segunda-feira, outubro 30, 2006
Geração “Coca-Cola” (Light, por favor…)
Lembro-me quando sair a noite era algo em que, o simples pensamamneto, era o suficiente para termos uma descarga de adrenalina no sangue e um súbito desejo em que as horas voassem, para que o final de semana chegasse mais rápido.
Não que isso tenha mudado hoje em dia. De fato, continuo vendo as pessoas anciosas por esta mesma espera. Mas de alguma forma, as coisas as quais elas anciam em fazer durante o final de semana, são diferentes daquelas as quais eu, e os da minha geração, anciavam.
Queríamos sair, bem vestidos, sempre, é verdade, e beijar muito na boca! Era fundamental todo aquele flert, aqueles jogos de sedução ou simplesmente, de “ralação”. Lembro-me que haviam conquistas que levavam várias semanas! Marcávamos uma pessoa e semana após semana, íamos alimentando aquele desejo e nos aproximando do alvo, quando não éramos nós o dito alvo.
Hoje as pessoas saem e parecem estar tão preocupadas com elas, com o seu próprio ‘eu’, que não há espaço para mais nada! Divertem-se sim, acredito, mas embriagadas na própria beleza, nos seus próprios movimentos em frente a um espelho ou até na mira de alguém, mas sem permitir, insentivar uma aproximação. Parecem apaixonadas pelo próprio bom gosto ou ainda, pelo poder em vestir e consumir marcas, pois tem todos podem sentirem-se apaixonados pela própria beleza.
As pessoas entram e cruzam-se umas pelas outras e a única coisa que sinto preocupá-las é se foram notadas. Mexem seus corpos na imitação dos seus mediáticos ídolos da MTV e fingem expressões de profundo prazer e tesão, mas niguém beija na boca de niguém!
Mas se esta geraçao, visivelmente, abriu mão de algumas “calorias” , questiono-me o resta depois? Estarão estas pessoas, num final de noite, saciadas como os da minha geração se sentiam? Que estranho prazer este, ser o objecto display de uma montra que nunca passa pelo caixa...
Não sei. Por mais que eu goste de ver minha figura, de contemplar meu estilo, não sinto que seja o suficiente para se passar uma noite. Quero conversar! Quero alguém que tente se aproximar, que pisque o olho, que te belisque discretamente na pista de dança, que te dê uma cantada, que curte receber uma e sabe o que fazer com ela, enfim, contato humano! Isso tudo agora é piegas e cafona. Bateu-me saudade dos anos oitenta...
Mas é assim, as fases e desfases que compões os padrões de uma geração. Se para eles nem Plutão é mais um planeta, o que me resta se não resignar-me aos novos tempos. Afinal, lugar de dinossauro é no museu!
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.
Lembro-me quando sair a noite era algo em que, o simples pensamamneto, era o suficiente para termos uma descarga de adrenalina no sangue e um súbito desejo em que as horas voassem, para que o final de semana chegasse mais rápido.
Não que isso tenha mudado hoje em dia. De fato, continuo vendo as pessoas anciosas por esta mesma espera. Mas de alguma forma, as coisas as quais elas anciam em fazer durante o final de semana, são diferentes daquelas as quais eu, e os da minha geração, anciavam.
Queríamos sair, bem vestidos, sempre, é verdade, e beijar muito na boca! Era fundamental todo aquele flert, aqueles jogos de sedução ou simplesmente, de “ralação”. Lembro-me que haviam conquistas que levavam várias semanas! Marcávamos uma pessoa e semana após semana, íamos alimentando aquele desejo e nos aproximando do alvo, quando não éramos nós o dito alvo.
Hoje as pessoas saem e parecem estar tão preocupadas com elas, com o seu próprio ‘eu’, que não há espaço para mais nada! Divertem-se sim, acredito, mas embriagadas na própria beleza, nos seus próprios movimentos em frente a um espelho ou até na mira de alguém, mas sem permitir, insentivar uma aproximação. Parecem apaixonadas pelo próprio bom gosto ou ainda, pelo poder em vestir e consumir marcas, pois tem todos podem sentirem-se apaixonados pela própria beleza.
