segunda-feira, fevereiro 27, 2012

 

Efeitos Monogâmicos do Sexo Monossilábico


Antes e primeiro do que tudo, dada a sedimentação do tema, que fique claro que tenho a consciência que o senso coumum não tem condições de questionar este assunto na esfera do indivíduo.  Porém, acredito, deveria conseguir aceitá-lo enquanto idéia, num todo bruto.

Dito isso...

Aqui na Ingaletrra,  começaram a surgir propagandas televisivas sobre estes sites onde você cria um perfil com seus dados pessoais e um softer  vasculha, por entre uma base de dados de perfis, aqueles mais compatíveis para achar possíveis candidatos à namoro. Um destes comerciais é até bem engraçado, acabando com uma frase que diz que: se ser solteiro é tão bom e que se você vai abrir mão desta vida, que  convém que seja com a pessoa certa.

Aí lembrei-me do café que tomei com uma amiga, de minha mesma idade, tempos atrás, onde ela contava-me que havia conhecido um rapaz num pub e que depois de uns jantares, finalmente fizeram sexo pela primeira vez. E pela última também.  Apesar do indivíduo ter sido descrito como boa pessoa, ele tinha o pênis muito pequeno e ela achou quê, num dia-a-dia pela vida à fora, isso poderia lhe trazer problemas de...  satisfação.

Valores e julgamentos à parte, o que ocorreu-me de forma evidente, foi ter pensado na grande pressão extra que existe sobre a árdua tarefa de se conhecer alguém, pois que de facto, como é para a grande maioria das pessoas, a  monogamia é  algo obrigatório, logo o sexo acaba por trazer uma imensa sombra sobre esta difícil cruzada que é se relacionar.

Relacionar-se com alguém é estar em  constante ‘negociação’ com o universo próprio desta pessoa, com seu passado distinto, experiências e gostos adjacentes a isso tudo e mais, ainda, ter a sua própria satisfação sexual vinculada a esta pessoa. Parece-me, esta receita, uma grande bomba relógio! Como se não bastassem os problemas organizacionais e estruturais de um convívio, mais os dramas da psiquê -  tipo o papo 'atenção' e 'companhia' -  ainda há mais o biorítimo e a 'sede' sexual de cada um para ter que se conjungar! 

O sexo é, talvez, o assunto mais tabu para o próprio indíviduo. Uma mar de emoções contraditórias, livres de consciência própria, que variam de um abraço romântico a uma mera busca de um orgasmo, passando por beijos de declaração amorosa, às fricções mais primárias, com movimentos mais sádicos ou mais masoquistas. Se pensarmos que duas pessoas têm que lidar com as formas que cada um vê e sente o mundo externo,  que à medida que elas envelhecem, estas mesmas relações sofrem mutações nos seus interiores e que o amadurecimento individual demanda uma constante reformatação daquilo que nos satisfaz, confesso, parece-me uma autêntica batalha de interesses sem fim.

As pessoas vivem o sexo de forma diferente. Depois, por causa do tal tabu, é algo que está sempre mais à margem como parte dos nossos próprios  predicados. Entendem? Numa conversa, dizemos que adoramos viajar, que curtimos futebol, que somos engenheiros e coisas assim. Mas é preciso muito champgne cocktail, uma roda muito selecta de amigos e um tom de voz  bem reduzido, para dizermos que gostamos de ficar por baixo ou por cima na cama, ou que gostamos que a coisa seja mais bruta ou bem delicada, enfim.

Contudo, durante o dia, somos involuntariamente bombardiados por estímulos e respostas sexuais! Note: vestimo-nos e tratamos de nossa aparência de forma a ‘garantir’ isso. Temos nossa atenção roubada pelo dote físico de alguém que cruza nosso caminho, às vezes apenas pelo seu mero cheiro e claro, os enuendos; não há conversa que não sugira, que não insite, que não tanja o ‘porcalhão’ do ‘sequisso’! Papai Freud foi de uma grande sacada!

Imaginem uma pessoa que se casou aos 30 anos e que aos 40, ela finalmente encontra-se sexualmente.  Encontra seu rítimo, o que a estimula, o que lhe dá balanço orgânico. Contudo, imagine que seu cônjuge, ou não amadureceu ou que também descobriu-se, mas contudo, por campos sem intersecção.  Presos a um tabu que mantém o sexo à margem de suas vidas, sem conversa possível, que chance este casal pode ter de salvar a sua família a médio-longo prazo?

