para mais um plebiscito sobre o aborto, o terceiro em pelo menos dez anos.
Contudo, tanto a campanha a favor como a contra, vista pelos cartazes partidários por toda a cidade, têm como frase chave “ SIM AO ABORTO” ou “NÃO AO ABORTO”. Na minha opinião este plebiscito já começa mal pela sua própria denominação, que implicitamente, condiciona o voto a uma idéia, a um ato e não a um direito. Nós portugueses, deveríamos estar indo votar pelo “DIREITO, pela legalização ao aborto” , por que de fato, eu mesmo, sou contra o acto, contudo, acredito e direi “sim” à legislação que o legaliza, porque o aborto em si, será sempre uma decisão de fórum pessoal.
Dezenas de mulheres morrem ou ficam com sequelas irreversíveis todos os anos, devido as formas a que recorrem a este procedimento, caindo nas mãos de pessoas com falsas credenciais. Vai longe o tempo em que uma garota que engravidasse tinha que casar para salvar sua reputação. Vai longe no tempo, a vergonha de se ser mãe solteira ou uma mulher divorciada. O aborto existe, está entre nós e por várias e diferentes razões do que apenas um método anticonceptivo.
Empiricamente, pois não tenho números ou estatísticas reais que me dêm suporte, eu ouso em dizer que estas mesmas pessoas tradicionias, que votam contra o aborto, acabam por fazer parte das causas do porque ele existe. Dezenas e dezenas de mulhreres preferem correr o risco nas mãos de um açogueiro, do que enfrentarem uma suposta vergonha, o julgamento da família e claro, o seu próprio. Uma pessoa que se sente assim é porque pensa assim, foi formada, educada assim.
Coincidentemente, uma pesquisa realizada acerca de duas ou três semanas atrás, revelou que 70% dos portugueses são contra a adoção de crianças por casais gay e não só! São contra as leis que regularizam as uniões conjugais entre pessoas do mesmo sexo.
Pois eu proponho que um outro plebiscito seja feito. Que todas as pessoas, que pertençam a um grupo onde lei nenhuma as assiste, tenham redução nas cargas fiscais e impostos! Como pode, uma pessoa não poder casar com outra, ou adotar uma criança que precisa de um lar ou ainda ser proibida de não querer trazer uma criança ao mundo, e ainda ter que contribuir com subsídios para os filhos dos outros?
O lado latino do planeta TEM que entender que todas a s pessoas têm direitos, pelo simples fato de existirem! Fantoches arcaicos de sociedades atrasadas que não enxergam ou entendem que legislar não é apenas o que um grupo de pessoas acha certo ou não! Legislar é respeitar a diferença e dar a devida deferência ao indivíduo.
Portugal está ficando confinado as suas fronteiras, pois o resto da Europa rende-se aos direitos dos cidadãos contribuintes e fazendo parte da comunidade, em breve não terá escolha. Porém, isso não mudará a mentalidade do povo que julga ter o direito de vetar o direito dos outros.
Lado infame este de nossa cultura que nos impossibilita a liberdade de indivíduo. Pois afirmo que as mudanças começam pelo indivíduo, pela forma como pensa e se pronuncia junta a outros. É curioso saber que acerca de cem anos, pessoas eram presas e condenadas à morte por homossexualidade na Inglaterra e que hoje, não só têm o direito legal a se casarem e adotar crianças, como são aceitas na sociedade, de um modo geral.
Os latinos, que nunca tiveram uma pena específica, muito menos de morte contra a homossexualidade, continuam permitindo o exercício do preconceito e da diferença pejorativa das sexualidades enquanto usufruem do dinheiro arrecadado destas pessoas pelos impostos, ao mesmo tempo que exige sua boa conduta civil na sociedade.
Mas é inevitável. Cedo ou tarde, e sem plebiscito, surgirão as leis que regulam estes absurdos. É histórico, é vergonhoso e latino.
Deixo aqui meu apelo. Para aqueles que pertencem a um grupo desfavorecido, que se façam ouvir, mesmo que sejam só entre aqueles com quem têm confiança, pois estes levaram novas idéias aos deles de confiança, formando uma corrente. Para aqueles que se sentem menos afetados, pensem em seus amigos, ou nos filhos dos seus amigos que crescem, ou nos seus próprios filhos e amigos destes.