As pessoas entram e cruzam-se umas pelas outras e a única coisa que sinto preocupá-las é se foram notadas. Mexem seus corpos na imitação dos seus mediáticos ídolos da MTV e fingem expressões de profundo prazer e tesão, mas niguém beija na boca de niguém!
Mas se esta geraçao, visivelmente, abriu mão de algumas “calorias” , questiono-me o resta depois? Estarão estas pessoas, num final de noite, saciadas como os da minha geração se sentiam? Que estranho prazer este, ser o objecto display de uma montra que nunca passa pelo caixa...
Não sei. Por mais que eu goste de ver minha figura, de contemplar meu estilo, não sinto que seja o suficiente para se passar uma noite. Quero conversar! Quero alguém que tente se aproximar, que pisque o olho, que te belisque discretamente na pista de dança, que te dê uma cantada, que curte receber uma e sabe o que fazer com ela, enfim, contato humano! Isso tudo agora é piegas e cafona. Bateu-me saudade dos anos oitenta...
Mas é assim, as fases e desfases que compões os padrões de uma geração. Se para eles nem Plutão é mais um planeta, o que me resta se não resignar-me aos novos tempos. Afinal, lugar de dinossauro é no museu!
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.
segunda-feira, outubro 23, 2006
Fidelidade
A palavra fidelidade é um sinônimo da palavra lealdade. Porém, é mais comum ser usada com referência à relações íntimas. Bem, nos tempos de hoje, talvez seja melhor dizer: Nas relações íntimas de união, casal.
Eu tenho andado por cá a falar de sexo, família, sexualidade de uma forma pouca ortodoxa e imagino que todos tenham uma breve suspeita do que eu pense sobre a fidelidade. Vejo como uma das qualidades mais discutidas e exigidas do ser humano. Mesmo os que não são capazes de se manter fiéis, brigam e argumentam a favor da fidelidade. Por isso, não vou fazer nenhum discurso directo à monogamia.
Entendo que pelo percurso, seguindo pela história psicológica do homem, que pela forma que nossas sociedades estão habituadas a viver, esta características tenha o seu lugar e com destaque. O que não nos impede de salientar alguns pequenos detalhes…
Penso que se eu estivesse casado com alguém por 10 anos, sei lá, 13 anos e 8 meses e pela primeira vez eu tivesse tido sexo com uma terceira pessoa e por isso meu casamento estivesse na iminência de acabar, eu é que acabaria com ele! Ao fim de todos estes anos ao lado, suportando, aguentando, dando, mantendo, construindo, adquirindo, tudo vai ao ralo por causa de uma trepada? Espera aí!
Não aceitaria ser tratado como um pênis gigante! Sim, porque não interessaria o ser humano que teria sido, pai, marido. Importaria que eu gozei no lugar errado. Como se meu corpo não mais me pertencesse! Ok, vão dizer que não é só pelo ato sexual em si e sim, pela mentira, pela traição, pois abala a confiança. E aí terei mesmo que dar a razão e por quê?
Um homem e uma mulher funcionam de uma forma bem diferente e com raras excessões, o ato sexual entre eles é o seguimento de muita conversa, alguns drinks e de intimidade. Realmente, não se está mais aqui falando de sexo e sim de um relacionamento.
Bem, mas e as pessoas que não se dão ao desfrute de correr o risco de deixar crescer esta intimidade e apenas recorrem a um rápido encontro com alguém que não se sabe o nome; não estão elas praticamente a fazer o que fazem quando se masturbam?
Eu até vejo que a fidelidade entre um homem e uma mulher ajudar a manter o sexo entre os dois. Porém, questiono se de uma forma saudável, pois, se por princípio ele só faz sexo com ela e ela com ele, ao fim de alguns dias sem, alguém vai ter que procurar alguém. O “vai ter que” aqui, é que me incomoda. Estarão eles fazendo amor? Isso cheira-me tanto as primícias católicas em que sexo só é válido se tiver recebido o sacramento do matrimónio, mesmo que tenha sido por dinheiro.