O pensamento de que duas pessoas que assumiram um compromisso de vida, que passados 9 ou 13 anos,   nem sempre fazem sexo porque sentiram-se atraídas uma pela outra, mas mais porque não havia opção, e hormonios não entendem isso, é pavoroso! É literalmente ter ficado de 'saco cheio'! É uma mutilição lícita e passiva da psiquê do próprio ser e mais! Tem um ‘Q’ subverssivo para mim, pois sinto como se este acordo transformasse o maravihoso ‘império dos sentidos’ que é transar com alguém, numa experiência meramente genital.

Sexo é um repositório energético.  Existem zilhões de artigos pela internet, resultados de pesquisas sobre seus benifícos, de suas funções e das consequências do seu mau viver, por falta, execesso ou mesmo mau sexo – ainda que para mim mau sexo é melhor que a falta dele...

Por cima disso tudo, as pessoas não são muto habituadas a pensar, a  ouvir a si próprias e menos ainda, a ouvir aos outros, e logo, começam as cobranças e o desespero por não se sentir ‘entendido’, por não se sentir ‘visto’, por não ganhar o que ‘precisa’... e via de regra, a culpa é/será,  sempre,  da outra parte, que basicamente ‘não se importa’.

Questionar os efeitos da Monogamia na nossa vida não é insitar o sexo em grupo, endossar a promiscuidade ou o ‘pular a cerca’ mas sim, reavaliar como se vê, se pensa e se vive o sexo.  Gostaria de pesnar que isso seria quebrar um tabu.

E esta é a minha grande birra com a versão estática-arcaica, Victoriana, que ainda hoje alimentamos da monogamia, ou talvez mais do tema sexo. O quanto ela lapida e aprisiona, modula, a gestão de uma energia incontrolável e involuntária, causando o profundo desinteresse, por vezes até fardo, em impingir tamanho empenho, às vezes altamente incompatível, ao forçar duas pessoas a manter um acto físico, presas a um valor, a um compromisso. Uma idéia.

Eu sempre digo que ‘em time que está ganhando não se mexe’ e realmente acho que esta regra é aplicável a um time de dois.  Logo, o problema para mim, não é o conceito da monogamia, é, claramente, como a psicologia do homem do terceiro milênio experencia o sexo, vê o sexo, valoriza o sexo e as consequências de tal conceito, fazendo surgir mentiras, pondo em cena outros sentimentos e emoções que mexem com confiança e que por isso, faz tudo ficar mais feio do que realmente é.  Afinal, uma mentira, põe em causa todas as verdades.

Gente, sacrificio, abdicação e resignação no/do nosso universo pelo o de outro é lindo, poeriu. Ainda hoje vende imenso no cinema, mas me desculpem: amar, relacionar-se, não pode ser isso! Não pode ser um projecto! Nós temos cada vez mais e mais perfis de gente procurando pela ‘sua outra metade’ (eu poderia escrever um blog inteiro sobre isso...), cada vez mais casamentos se rompendo ao fim de 12, 14 anos e o que é a indústria pornográfica, rendendo milhões? Gente, pensem nisso! Mas o que mais ainda tem para se filmar que já não se tenha visto do ‘para frente e para trás’ de dois ou seis corpos, ou para se ouvir além do ‘yeah’, ‘yes!’ e afins? Mas quem, porquê, continua a consomir desta indústria?

O  homem moderno tem problemas novos, vive mais tempo, precisa trabalhar mais, mas não pára para reavaliar seus conceitos, sua geração, o seu momento na evolução do ser.

Pessoa, amor é uma coisa e sexo é outra.  Não demandam um evento sincronizado, mas quando combinados, são ótimos. Individualmente,  são melhores ainda. Pense nisso, discuta sobre isso, questione, teorize, pesquise, mas rompa com o efeito cultural da ‘sifilização’ passada! Qualquer ‘ina’ cura isso hoje em dia!

Uma boa semana para todos,

Eduardo Divério.

domingo, fevereiro 19, 2012

 

Eis o Mistério da Fé…

Esta semana um amigo do passado lamentou o facto de eu ter pedido minha fé em Deus. É verdade que fui baptizado na fé Católica e que ainda fiz minha confirmação quando tinha 17 anos, idade em que conheci o referido amigo. De volta a este tempo, meus laços com a religião eram apertadíssimos e eu, um temente servo do amor do Deus Católico. Mais irónico ainda é que, fôra eu quem reaproximou este amigo à Deus, à fé.