Lembrem-se que ao longo da história, centenas de judeus foram mortos, centenas de negros foram escravizados, centenas de mulheres foram mutiladas, centenas de mulheres foram tratadas como raça inferior, centenas de crianças foram sexualmente abusadas, centenas de pessoas que lutavam pelos direitos e pela liberdade de outros foram mortas e acima de tudo, lembrem-se que tudo ao que você hoje usufrui e tem acesso, tem o direito, tem uma mancha de sangue de todos esses mencionados e muitos outros.
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.
domingo, janeiro 07, 2007
O Mito a volta da Pornografia
O termo “Pornografia” surgiu na época Vitoriana, quando arqueólogos escavavam em Pormpéia e figuras de pênis foram encontradas nas calçadas, indicando o caminho para os prostíbulos. Não só, enormes gravuras pelas paredes, representavam diversas posições, explícitas, de atos sexuais. A palavra é de origem grega: πόρνη (pórne), "prostituta", γραφή (grafé), representação.
Também da Grécia Antiga eu fui buscar um conhecido mito para ajudar-me da dar apoio a minha visão dos fatos:
Existe mais de uma versão sobre a origem de Hephaestus, o deus grego ferreiro ou do fogo. Há quem diga que Hera, esposa de Zeus, numa violenta crise de ciúmes do marido, por este ter criado a deusa Athena, deu a luz de forma independente a Hephaestus. Contudo, ele era tão pouco belo e perfeito, que Hera, envergonhada, o atirou do alto do Olimpo. Outros, dizem que Zeus, foribundo com Hera, por esta ter atentado contra a vida de Hércules, suspendeu-a ao alto com sua força, ao que o filho, Hephaestus, correu em seu auxílio. Zeus enfurecido, teria atirado-o do alto do Olimpo. Nas duas versões ele rola monte abaixo durante um dia, fraturando ossos e deformando sua carne.
Pois é numa alusão aos ocorridos acima, onde encontro incríveis semelhanças no desabrochar do “mito” da pornografia. Apesar de o conceito de pornografia não ter nenhuma área de intersecção com o de mitologia, pretendo expressar aqui alguns pensamentos lógicos onde acredito estar a origem do mito, como refiro-me.
Se, e apenas se, postularmos que o sexo é a representação do amor entre duas pessoas e que só deveria ser consumado por reflexo a este sentimento, realmente então, a idéia lasciva de pessoas tendo coito com outras, sem nenhuma afinidade que não seja atracão, e apenas por prazer, não pode ser bem vista ou sequer aceita, quanto mais apreciada de forma consumível.
Mas sendo ela mal vista ou sequer aceita, como se explica a alta atividade do seu exercício?
Existe um verdadeiro mercado lá fora. Conseguimos encontrar material remoto a invenção da máquina fotográfica, mas na verdade, ao redor do mundo, encontram-se imagens pornográficas que somam mais de 2000 anos.
Na idade contemporânea, vieram as revistas, os filmes, as ligações telefônicas e finalmente, a Internet. Esta, com tudo o que os ítens anteriores ofereciam e mais os chats, web câmeras e microfones, onde ninguém precisa se identificar. Milhões de pessoas navegam diariamente entre sites gratuitos e pagos consumindo as mais diversas formas de produto.
Contudo, os americanos forçam o mundo em acreditar, pelas suas séries televisivas, filmes e estudos, que a pornografia, associada a personalidade humana, se traduz em vício, numa deficiência de formação moral do indivíduo, sendo usada como indícios e pistas de um perfil obscuro. E aqui está o mito, como refiro-me! Postular isso é postular que sexo só se pode fazer com amor e água benta! É assumir toda uma carga religiosa, um credo sobre um assunto tabu nas nossas sociedades pelas últimas dezenas de anos.
Textos espalhados pela Bíblia condenam os atos sexuais e chama de repulsivo ao comportamento das pessoas que “reduzem” outro ser humano a um “objeto” de prazer – apesar de eu achar que este “objeto” também está usufruindo deste prazer (ou será o ‘prazer’ o problema?) É fato também que na indústria cinematográfica, a figura da mulher, surge como um objecto biológico anatomicamente desenhado para dar prazer ao homem, cedendo ao mais sórdido capricho. De novo, um “objeto”.