Também vejo que pela forma como a sociedade está montada, por uma questão de modelo, família, crianças, enfim, a fidelidade acaba por trazer uma certa estabilidade. Contudo, apesar de reconhecer esta estabilidade, não a postulo como o nirvana do casal, apenas parece-me lógico ser uma boa estratégia, uma escolha. Talvez por isso eu me morda tanto com isso, com a velha mania da maioria, em que temos que seguir o que eles escolheram como “melhor opção”!
Mas já que falei na fidelidade entre um homem e uma mulher, e assim o falei porque de fato distingo do sexo entre pessoas do mesmo sexo, deixe-me falar do não comum. Sou mil por cento a favor da igualdade de direito entre os sexos, mas não me venham com a ladainha que um homem e uma mulher sentem o mundo da mesma forma e têm as mesmas necessidades! Ple-a-se!
Voltando…
Eu, e apenas como EU vejo, não acredito na monogamia entre um casal gay. Não acho sadia, sequer verdadeira. Tirando algumas fases e ou, algumas caixas de Depaquene, tudo acaba por ocorrer da mesma forma.
Como já referi muitas vezes, a comunidade gay atravessa um momento de construção nas páginas da história. Continuam vindo de uma forte formação heterossexual onde não se falava em possíveis diferentes modelos e vejo homens confusos com seus papéis dentro da relação, sem reconhecerem que são duas pessoas de mesmas características psíquicas, construindo uma relação, onde não existe moldes precedentes, daí a usarem o molde hétero. Terrível equívoco.
A fidelidade para mim está no compromisso do relacionamento, das coisas que se trocam enquanto casal. Confiar na natureza e no caráter da outra pessoa, sabendo que onde quer que ela vá, o que quer que ela faça, saberá fazê-lo de forma a voltar para casa com as mesmas certezas com que saiu.
Fidelidade sexual não impede ninguém de se envolver com outra pessoa, aliás, não impede que exista um relacionamento muito mais forte, honesto e leal com outra! Nossa, arrepiei-me agora em pensar na quantidade de pessoas que vivem enganadas no planeta, mas certa de suas bandeiras...
Concluindo, acho válido que a fidelidade seja um exercício fruto de uma escolha, onde ninguém vive uma pressão ou uma mentira. Não posso é tolerar a exigência deste comportamento, simplesmente por este representar a falsa idéia de respeito a união do casal, dos dois em um, porque o que de fato transforma os dois em um não é o sexo. Como eu sinto, é o amor e nem namorados estas duas, três, quatro pessoas precisam ser.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.
A palavra fidelidade é um sinônimo da palavra lealdade. Porém, é mais comum ser usada com referência à relações íntimas. Bem, nos tempos de hoje, talvez seja melhor dizer: Nas relações íntimas de união, casal.
Eu tenho andado por cá a falar de sexo, família, sexualidade de uma forma pouca ortodoxa e imagino que todos tenham uma breve suspeita do que eu pense sobre a fidelidade. Vejo como uma das qualidades mais discutidas e exigidas do ser humano. Mesmo os que não são capazes de se manter fiéis, brigam e argumentam a favor da fidelidade. Por isso, não vou fazer nenhum discurso directo à monogamia.
Entendo que pelo percurso, seguindo pela história psicológica do homem, que pela forma que nossas sociedades estão habituadas a viver, esta características tenha o seu lugar e com destaque. O que não nos impede de salientar alguns pequenos detalhes…
Penso que se eu estivesse casado com alguém por 10 anos, sei lá, 13 anos e 8 meses e pela primeira vez eu tivesse tido sexo com uma terceira pessoa e por isso meu casamento estivesse na iminência de acabar, eu é que acabaria com ele! Ao fim de todos estes anos ao lado, suportando, aguentando, dando, mantendo, construindo, adquirindo, tudo vai ao ralo por causa de uma trepada? Espera aí!