Mais de vinte anos depois, não há em mim a menor sombra daquele jovem, o que é de se notar, pois quem me segue pode, confortalvemente, encontrar nos meus textos, resquícios da minha criança pelos meus textos. Freud e Yung à parte, onde então terá se ‘perdido’ da religião o meu ‘eu’ adulto?

Religião deveria ser uma referência, um guião, para um comportamento espiritual altivo e que estreita a relação com o divino. Contudo, num planeta que figura 7 bilhões de pessoas, mas que continua enfrentando sérios problemas de ‘saúde’, povoado de sociedades consumistas e de valores superficiais e repleto de comunidades egodistónicas, não me parece que as orações e novenas, de sempre, tenham sido por uma raça melhor, por um mundo melhor, e sim, para uma vida melhor, mas de forma individual.

Estatísticamente, as pessoas tornam-se mais religiosas, desenvolvem  mais ‘fé’, à medida que a idade avança, ou em outras palavras, quando apercebem-se que o místico, misterioso, fim está a se aproximar e então, começa-se um plano 'pensão celestial' ou a investida numa apólice que assegure o incerto do outro lado, numas de: ‘ não acredito em bruxas mas que elas existem, existem’.

Quando eu penso que, por exemplo, antes de 2000 anos de Cristianismo, o vasto império Romano espalhou sua doutrina durante séculos por longas partes da terra entre o Atlântico e o Pacífico e que antes deles, por mais de 3000 anos, no Egipto, pais ensinaram filhos através de gerações e gerações a venerarem seus reis como  deuses, penso: 3000 mil anos são muitos anos, caramba! E são pelo menos 1000 anos extras a mais do que o Catolicismo… E por todo este tempo, legados e sociedades formaram-se e viveram sob estes valores.
De uma forma muito, mas muito mais dedicada à religião do que nós nos dedicamos hoje em dia, eles o fizeram, e hoje, alguns de seus deuses podem ser vistos aqui no British Museum e não só, a eles estudamos no colégio, junto com Álgebra e Geografia e ainda chamamos o contexto de mitogia.

De alguma forma,  tornou-se óbvio para mim que no futuro, quando o eixo da terra tiver girado novamente e toda a arquitetura urbana da civilização do primeiro mundo actual estiver sob o gelo, que algures nas Caraíbas, estarão ensinando a mitologia Católica e o seu importante impacto no desenvolvimento sócio-econômico-politíco da nossa realidade de hoje.

Ao olhar para história da evolução humana, da invenção da roda, da descoberta do fogo à viagem histórica da nave Casini à Saturno, entre tempestades e cataclismas, entre pragas e doenças inexplicáveis, como teríamos sobrevivido sem um deus? Notável para mim é que, quase 6000 anos depois da invenção da escrita, quando ainda existe na maior nação populacional do planeta, deuses com cabeça de elefante, que ainda não tenhamos aprendido, entendido o raio dos desígnios de Deus e sequer, firmado nossa fé. Aliás, a herança mais Italiana que poderia existir no Catolicismo, de ainda hoje, é se ter a indiscreção de gozar um pouco de pecado. Não vá faltar assunto para a confissão…

Sempre penso que quando minha mãe estudou química, na década de 50, uma meia dúzia de metais e gazes ainda não haviam sido descobertos.  Aliás, nem precisamos recuar tanto no tempo assim! A tabela periódica na qual eu estudei na década de 80, era mais curta em elementos do que a meu sobrinho estuda hoje.  O que seriam então estas matérias, estes cheiros não classificados a quem, desavisadamente, os encontrassem?

Para além de tudo, eu tive contacto com magia e esoterismo, li muito sobre espiritismo, algo sobre budismo e não me façam falar do Judaísmo. Sou filho de Iemanjá e nos meus bons tempos, pratiquei cartomancia, no baralho Inglês!

Eu acredito que o mundo da materia e da energia retém milhões de segredos e chaves que ainda não vimos, achamos ou entendemos. A física quântica, em relação à matemática, ainda é um embrião, em termos de idade. De alguma forma, eu entrei em paz com o facto que vivo numa época, numa era, onde estamos , como sempre estaremos, circundados pelos limites da nossa evolução. E que a nossa volta, o senso comum, grupos ou sociedades inteiras, encontram em hipóteses, em possíveis explicações, em teorias, o conforto que precisam, como outrora nossos antepasssados precisaram para ultrapassar a devastação, por exemplo, de um El Ninho ou de uma peste.