Entretanto, ceder a este argumento parece-me um exagero. Primeiro porque é difícil ajuizar esta visão sem lembrar da história precária do desenvolvimento interativo da mulher nas sociedades. Depois, é meio óbvio e esperado que a indústria magnifique certos fetiches e comportamentos, afinal, eles não são uma instituição de caridade. Mas por fim, o que as mulheres que consomem pornografia acham disso?
A César o que é de César!
Consigo ver que uma pessoa que só viva o sexo num universo pornográfico, tem problemas em se ligar emocionalmente a outra pessoa, em confiar, em se dar e trocar e isso é sério, provoca infelicidade. Mas a pornografia nestes cenários, para mim, é um canal, uma consequência. Eliminar a pornografia, seria a resposta para este indivíduo passar a ter relacionamentos emocionais saudáveis?
Claro que não! Estamos rodeados de pessoas que não conseguem ter uma vida social ativa porque sentem uma imensa obrigação em trabalhar, como se não pudessem se permitir arranjar um momento onde fossem obrigadas a olhar para as consequências de suas decisões, encará-las e assumi-las. Outras, apesar de terem condições, fecham-se em casa, longe de amigos, não suportando as impressões do mundo externo, sendo menos doloroso resguardar-se. Todos nós precisamos de canais por onde libertar a pressão, o resíduo dos processos individuais para não enlouquecermos ou cortar os pulsos!
É um canal que assusta porque mexe com instintos não racíveis, porque vai contra idéias que insistem ser um “certo”, porque vai contra credos e porque dá imenso prazer e isso, por si só, já é um pecado! Também porque é um canal que pode conduzir uma pessoa a um universo de real degradação, sim, mas para mim, ainda é apenas um canal.
Enxergo predicados a mais atachados ao seu conceito, um mártir, que paga pelos erros de outros e não os causados por ela. Os ínumeros ideias incompatíveis com a própria psiquê humana que existem ao redor do amor, romance, sexo e relações, despejam os restos de suas equações sobre este assunto, como quando se tem uma conta genérica de “Custos” num livro de contabilidade, onde descrição nenhuma pode ser feita e onde tudo o que descrição nenhuma pode ter sido achada, é inserido.
E eis o mito! Como se fosse a “filha” da união conflituosa do Sexo com o Amor. Estas duas “divindades”, capazes de feitos mágicos e de poderes que só os deuses podem ter sobre os humanos, na inconsistência evidente da natureza de sua relação, gerou este Deus menor, imperfeito, feio, com o poder de destruir, talvez. Um Deus que ninguém, reza por, mas que todos acendem um vela à.
Dedico este texto a todos aqueles que têm um fita VHS, um DVD ou uma revista no fundo de última gaveta, atrás de uma fila de livros, por debaixo do colchão, enfim, em qualquer lugar que tenha feito a pessoa que lá a pôs, ter se sentido menos digna a ponto de fazê-lo.
Uma boa semana para todos e um Feliz 2007
Eduardo Divério.
O termo “Pornografia” surgiu na época Vitoriana, quando arqueólogos escavavam em Pormpéia e figuras de pênis foram encontradas nas calçadas, indicando o caminho para os prostíbulos. Não só, enormes gravuras pelas paredes, representavam diversas posições, explícitas, de atos sexuais. A palavra é de origem grega: πόρνη (pórne), "prostituta", γραφή (grafé), representação.
Também da Grécia Antiga eu fui buscar um conhecido mito para ajudar-me da dar apoio a minha visão dos fatos:
Existe mais de uma versão sobre a origem de Hephaestus, o deus grego ferreiro ou do fogo. Há quem diga que Hera, esposa de Zeus, numa violenta crise de ciúmes do marido, por este ter criado a deusa Athena, deu a luz de forma independente a Hephaestus. Contudo, ele era tão pouco belo e perfeito, que Hera, envergonhada, o atirou do alto do Olimpo. Outros, dizem que Zeus, foribundo com Hera, por esta ter atentado contra a vida de Hércules, suspendeu-a ao alto com sua força, ao que o filho, Hephaestus, correu em seu auxílio. Zeus enfurecido, teria atirado-o do alto do Olimpo. Nas duas versões ele rola monte abaixo durante um dia, fraturando ossos e deformando sua carne.