Não aceitaria ser tratado como um pênis gigante! Sim, porque não interessaria o ser humano que teria sido, pai, marido. Importaria que eu gozei no lugar errado. Como se meu corpo não mais me pertencesse! Ok, vão dizer que não é só pelo ato sexual em si e sim, pela mentira, pela traição, pois abala a confiança. E aí terei mesmo que dar a razão e por quê?
Um homem e uma mulher funcionam de uma forma bem diferente e com raras excessões, o ato sexual entre eles é o seguimento de muita conversa, alguns drinks e de intimidade. Realmente, não se está mais aqui falando de sexo e sim de um relacionamento.
Bem, mas e as pessoas que não se dão ao desfrute de correr o risco de deixar crescer esta intimidade e apenas recorrem a um rápido encontro com alguém que não se sabe o nome; não estão elas praticamente a fazer o que fazem quando se masturbam?
Eu até vejo que a fidelidade entre um homem e uma mulher ajudar a manter o sexo entre os dois. Porém, questiono se de uma forma saudável, pois, se por princípio ele só faz sexo com ela e ela com ele, ao fim de alguns dias sem, alguém vai ter que procurar alguém. O “vai ter que” aqui, é que me incomoda. Estarão eles fazendo amor? Isso cheira-me tanto as primícias católicas em que sexo só é válido se tiver recebido o sacramento do matrimónio, mesmo que tenha sido por dinheiro.
Também vejo que pela forma como a sociedade está montada, por uma questão de modelo, família, crianças, enfim, a fidelidade acaba por trazer uma certa estabilidade. Contudo, apesar de reconhecer esta estabilidade, não a postulo como o nirvana do casal, apenas parece-me lógico ser uma boa estratégia, uma escolha. Talvez por isso eu me morda tanto com isso, com a velha mania da maioria, em que temos que seguir o que eles escolheram como “melhor opção”!
Mas já que falei na fidelidade entre um homem e uma mulher, e assim o falei porque de fato distingo do sexo entre pessoas do mesmo sexo, deixe-me falar do não comum. Sou mil por cento a favor da igualdade de direito entre os sexos, mas não me venham com a ladainha que um homem e uma mulher sentem o mundo da mesma forma e têm as mesmas necessidades! Ple-a-se!
Voltando…
Eu, e apenas como EU vejo, não acredito na monogamia entre um casal gay. Não acho sadia, sequer verdadeira. Tirando algumas fases e ou, algumas caixas de Depaquene, tudo acaba por ocorrer da mesma forma.
Como já referi muitas vezes, a comunidade gay atravessa um momento de construção nas páginas da história. Continuam vindo de uma forte formação heterossexual onde não se falava em possíveis diferentes modelos e vejo homens confusos com seus papéis dentro da relação, sem reconhecerem que são duas pessoas de mesmas características psíquicas, construindo uma relação, onde não existe moldes precedentes, daí a usarem o molde hétero. Terrível equívoco.
A fidelidade para mim está no compromisso do relacionamento, das coisas que se trocam enquanto casal. Confiar na natureza e no caráter da outra pessoa, sabendo que onde quer que ela vá, o que quer que ela faça, saberá fazê-lo de forma a voltar para casa com as mesmas certezas com que saiu.
Fidelidade sexual não impede ninguém de se envolver com outra pessoa, aliás, não impede que exista um relacionamento muito mais forte, honesto e leal com outra! Nossa, arrepiei-me agora em pensar na quantidade de pessoas que vivem enganadas no planeta, mas certa de suas bandeiras...
Concluindo, acho válido que a fidelidade seja um exercício fruto de uma escolha, onde ninguém vive uma pressão ou uma mentira. Não posso é tolerar a exigência deste comportamento, simplesmente por este representar a falsa idéia de respeito a união do casal, dos dois em um, porque o que de fato transforma os dois em um não é o sexo. Como eu sinto, é o amor e nem namorados estas duas, três, quatro pessoas precisam ser.