Ao mesmo tempo, depois de olhar para nossa história, para nossa trajectória, e também por ter assistido toneladas de National Geographic channel, apercebo-me que somos a única raça que se desligou da sua natureza biológica, do planeta e do cosmos! Nós insistimos em continuar a viver à cerca de vulcões e por sobre falhas sísmicas, quando sabemos que uma hora a coisa vai ficar mesmo feia! Ah vai, vai! Nós somos a única raça homotérmica que teima em viver imerso no gelo ou no meio de um deserto!

Todos os anos, centenas e centenas de deiferentes espécies cruzam o planeta fugindo do frio, atrás de alimento e à procura de sexo, vá lá, procriação. São portadores orgânico-naturais de radares, sonares, linhas sensorias, termostatos e tudo bem…  Se um humano diz ter tido um pressentimento, receitam-lhe Prozac e sugere-se então, não dar muito mais conversa ao elemento, afinal, vocês sabem como são estas pessoas que sofrem de esquizofrenia! Halooo?

Veja bem: o quão mais saudável seria se você tivesse as manhãs livres. Curtir um sol, vitamin D, e um céu azul com seu filho, com sua esposa, depois de terem tomado o café da manhã juntos, a principal refeição do dia. Aí, almoçavam juntos e então, começar-se-ia a rotina. Sair para o trabalho e para o colégio. Á noite, ao invés de estarem a engordar em frente a TV fazendo nada,  chegariam em casa, tomariam um banho e cama! Para aproveitar a luz do dia na manhã seguinte!

Nós simplesmente somos vítimas da nossa própria trajectória evolutiva enquanto decisões e organização social, estrutural, das necessidades de se gegir uma vida sob as mais estúpidas regras e crenças dos últmos 5000 anos. Convenhamos, um deuszinho vem bem a calhar!

E como então, eu vivo num mundo em que 98% da população acredita num Deus? Bem, ter descoberto ser gay, em plena ditatura, no sul da América do Sul, deu-me imensa práctica em coexistir ‘disfarçado’ (LOL).  Mas eu não tenho nenhuma tendência Tudor em querer fundar minha própria crença. Não me importo e não me incomodo com as crenças alheias e não só, tenho um profundo respeito e senso de compreensão da necessidade, do benefício deste ou destes  movimentos religiosos.

Eu tenho um fascínio pela natureza humana, pelo comportamento humano e sinto-me tão parte de um sistema como as águas e os ventos que formaram o Grand Canyion.  A alegria em estar vivo, a certeza das milhões de oportunidades que estão pela frente, geram-me expectativa, dão-me esperança e nutrem-me a alma.

Não me importo com ‘mistérios’ que não podemos explicar mas também não os rejeito se podemos senti-los. Há cada tempo que passa, o ser humano parece reforçar sua longividade, com isso, mais e mais dos procedimentos da psiquê humana vão se revelando, pondo teorias abaixo e confirmando outras.

Por fim, quando olho para minha falta de fé, vejo em contra-partida, como eu me comporto na vida, com a vida, e com os outros e aí, ainda ouso em dizer que vivo mais como um Cristão do que muitos que fazem o sinal da cruz entre a testa e o peito. Sinto-me uma pessoa de espírito activo e alma vibrante. Apesar de na área da paixão, uma estranha versão de mim ainda precisar de alguma ‘intervenção divina’, não lamentem por mim, por favor. Eu estou bem.

Uma boa semana à todos.

Eduardo Divério   


domingo, fevereiro 12, 2012

 

Sabedoria Curiosa…


Eu tenho uma simpatia muito grande pela ‘mitologia’ gnóstica, que do grego quer dizer ‘conhecimento’.  Segundo esta corrente, à grosso modo, Deus, o ser supremo, arquitetou um plano, desenhou esta estrtutura conhecida como Pleroma. Para executá-la, emanou sua energia dando origem à diferentes  aeons (entidades) que não lhes eram distintas, mas pura manifestação de si próprio.

Entretanto, um deste aeons, Sophia (Sabedoria), sentiu um desejo muito grande, mas tão grande, em conhecer seu ser supremo que acidentalmente gerou um semi-deus, chamado  Demiurgo. Uma vez que tal curiosidade não fôra bem vista, ela passou por um longo exílio com seu filho, que entediado, criou a matéria, o mundo como conhecemos  e também originou  o ser humano, soprando-lhe vida aos pulmões.