Pois é numa alusão aos ocorridos acima, onde encontro incríveis semelhanças no desabrochar do “mito” da pornografia. Apesar de o conceito de pornografia não ter nenhuma área de intersecção com o de mitologia, pretendo expressar aqui alguns pensamentos lógicos onde acredito estar a origem do mito, como refiro-me.
Se, e apenas se, postularmos que o sexo é a representação do amor entre duas pessoas e que só deveria ser consumado por reflexo a este sentimento, realmente então, a idéia lasciva de pessoas tendo coito com outras, sem nenhuma afinidade que não seja atracão, e apenas por prazer, não pode ser bem vista ou sequer aceita, quanto mais apreciada de forma consumível.
Mas sendo ela mal vista ou sequer aceita, como se explica a alta atividade do seu exercício?
Existe um verdadeiro mercado lá fora. Conseguimos encontrar material remoto a invenção da máquina fotográfica, mas na verdade, ao redor do mundo, encontram-se imagens pornográficas que somam mais de 2000 anos.
Na idade contemporânea, vieram as revistas, os filmes, as ligações telefônicas e finalmente, a Internet. Esta, com tudo o que os ítens anteriores ofereciam e mais os chats, web câmeras e microfones, onde ninguém precisa se identificar. Milhões de pessoas navegam diariamente entre sites gratuitos e pagos consumindo as mais diversas formas de produto.
Contudo, os americanos forçam o mundo em acreditar, pelas suas séries televisivas, filmes e estudos, que a pornografia, associada a personalidade humana, se traduz em vício, numa deficiência de formação moral do indivíduo, sendo usada como indícios e pistas de um perfil obscuro. E aqui está o mito, como refiro-me! Postular isso é postular que sexo só se pode fazer com amor e água benta! É assumir toda uma carga religiosa, um credo sobre um assunto tabu nas nossas sociedades pelas últimas dezenas de anos.
Textos espalhados pela Bíblia condenam os atos sexuais e chama de repulsivo ao comportamento das pessoas que “reduzem” outro ser humano a um “objeto” de prazer – apesar de eu achar que este “objeto” também está usufruindo deste prazer (ou será o ‘prazer’ o problema?) É fato também que na indústria cinematográfica, a figura da mulher, surge como um objecto biológico anatomicamente desenhado para dar prazer ao homem, cedendo ao mais sórdido capricho. De novo, um “objeto”.
Entretanto, ceder a este argumento parece-me um exagero. Primeiro porque é difícil ajuizar esta visão sem lembrar da história precária do desenvolvimento interativo da mulher nas sociedades. Depois, é meio óbvio e esperado que a indústria magnifique certos fetiches e comportamentos, afinal, eles não são uma instituição de caridade. Mas por fim, o que as mulheres que consomem pornografia acham disso?
A César o que é de César!
Consigo ver que uma pessoa que só viva o sexo num universo pornográfico, tem problemas em se ligar emocionalmente a outra pessoa, em confiar, em se dar e trocar e isso é sério, provoca infelicidade. Mas a pornografia nestes cenários, para mim, é um canal, uma consequência. Eliminar a pornografia, seria a resposta para este indivíduo passar a ter relacionamentos emocionais saudáveis?
Claro que não! Estamos rodeados de pessoas que não conseguem ter uma vida social ativa porque sentem uma imensa obrigação em trabalhar, como se não pudessem se permitir arranjar um momento onde fossem obrigadas a olhar para as consequências de suas decisões, encará-las e assumi-las. Outras, apesar de terem condições, fecham-se em casa, longe de amigos, não suportando as impressões do mundo externo, sendo menos doloroso resguardar-se. Todos nós precisamos de canais por onde libertar a pressão, o resíduo dos processos individuais para não enlouquecermos ou cortar os pulsos!
É um canal que assusta porque mexe com instintos não racíveis, porque vai contra idéias que insistem ser um “certo”, porque vai contra credos e porque dá imenso prazer e isso, por si só, já é um pecado! Também porque é um canal que pode conduzir uma pessoa a um universo de real degradação, sim, mas para mim, ainda é apenas um canal.
Enxergo predicados a mais atachados ao seu conceito, um mártir, que paga pelos erros de outros e não os causados por ela. Os ínumeros ideias incompatíveis com a própria psiquê humana que existem ao redor do amor, romance, sexo e relações, despejam os restos de suas equações sobre este assunto, como quando se tem uma conta genérica de “Custos” num livro de contabilidade, onde descrição nenhuma pode ser feita e onde tudo o que descrição nenhuma pode ter sido achada, é inserido.