Tenham uma boa semana.
Eduardo Divério.
segunda-feira, outubro 16, 2006
Conversar
As conversas são inevitáveis, espontâneas, um recurso diário e obrigatório que exprime um ser pensante e o seu universo pessoal, e daí surgem alguns pequenos detalhes…
Conversar deve ser uma das mais inquietantes entre as capacidades humanas. Através dela revelam-se emoções, valores, qualidades, pensamentos, mas também, todo o lado obscuro, antagónico e estagnado existente em nós, pois, conversar, dá-nos para além do material falado, aquele que está nas entre-linhas.
Acredito que conversar seja sempre um acesso ao conhecimento. É, definitivamente, talvez pelo meu signo, umas das minhas mais evidentes características enquanto ser humano. Contudo, tenho me sentido estimulado pelo silêncio e sinto estar trocando a verbalização pela escrita. Não que seja mais fácil, mas tem sido menos desagradável, mais tranquilo e menos conflituoso.
Sou uma pessoa que converso apaixonadamente sobre o assunto em questão, com assertividade e convicção do que penso e na escolha das palavras que uso. No passado, deixei-me confundir e magoar por pessoas que se sentiam ameaçadas pela minha postura, que viam nesta convicção uma pressão, como se eu estivesse tentando me sobrepor a elas e então, desorientado e sentido, calava-me. Hoje, apenas me calo quando percebo que o assunto em questão não é o objeto da conversa e que esta, não tem como progredir a lado nenhum, presa na “egosfera” do indivíduo.
Eu não sei se alguma vez esta palavra fora usada, ou sequer se ela é uma palavra, mas “egosfera”, como me refiro, é o ambiente pessoal em que um indivíduo surta, ou vive em surto, numa crise de egodistonia em que tudo converge e diverge, de e para o “EU” desta pessoa. A conversa está morta.
A característica mais difícil para mim, talvez a que esteja realmente estimulando os meus silêncios, e minha descrença, é a tal da auto-afirmação. O objeto da conversa perde a relevância de discussão e de repente, está em causa, o quão esperta, inteligente e informada é a outra pessoa. Passa-se de um processo de apuração do objeto para uma breve e sutil disputa, onde está em jogo uma identidade, um cartaz talvez. Com a perda total do norte, somos envolvidos pela “egosfera” do outro.
Vê-se de tudo. Os que têm a tendência espontânea de não concordar e se não tiverem saída, então farão complementos adicionais de informação; aqueles que não sabem do que se está falando e então inventam, com a cara mais profissional do mundo; aqueles em que o assunto é apenas um murmúrio de fundo, estando a pessoa tomada por uma inveja ou admiração latente; aqueles que inesperadamente partem para um cruzada defensiva, como se qualquer argumento ouvido fosse automaticamente projectado em sua própria vida e ela já está em pânico; enfim, vê-se de tudo.
Por outro lado, depois de ter escrito isso, penso que a característica mais difícil para mim, afinal, é a permissividade. A forma como as pessoas se permitem viver em suas “egosferas”, despreocupadas ou desinteressadas, se existe algum ponto de intersecção com meio social ou não, com o espaço público.
Penso que conversar seja cada vez mais difícil e delicado porque as pessoas andam desesperadas, cansadas de seus papéis e frustradas com suas vidas. Desesperadas por amor, realização, sossego e assim, permitem-se ser…O que quer que sejam e tenham se transformado. Este “se permitir” constante, este exercício que fortifica as sólidas paredes da nossa “egosfera”, tem uma razão, uma origem. Ao meu ver, o adulto de hoje tem a tendência para não saber o que liberdade é, e a confunde com caprichos, com máscaras que “permitem” um assunto não resolvido permanecer assim, disfarçado de sepultado, porém, sempre latente.