Passa-se que sendo ele um semi-deus, estava nele a chama divida herdada de sua mãe e ao soprar vida aos pulmões do homem, ele acabou por passar parte da chama divina a este ser. Uma vez que o ser supremo nunca esperou que esta chama fosse espalhada num mundo, que sequer ele desenhara, tornou-se necessário resgatá-la de volta ao pleroma e daí, então, destruir de vez com o brinquedo do Demiurgo (o apocalipse).

Para os gnósticos, o Deus Judeu mencionado no primeiro testamento da Bíblia é o Demiurgo. Um Deus que se zanga, que exige provas de devoção,  que pune e que destrói cidades. Nada do nosso mundo, na verdade, foi criação do ser supremo e sim, um acidente de percurso. E esta é a grande revelação gnóstica, essa é a razão pela qual o ser humano precisa intuir a sabedoria de forma que possa reconhecer se porta ou não uma fagulha da chama divina e assumir o compromisso de levá-la de volta ao plano original.

Contudo, nem todos têm a chama e na verdade este texto nasceu na sequência da publicação do meu último blog, onde menciono a revoltante existência de gente inútil a nossa volta.

Por vezes questiono-me que sendo nós todos, feitos da mesma composição e estrutura orgânica, como pode ser possível que uma frase, um filme ou um livro possam ter um impacto revelador na vida de muitos e zero na de outras...

Tenho andado prá cá a falar do quanto a vida nos expõe a situações pesadas e que nada têm a ver com destino ou vontade de Deus, que simplesmente merdas acontecem, certo? Mas também tenho andado prá cá juntando meu ‘latim’ de forma a tentar inspirar as pessoas a acharem a sua ´fagulha’. Mas e se for verdade que nem todas as pessoas a tem?

Existirá em nós, na estrutura do nosso córtex cerebral, no nosso DNA, a definição, a estipulação que podemos ser cegos e surdos à sabedoria? Mais importante do que isso, como reconhecer se temos parte desta ‘chama’?

Para mim, é necessário ter coragem para avançar, para mudar, para querer. Mas coragem não brota em árvores e nem se compra em frascos como suplemento alimentar e, parece-me, que medos e má formação estão pode detrás de tudo o que nos amarra, de tudo o que nos tranca, de tudo o que nos impede de progredir e, consequentemente, poder se ter dias mais felizes onde realizações são contabilizadas.

E aqui entra a minha simpatia anóloga com a Gnose, pois uma das entidades, dos aeons, emanada do divino foi a Inspiração.

Inspiração é algo que pode nos tocar a partir da admiração de algo ou de alguém, a partir da sensação de alívio que sentimos quando nos é projectada uma situação alheia a nós, quando sentimos esperança no gesto, na dedicação, na confiança e no amor de alguém por nós.

Só a inspiraçáo pode fazer florecer coragem em nossos corações e então, passo a passo, dia após dia, mesmo que lentamente, caminharmos em direção de uma meta, um foco.

É de suma importância que nos foquemos em soluções e não nos problemas e menos ainda, nos riscos que envolvem estas soluções.

Deixe-se contagiar, permita-se acreditar que toda a sequência de eventos pode ser interrompida e isso produzirá coragem para se atravessar um oceano, para se fazer uma nova faculdade, para se encontrar o amor e, por que não, servir de inspiração e ajudar a semear coragem nos corações daqueles que cruzam nossos caminhos.

Desejo uma semana cheia de inspiração e coragem a todos.

Eduardo Divério.

 

Assessment Management


Os ingleses tem uma coisa chamada assessment management que consiste em períódicos testes para assegurar rotinas de segurança e procedimentos. Por exemplo, uma pessoa vem e lhe pergunta se voce sabe onde estão os extintores de incêncio, o que  voce deve fazer se…  a quem voce ligaria se…  Claro que pelo meu lado latino, isso tange a comédia mas o pedacinho da minha alma, sedento por primeiro mundo, rejubila-se com isso na verdade.

Pois pensando nisso,  ocorreu-me que a  Morte deveria, assim…  a cada 3, 5 anos, desempenhar uma espécie de assessment management com todo o ser humano maior de 25 anos. Sim, tipo uma sondagem diagnóstic o para saber o quê que o ‘querido’ anda fazendo com a sua vida.