E eis o mito! Como se fosse a “filha” da união conflituosa do Sexo com o Amor. Estas duas “divindades”, capazes de feitos mágicos e de poderes que só os deuses podem ter sobre os humanos, na inconsistência evidente da natureza de sua relação, gerou este Deus menor, imperfeito, feio, com o poder de destruir, talvez. Um Deus que ninguém, reza por, mas que todos acendem um vela à.
Dedico este texto a todos aqueles que têm um fita VHS, um DVD ou uma revista no fundo de última gaveta, atrás de uma fila de livros, por debaixo do colchão, enfim, em qualquer lugar que tenha feito a pessoa que lá a pôs, ter se sentido menos digna a ponto de fazê-lo.
Uma boa semana para todos e um Feliz 2007
Eduardo Divério.
Portadores de Ignorância
Já passaram bem mais de vinte anos do surgimento dos primeiros casos de doentes de AIDS e hoje, estima-se, considerando valores oficiais, que existam quarenta milhões de pessoas contaminadas. Mas oficial também é o fato que este número, na realidade, é bem superior.
Foi um grande susto, um grande tabu e durante anos as pessoas seguiram sem saber ao certo o que era, como se contraía e os mais diversos mitos nasceram ao redor do assunto. Contudo, com centenas de pessoas estudando o assunto ao redor do globo, foram-se desvendando alguns dos mistérios, mas nem sempre estas explicações parecem ter ficado claras para todas as pessoas.
Pois bem. O vírus está presente nos fluídos corporais: Sangue, esperma, secreção vaginal e inclusive nas lágrimas (no caso das lágrimas, não em quantidade possível de contaminação). O vírus se contrai basicamente pelo contacto dele à rede sanguínea. E aqui temos um mito clássico, antigo e um dos mais perigosos no presente.
Passo a explicar: Sabe-se que o esperma contém uma massiva carga viral e alguns anos atrás, era comum, em conversas de baixo tom e só entre pessoas muito amigas, que surgissem revelações do tipo: “Não deixei que ejaculasse dentro”. Este mito, infelizmente, ainda existe. O problema é que durante o coito, sempre ocorrem micro fissuras das membranas e portanto, acesso à rede sanguínea. A parede vaginal é por natureza mais elástica e resistente, mas a anal não, sendo facilmente rompida. A glande do pênis também sofre micro lesões, a começar pela penetração, por causa do contato com os pêlos. Portanto com ou sem a presença de esperma, a fricção vai causar, numa probabilidade alta, troca de sangue.
Beijo na boca, toques, contactos físicos, mesmo com o esperma (sem possível contato sanguíneo), não transmitem o vírus, muito menos usar um mesmo toilet que uma pessoa soro-positiva tenha usado. O vírus não resiste a baixas temperaturas, ou mesmo altas. Lembrem-se de suas aulas de biologia da sexta ou sétima série quando estudaram virologia.
Existem controversas quanto a transmissão por sexo oral. Em geral os responsáveis de saúde, e principalmente os americanos, alertam para o fato do sexo oral contaminar uma pessoa. Contudo, não existem provas efetivas. Existe um grupo de soro-positivos que juram de pé juntos, que contraíram o vírus através de felação. Na pesquisa não se fala se tiveram contacto com esperma ou em que condições era a higiene dentária desta gente. Existem inúmeras pessoas que praticam sexo oral sem proteção e que continuam negativas. Contudo, cabe ao seu livre arbítrio. Mas não “paniquem” ou façam figuras tristes!
Quando foi a última vez que você ouviu falar de algum conhecido ou alguma figura pública que tenha morrido de AIDS? Quem tem morrido desta síndrome? Tóxico-dependentes, pessoas que não fazem o tratamento e ou que não respondem a ele. Em geral, a terapêutica é um sucesso e as pessoas contaminadas com o HIV passaram a viver apenas com uma condição a controlar.
As pessoas que fazem a terapêutica passam por controles que podem variar entre períodos de 3 em 3 meses ou até de 6 em 6 meses. São contadas o número de células CD4 e CD8. Na verdade, mais células da composição imunitária são consideradas, mas é um rácio deste valor global que determina o quão a pessoa está respondendo ou se mantendo com o tratamento. Também é contada a própria carga viral no sangue, para se saber o número de cópias do vírus e controlar o aumento populacional do mesmo.