Mas não é o conteúdo da conversa, é a interação, é como ela feita. Realmente estou convencido que os conteúdos das conversas nada têm a ver com as reações das pessoas. Bem, às vezes tem, é verdade, mas deixemos as conversas de relacionamentos mais estreitos para uma outra semana e nos foquemos nas sociais, naquelas com nossos amigos, colegas e conhecidos. Sinto as pessoas num constante estado inconsciente de alerta, de estratégico ataque como defesa. Realmente viver assim é muito desgastante, e por ser inconsciente, gera aquela insatisfação fantasma, aquela sensação de opressão.
Mas asseguro-vos que, “se permitir” viver numa “egosfera”, de leis próprias, de novo, é apenas uma confusão, uma ilusão de alívio e de exercício de liberdade, pois disso geram-se tantos atritos, tantas consequências desmesuráveis num total efeito bola de neve, que a sensação de solidão será inevitável. O tal desespero a que me refiro, postula-se, como consequência da própria “permissão” em não querer se tocar num assunto dito arrumado, com a desculpa de se ser dono de seu nariz e a mais ninguém ter que se submeter.
A infância acabou. Bem, ao menos não escrevo para crianças! Não tem mais pai ou mãe, irmão ou tio, babá ou professora que possam nos forçar a fazer algo ou mal orientar-nos por onde seguir. As rédeas estão nas nossas mãos e adivinhem só, os cavalos não são de madeira, presos a uma haste vertical, girando ao redor!
Falar com alguém hoje em dia é desencadear processos de inferioridade, superioridade, menosprezo, indelicadeza, defesa, radicalismo, reacionarismo, ataque e desprezo. Tudo muito humano, tudo fruto de uma psiquê, é verdade. Mas para todo veneno existe um antídoto e alcança-lo, depende de nós.
Não precisamos transformar nossas vidas num laboratório, numa constante ida semanal à terapia, mas podemos crer, verificar e apostar que tudo cresce com o hábito, que vamos nos comprometer em ouvir o assunto como tal, apenas um assunto e não nossa pessoa num banco para réus. Podemos permitir que a criança existente em nós largue as rédeas de nossa vida, permitir o adulto, que de certo tem o aparato necessário a seu favor, ajuizar e separar aquilo ouve, vê e diz.
Simpatizo com “a causa pelo respeito a egosfera”. Vejo a importância de se respeitar o timing dos outros, pois isso traduz-se em amor, suporte e respeito. Entretanto, só vejo real sentido neste apoio se, a pessoa sujeita a isso, tenha a noção do seu compromisso com a raça humana, do quanto suas individuais decisões atingem os restantes indivíduos a volta, aqueles que o amam, aqueles que lhes dão suporte e também, até, como sinal de respeito em retorno.
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.
As conversas são inevitáveis, espontâneas, um recurso diário e obrigatório que exprime um ser pensante e o seu universo pessoal, e daí surgem alguns pequenos detalhes…
Conversar deve ser uma das mais inquietantes entre as capacidades humanas. Através dela revelam-se emoções, valores, qualidades, pensamentos, mas também, todo o lado obscuro, antagónico e estagnado existente em nós, pois, conversar, dá-nos para além do material falado, aquele que está nas entre-linhas.
Acredito que conversar seja sempre um acesso ao conhecimento. É, definitivamente, talvez pelo meu signo, umas das minhas mais evidentes características enquanto ser humano. Contudo, tenho me sentido estimulado pelo silêncio e sinto estar trocando a verbalização pela escrita. Não que seja mais fácil, mas tem sido menos desagradável, mais tranquilo e menos conflituoso.
Sou uma pessoa que converso apaixonadamente sobre o assunto em questão, com assertividade e convicção do que penso e na escolha das palavras que uso. No passado, deixei-me confundir e magoar por pessoas que se sentiam ameaçadas pela minha postura, que viam nesta convicção uma pressão, como se eu estivesse tentando me sobrepor a elas e então, desorientado e sentido, calava-me. Hoje, apenas me calo quando percebo que o assunto em questão não é o objeto da conversa e que esta, não tem como progredir a lado nenhum, presa na “egosfera” do indivíduo.