Não, porque é revoltante o número de pessoas entre nós que paracem que só vieram ao mundo para ocupar espaço e consumir oxigênio dos outros. Entra ano e sai ano e o element não produz, não cria algo e sequer trasforma porra nenhuma em nada! Pior, é que se estiver vivendo aqui em UK, ainda deve estar recebendo benefícios, e com a minha ajuda!

Toda pessoa deveria sentir um friozinho na espinha em saber que faltam…  2 anos e 3 meses para levar um lero com a Morte e que a gaja vai inquerir-lhe a quantas andam os dividendos, os frutos colhidos, enfim.  Tanta gente cheia de saúde, de juventude, com inteligência e à deriva! Ah não! Acho que as pessoas deveriam ser chamadas à atenção mais frequentemente, sabem? Levar uns beliscões, uns tapas na cara e pôrem-se na alheta!

Claro que os critérios de avaliação deveriam seguir faixas etárias, refiro-me ao grau de dificuldade das perguntas . Afinal, é um facto, quando somos novos temos força mas falta a sabedoria e à medida que envelhecemos, ganhamos sabedoria, mas perdemos força. Por isso há uma série de factores a se ter em conta.

E acho que deve rolar advertências também, tipo: ‘olha só! Voce passou no teste, mas com uma nota tão miseravelzinha que estou vindo lhe visitar de novo num espaço de tempo mais curto. E quem chumbasse, rodasse no teste, dependendo do quão vergoso fôra,  que começasse a se cuidar para atravessar uma rua, passar por uma rua escura, comer peixe com espinho…

É triste, quase injusto, termos nossas vidas entrelaçadas com pessoas pelas quais nos apaixonamos, ou convivemos apenas como amigos, familiars, mas que seus actos, suas actitudes, ou a falta deles, interagem em diversos níveis e intensidade em nossas vidas.

Estagnação e apatia deveriam estar previstos no código penal!

Desculpem-me a revolta, mas não me sinto muto construtivo… 

Eduardo Diverio

terça-feira, fevereiro 07, 2012

 

Bola de Cristal Queimada


Ultimamente ando pensativo, avaliando, em como a ‘atenção’ pode ser uma coisa profundamente construtiva bem como, na sua ausência, profundamente cancerígena, como água que se infiltra, lentamente sem se denunciar, mas causando danos futuros que companhia de seguro nenhuma quer se dar por vencida!

Bem, na verdade, isso tudo começou durante um processo de se dar o ombro, ou seja: um casal de amigos, atravessando algumas dificuldades, abriu seu coração individualmente a mim. Quando eu finalmente terminei  de ouvir a segunda pessoa, sentia-me como Salomão, em frente de duas pessoas cobertas de razões, cheias de certezas e aparentemente,  sem se poder isolar algo por onde se pudesse começar um trabalho.

Apesar de poder questionar a qualidade de comuniação deles, certamente não poderia apontar uma falta da mesma, pois eles até conversavam bem no interesse de resolver as coisas. Mas então, onde estava, o que era aquilo que deixava duas pessoas sentindo-se lesadas e cansadas?

Então ocorreu-me de voltar às lembranças da narrative do mais queixoso, onde argumentava não ter a atenção devida.  Depois, aos argumentos de ‘defesa’ da outra pessoa, onde parecia-me evidente haver nele espaço/tempo para dar atenção.

Bem, durante o meu processo analítico e associativo, recordei-me de uma consulta médica alternativa que fiz há alguns anos, onde o médico perguntou-m se eu era diabético. Ao responder-lhe que não, de seguida perguntou-me se alguém na família era e contei-lhe de minha avó. Bem, ele então disse-me que, segundo os índices aplicados, eu já era diabético. De acordo com sua teoria, os examses da medacina tradicional medem a quantidade de insulina no sangue, mas nunca a sua qualidade… Ora, todos nós sabemos o que óleo sujo causa ao motor do nosso carro, certo?

Voltando ao casal então, não só ficou-me claro o que era como ainda tive um pequeno choque em perceber o quão… comum é esse comportamento enganoso ao nosso redor. 