O que as drogas fazem, a grosso modo, é criar um disfarce nas células de forma que o vírus não as identifique como alvo, ou, casa! O vírus, depende de sua instalação feita numa célula, caso contrário, morre em pouco tempo. As pessoas que fazem a terapêutica, via de regra, tem o que se chama carga negativa, ou seja, sua corrente sanguínea contém um valor muito, muito baixo da presença do vírus. E por que não se curam então? A contaminação ao fim de um ‘x’ tempo leva o vírus a se instalar em todos os órgãos e inclusive na medula, onde se forma o sangue. Somente um transplante massivo de tudo, ao mesmo tempo, poderia trazer esperança. Talvez em 2167…
Novos medicamentos têm surgido nos últimos dez anos e apesar da cura ainda não ter sido encontrada - lembrem-se que até hoje, o único vírus erradicado e controlado na história humana foi o da varíola - o controle para evitar as doenças tem sido desenvolvido de forma a garantir que as pessoas que estariam condenadas a no máximo terem mais dez anos de vida, viverem e planearem uma vida normal, com um futuro.
Recentemente eu li um artigo que circula pela Internet onde um indivíduo diz absurdos sobre os remédios e sobre o AZT, dizendo serem eles os causadores da baixa do sistema imunitário. O AZT é de fato uma droga criada para o tratamento do câncer e que, por função, destrói células, inclusive saudáveis. Porém, foi a droga pioneira usada como terapêutica e não só, ainda compõe o batizado ‘cocktail’ composto por três drogas e que alargou, inquestionavelmente, a expectativa dos grupos contaminados .
Também é verdade que ainda não passou tempo suficiente para se falar com firmeza e segurança sobre efeitos colaterais do uso sistemático e contínuo destas drogas, mas ainda sim, na minha opinião, o mal maior foi causado um passo atrás …
A cada 11 segundos, mais uma pessoa se contamina com o vírus ao redor do planeta. Os índices mais altos apontam para a África, onde nem prevenção ou tratamento são aplicados em uma escala geral. No universo das línguas latinas, é o grupo dos heterossexuais, o considerado de maior risco.
Do dia do contato até 3 meses para frente, os testes feitos a procura de contaminação podem se apresentar negativos e normalmente, algures neste intervalo, a pessoa passa por um dia ou dois de febre alta, denominada de soro conversão. Contudo, e muito importante que se saiba isso, se você se viu envolvido num acidente de percurso e sabe da probabilidade de ter sido contaminado, procure seu posto de saúde o mais rápido possível, explique-se e peça tratamento.
Se a terapêutica for tomada pelos primeiros 3 meses, o mesmo tempo que o vírus precisaria para tomar conta de todos os órgãos, a pessoa pode erradicá-lo de seu corpo, sim, curar-se. Por isso, não fique em agonia e de braços cruzados a espera que 3 meses passem para se fazer um teste. Esta situação é muito comum no meio médico, entre cirurgiões e profissionais da área, mas não é divulgado!
Entendo que o tratamento custe uma fortuna, cerca de $ 1000,00 por paciente/mês, mas este lado obscuro, irresponsável, negligente e quase assassino dos governos, num nível mundial, deve ser questionado! Brigue, insista e argumente! Infelizmente a incompetência é um mal instalado por todos os sistemas e é global, do terceiro ao primeiro mundo. As pessoas com poder de reencaminhar os “pacientes” para os verdadeiros e esclarecidos profissionais da área podem causar alguns contra-tempos e dar falsas informações – os verdadeiros portadores de ignorância. A lista de casos absurdos e vidas perdidas ou condenadas por negligência e por ignorância é uma vergonha, uma lástima.
Contaminar-se “por opção” ou seja, fazer sexo sem proteção, em pleno terceiro milênio é tão estúpido quanto engravidar na adolescência. Se a camisa rebentou, procure seu médico, explique o que houve e dependendo do contexto em que isso ocorreu, peça pelo tratamento.
Se você já está contaminado, use a camisinha na mesma. Seu corpo já tem lutado o suficiente contra os organismos que andam a devorá-lo por dentro, não precisa de se envolver em mais infecções de doenças transmitidas pelo sexo, sem falar das novas e diferentes estirpes de HIV que você pode contrair e começar a colecionar em seu corpo.