Eu não sei se alguma vez esta palavra fora usada, ou sequer se ela é uma palavra, mas “egosfera”, como me refiro, é o ambiente pessoal em que um indivíduo surta, ou vive em surto, numa crise de egodistonia em que tudo converge e diverge, de e para o “EU” desta pessoa. A conversa está morta.
A característica mais difícil para mim, talvez a que esteja realmente estimulando os meus silêncios, e minha descrença, é a tal da auto-afirmação. O objeto da conversa perde a relevância de discussão e de repente, está em causa, o quão esperta, inteligente e informada é a outra pessoa. Passa-se de um processo de apuração do objeto para uma breve e sutil disputa, onde está em jogo uma identidade, um cartaz talvez. Com a perda total do norte, somos envolvidos pela “egosfera” do outro.
Vê-se de tudo. Os que têm a tendência espontânea de não concordar e se não tiverem saída, então farão complementos adicionais de informação; aqueles que não sabem do que se está falando e então inventam, com a cara mais profissional do mundo; aqueles em que o assunto é apenas um murmúrio de fundo, estando a pessoa tomada por uma inveja ou admiração latente; aqueles que inesperadamente partem para um cruzada defensiva, como se qualquer argumento ouvido fosse automaticamente projectado em sua própria vida e ela já está em pânico; enfim, vê-se de tudo.
Por outro lado, depois de ter escrito isso, penso que a característica mais difícil para mim, afinal, é a permissividade. A forma como as pessoas se permitem viver em suas “egosferas”, despreocupadas ou desinteressadas, se existe algum ponto de intersecção com meio social ou não, com o espaço público.
Penso que conversar seja cada vez mais difícil e delicado porque as pessoas andam desesperadas, cansadas de seus papéis e frustradas com suas vidas. Desesperadas por amor, realização, sossego e assim, permitem-se ser…O que quer que sejam e tenham se transformado. Este “se permitir” constante, este exercício que fortifica as sólidas paredes da nossa “egosfera”, tem uma razão, uma origem. Ao meu ver, o adulto de hoje tem a tendência para não saber o que liberdade é, e a confunde com caprichos, com máscaras que “permitem” um assunto não resolvido permanecer assim, disfarçado de sepultado, porém, sempre latente.
Mas não é o conteúdo da conversa, é a interação, é como ela feita. Realmente estou convencido que os conteúdos das conversas nada têm a ver com as reações das pessoas. Bem, às vezes tem, é verdade, mas deixemos as conversas de relacionamentos mais estreitos para uma outra semana e nos foquemos nas sociais, naquelas com nossos amigos, colegas e conhecidos. Sinto as pessoas num constante estado inconsciente de alerta, de estratégico ataque como defesa. Realmente viver assim é muito desgastante, e por ser inconsciente, gera aquela insatisfação fantasma, aquela sensação de opressão.
Mas asseguro-vos que, “se permitir” viver numa “egosfera”, de leis próprias, de novo, é apenas uma confusão, uma ilusão de alívio e de exercício de liberdade, pois disso geram-se tantos atritos, tantas consequências desmesuráveis num total efeito bola de neve, que a sensação de solidão será inevitável. O tal desespero a que me refiro, postula-se, como consequência da própria “permissão” em não querer se tocar num assunto dito arrumado, com a desculpa de se ser dono de seu nariz e a mais ninguém ter que se submeter.
A infância acabou. Bem, ao menos não escrevo para crianças! Não tem mais pai ou mãe, irmão ou tio, babá ou professora que possam nos forçar a fazer algo ou mal orientar-nos por onde seguir. As rédeas estão nas nossas mãos e adivinhem só, os cavalos não são de madeira, presos a uma haste vertical, girando ao redor!
Falar com alguém hoje em dia é desencadear processos de inferioridade, superioridade, menosprezo, indelicadeza, defesa, radicalismo, reacionarismo, ataque e desprezo. Tudo muito humano, tudo fruto de uma psiquê, é verdade. Mas para todo veneno existe um antídoto e alcança-lo, depende de nós.