Apercebi-me que o ‘arguído’, afinal, pensava muito no seu cônjuge, preocupava-se muito com seu cônjuge e que ainda lamentava muito que seu cônjuge não reconhecesse tamanho empenho. De facto, várias vezes esta pessoa parava sua vida para pensar na de outra, por longas horas sentia-se angustiado, preocupado com a outra pessoa, ou seja, era consumido por atenção dada mas num processo totalmente interno .
Ora, quiséramos nós ter um bola de cristal, mas a verdade é que o ser humano não lê intenções, pensamentos ou preocupações. O ser humano só ouve verbalizações e só percebe ações, gestos.
Eu acho que esse tipo de comportamento mudo impera entre nós! Na nossa casa, no escritório e na sala de aula!

Uma pessoa desassistida, sem o factor ‘atenção’, sente-se desmotivada em manter, nutrir, esperar, criar o que quer que seja. ‘Atenção’ não só é um gesto consciente de maturidade como revela consideração, agradecimento, noção, apreciação e dedicação de um para com outro.

Claro que poderíamos abordar aqui o esteriotipo da ‘criança mimada’ e o da ‘mãe híper-protetora’ mas vamos nos focar, digamos, em cenários com maior equilíbrio…

Gente, o vaso saninátio que voce usa todos os dias, o lavatório onde voce escova seus dentes, não são auto-limpantes! Eles não aparecem limpos por magia! O filtro da água não se enche sozinho, os cinzeiros não se esvaziam por nenhum processo físico autômato! Acredite, existe muito pó circulando na sua casa, mesmo sem se depositar sobre a mobília… Os panos da louça e as tolhas de se enxugar não cheiram a limpo devido a algum tratamento químico de auto-preservação!

Ponha a mão na consciência, pessoa; agradeça, retribua, mencione, gratifique, dê o valor e principalmnete, mais valioso do que isso tudo, se voce tem mais de 10 anos, alivie a carga de tarefas de quem cuida de voce. Aspirar a casa é inevitável, mas é muito mais cansativo quando se tem que juntar, arredar ou mover os tênis, os livros, a bola, o laptop, a revista, a almofada, os chinelos…
Se o seu cônjuge queixa-se de solidão, por mais que seja as suas execssivas horas de trabalho que pagam por todo o conforto de voces, não lhe dê algo, dê-lhe companhia. Um dia, uma tarde, uma noite, um longo jantar, aquela peça de teatro desejada, aquele passeio pelo campo ou pela praia, aquele xamego no sofa, aquela sessão de sexo lenta e longa… ai!

Não ocupe sua cabeça, seus neurônios e seu tempo, para dar só o que voce pode e nem, nunca, aquilo que voce acha que deveria servir. Isso é um erro crasso e ofensivo! Quando vamos oferecer uma prenda de anos, não escolhemos o presente pelo nosso gosto e sim pela noção que temos do gosto do aniversariante. Isso é dar. Dar ou fazer alguma coisa por alguém só nos pode dar a satisfação em ter propiciado tal efeito, senão não vale à pena dar ou fazer nada…

Esforce-se para dar o que vai eliminar este câncer de sua vida. Exija de voce, escute, perceba, surpreenda-se a si mesmo e explore os seus limites. Afinal, não existe uma arma apontada para a sua cabeça lhe forçando a continuar a viver com esta pessoa, logo, é de sua vontade estar onde e com quem tens acordado ao lado, ou  ao redor. A não ser que sejas menor  idade…

Em contrapartida, perceba os limites e os esforços daquele que mal gerencia o dar ‘atenção’. Nada na vida é um botão onde se liga e se desliga e sempre há uma conplexidade emocional muito grande envolvida no relacionar-se com outra pessoa. Saiba reconhecer uma evolução, mesmo que pequena. Ache estímulo e motivação nas tentativas da outra pessoa em dar o que se pede, mesmo que ela ainda não tenha entendido.

Onde ou o que quer que precises, de ou como, atenção, deve ser claro; seja por escrito, verbalizado ou encenado.  Se atenção para você é ser adivinhado, procure se relacionar com um tarólogo, um vidente, enfim… Voce é responsável por tornar claro o que está lhe faltando nesta relação de troca de sentimentos. Tanto quanto lhe é um dever escutar, com ouvidos de ouvir o que está faltando a sua parceria.

Qualquer que seja o tempo investido na imagem, na situação ou noutra pessoa, não constitui atenção! Não se confuda com isso. Preocupar-se e pensar em alguém deve causar a… manifestação de atenção. Não impute as horas gastas de um projecto na folha de gerenciamento de outro! Muito feio e conviniente…

Estou certo que este texto vai chamar a atenção de muita gente.

Uma atenciosa semana para todos.


Eduardo Divério.

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