Se você se descobriu soro-positivo recentemente, não se desespere. Respire fundo e dê tempo ao tempo. Siga sua vida, alimente-se, mude hábitos e mais do que nunca, seja feliz, envolva-se em projectos que lhe tragam retorno positivo e a vida pode se tornar, surpreendentemente, mais saudável do que nunca.
Uma boa semana para todos e um Feliz 2007!
Eduardo Divério.
Já passaram bem mais de vinte anos do surgimento dos primeiros casos de doentes de AIDS e hoje, estima-se, considerando valores oficiais, que existam quarenta milhões de pessoas contaminadas. Mas oficial também é o fato que este número, na realidade, é bem superior.
Foi um grande susto, um grande tabu e durante anos as pessoas seguiram sem saber ao certo o que era, como se contraía e os mais diversos mitos nasceram ao redor do assunto. Contudo, com centenas de pessoas estudando o assunto ao redor do globo, foram-se desvendando alguns dos mistérios, mas nem sempre estas explicações parecem ter ficado claras para todas as pessoas.
Pois bem. O vírus está presente nos fluídos corporais: Sangue, esperma, secreção vaginal e inclusive nas lágrimas (no caso das lágrimas, não em quantidade possível de contaminação). O vírus se contrai basicamente pelo contacto dele à rede sanguínea. E aqui temos um mito clássico, antigo e um dos mais perigosos no presente.
Passo a explicar: Sabe-se que o esperma contém uma massiva carga viral e alguns anos atrás, era comum, em conversas de baixo tom e só entre pessoas muito amigas, que surgissem revelações do tipo: “Não deixei que ejaculasse dentro”. Este mito, infelizmente, ainda existe. O problema é que durante o coito, sempre ocorrem micro fissuras das membranas e portanto, acesso à rede sanguínea. A parede vaginal é por natureza mais elástica e resistente, mas a anal não, sendo facilmente rompida. A glande do pênis também sofre micro lesões, a começar pela penetração, por causa do contato com os pêlos. Portanto com ou sem a presença de esperma, a fricção vai causar, numa probabilidade alta, troca de sangue.
Beijo na boca, toques, contactos físicos, mesmo com o esperma (sem possível contato sanguíneo), não transmitem o vírus, muito menos usar um mesmo toilet que uma pessoa soro-positiva tenha usado. O vírus não resiste a baixas temperaturas, ou mesmo altas. Lembrem-se de suas aulas de biologia da sexta ou sétima série quando estudaram virologia.
Existem controversas quanto a transmissão por sexo oral. Em geral os responsáveis de saúde, e principalmente os americanos, alertam para o fato do sexo oral contaminar uma pessoa. Contudo, não existem provas efetivas. Existe um grupo de soro-positivos que juram de pé juntos, que contraíram o vírus através de felação. Na pesquisa não se fala se tiveram contacto com esperma ou em que condições era a higiene dentária desta gente. Existem inúmeras pessoas que praticam sexo oral sem proteção e que continuam negativas. Contudo, cabe ao seu livre arbítrio. Mas não “paniquem” ou façam figuras tristes!
Quando foi a última vez que você ouviu falar de algum conhecido ou alguma figura pública que tenha morrido de AIDS? Quem tem morrido desta síndrome? Tóxico-dependentes, pessoas que não fazem o tratamento e ou que não respondem a ele. Em geral, a terapêutica é um sucesso e as pessoas contaminadas com o HIV passaram a viver apenas com uma condição a controlar.
As pessoas que fazem a terapêutica passam por controles que podem variar entre períodos de 3 em 3 meses ou até de 6 em 6 meses. São contadas o número de células CD4 e CD8. Na verdade, mais células da composição imunitária são consideradas, mas é um rácio deste valor global que determina o quão a pessoa está respondendo ou se mantendo com o tratamento. Também é contada a própria carga viral no sangue, para se saber o número de cópias do vírus e controlar o aumento populacional do mesmo.
O que as drogas fazem, a grosso modo, é criar um disfarce nas células de forma que o vírus não as identifique como alvo, ou, casa! O vírus, depende de sua instalação feita numa célula, caso contrário, morre em pouco tempo. As pessoas que fazem a terapêutica, via de regra, tem o que se chama carga negativa, ou seja, sua corrente sanguínea contém um valor muito, muito baixo da presença do vírus. E por que não se curam então? A contaminação ao fim de um ‘x’ tempo leva o vírus a se instalar em todos os órgãos e inclusive na medula, onde se forma o sangue. Somente um transplante massivo de tudo, ao mesmo tempo, poderia trazer esperança. Talvez em 2167…
Novos medicamentos têm surgido nos últimos dez anos e apesar da cura ainda não ter sido encontrada - lembrem-se que até hoje, o único vírus erradicado e controlado na história humana foi o da varíola - o controle para evitar as doenças tem sido desenvolvido de forma a garantir que as pessoas que estariam condenadas a no máximo terem mais dez anos de vida, viverem e planearem uma vida normal, com um futuro.
Recentemente eu li um artigo que circula pela Internet onde um indivíduo diz absurdos sobre os remédios e sobre o AZT, dizendo serem eles os causadores da baixa do sistema imunitário. O AZT é de fato uma droga criada para o tratamento do câncer e que, por função, destrói células, inclusive saudáveis. Porém, foi a droga pioneira usada como terapêutica e não só, ainda compõe o batizado ‘cocktail’ composto por três drogas e que alargou, inquestionavelmente, a expectativa dos grupos contaminados .
Também é verdade que ainda não passou tempo suficiente para se falar com firmeza e segurança sobre efeitos colaterais do uso sistemático e contínuo destas drogas, mas ainda sim, na minha opinião, o mal maior foi causado um passo atrás …
A cada 11 segundos, mais uma pessoa se contamina com o vírus ao redor do planeta. Os índices mais altos apontam para a África, onde nem prevenção ou tratamento são aplicados em uma escala geral. No universo das línguas latinas, é o grupo dos heterossexuais, o considerado de maior risco.
Do dia do contato até 3 meses para frente, os testes feitos a procura de contaminação podem se apresentar negativos e normalmente, algures neste intervalo, a pessoa passa por um dia ou dois de febre alta, denominada de soro conversão. Contudo, e muito importante que se saiba isso, se você se viu envolvido num acidente de percurso e sabe da probabilidade de ter sido contaminado, procure seu posto de saúde o mais rápido possível, explique-se e peça tratamento.
Se a terapêutica for tomada pelos primeiros 3 meses, o mesmo tempo que o vírus precisaria para tomar conta de todos os órgãos, a pessoa pode erradicá-lo de seu corpo, sim, curar-se. Por isso, não fique em agonia e de braços cruzados a espera que 3 meses passem para se fazer um teste. Esta situação é muito comum no meio médico, entre cirurgiões e profissionais da área, mas não é divulgado!
Entendo que o tratamento custe uma fortuna, cerca de $ 1000,00 por paciente/mês, mas este lado obscuro, irresponsável, negligente e quase assassino dos governos, num nível mundial, deve ser questionado! Brigue, insista e argumente! Infelizmente a incompetência é um mal instalado por todos os sistemas e é global, do terceiro ao primeiro mundo. As pessoas com poder de reencaminhar os “pacientes” para os verdadeiros e esclarecidos profissionais da área podem causar alguns contra-tempos e dar falsas informações – os verdadeiros portadores de ignorância. A lista de casos absurdos e vidas perdidas ou condenadas por negligência e por ignorância é uma vergonha, uma lástima.
Contaminar-se “por opção” ou seja, fazer sexo sem proteção, em pleno terceiro milênio é tão estúpido quanto engravidar na adolescência. Se a camisa rebentou, procure seu médico, explique o que houve e dependendo do contexto em que isso ocorreu, peça pelo tratamento.
Se você já está contaminado, use a camisinha na mesma. Seu corpo já tem lutado o suficiente contra os organismos que andam a devorá-lo por dentro, não precisa de se envolver em mais infecções de doenças transmitidas pelo sexo, sem falar das novas e diferentes estirpes de HIV que você pode contrair e começar a colecionar em seu corpo.
Se você se descobriu soro-positivo recentemente, não se desespere. Respire fundo e dê tempo ao tempo. Siga sua vida, alimente-se, mude hábitos e mais do que nunca, seja feliz, envolva-se em projectos que lhe tragam retorno positivo e a vida pode se tornar, surpreendentemente, mais saudável do que nunca.
Uma boa semana para todos e um Feliz 2007!
Eduardo Divério.