Não precisamos transformar nossas vidas num laboratório, numa constante ida semanal à terapia, mas podemos crer, verificar e apostar que tudo cresce com o hábito, que vamos nos comprometer em ouvir o assunto como tal, apenas um assunto e não nossa pessoa num banco para réus. Podemos permitir que a criança existente em nós largue as rédeas de nossa vida, permitir o adulto, que de certo tem o aparato necessário a seu favor, ajuizar e separar aquilo ouve, vê e diz.
Simpatizo com “a causa pelo respeito a egosfera”. Vejo a importância de se respeitar o timing dos outros, pois isso traduz-se em amor, suporte e respeito. Entretanto, só vejo real sentido neste apoio se, a pessoa sujeita a isso, tenha a noção do seu compromisso com a raça humana, do quanto suas individuais decisões atingem os restantes indivíduos a volta, aqueles que o amam, aqueles que lhes dão suporte e também, até, como sinal de respeito em retorno.
Uma boa semana a todos.
Eduardo Divério.
segunda-feira, outubro 09, 2006
O Sexo e a Cidade
Amsterdam talvez seja a cidade mundial que vive um relação com o sexo de uma forma tão aberta, que este já se institucionalizou ao seu predicado. Quando andamos pela grande área central da cidade, a mais antiga e turística na verdade, deparamo-nos com sex shops, museu do sexo, cinemas, peep shows e mulheres em vitrines, vestidas com langerie e prontas a se prostituírem.
Contudo, Amsterdam, socialmente falando, é uma “cidade-país”, quero dizer, o resto da Holanda não a vê como sua “filha” mais querida e está povoada de emigrantes. Pessoas que não mais se chocam quando esbarram num pénis de borracha ou em mulheres semi-nuas a se venderem. Na verdade, não lhes fazem mais a menor diferença.
É exatamente isso o que acontece com qualquer processo de repetição, de normalização. Quanto mais exercitamos algo, menos misterioso isso se parece, mais confiante ficamos e eventualmente, dominamos a situação de uma tal forma, que ela se banaliza para nós.
Com isso eu quero dizer que tudo o que se repete, e absorvemos como prática, ganha novo significado, talvez novo conceito e indiscutivelmente, amplia nossos horizontes, nossos limites. Mas o que pode acarretar, dentro de uma relação “sexo e cidade”, este ampliar de limites? Uma injusta confusão e uma possível marginalização do indivíduo, eu diria.
Todos nós lembramos de nosso amadurecimento sexual, certo? O quanto custou a se dar o primeiro beijo, a chegar “lá” com uma mão, ou permitir que em nós “lá” chegassem com ela. Neste preciso ponto, ainda não tínhamos, talvez, a noção que barreiras maiores estariam muito próximas de se rompidas: A descoberta das sensações com a língua...
Muitos de nós, a partir daí, atingiram níveis diferentes e ampliaram seus limites com mais ou menos extensão. Então eu pergunto: O que distingue, define, o quão longe nossos limites podem ser ampliados?
Lá pelo quarto ou quinto ano da década de oitenta, lembro-me dos programas dedicados às mulheres. Muitas vezes o assunto era sexo e sexualidade, mas claro, de uma forma muito didática. Foi quando se começou a ouvir que era saudável uma mulher poder se masturbar, que não tinha nada de errado e que procurar seu próprio prazer era algo positivo. Em outras palavras, era um aval para que centenas de mulheres se libertassem do medo de serem apontadas na rua como desavergonhadas, ou queimarem no inferno.
Mas então, será isso, o que fazemos só entre quatro paredes, sem o aval da sociedade, um pecado ou simplesmente, algo “errado”? Uma degradação da pessoa? Bem, eu não sei as coisas que você só faz entre quatro paredes, mas aposto que são muito boas e que lhe garante memoráveis orgasmos. Mas então por que algo tão bom para nós deve ser mantido em segredo, do meio a volta e muitas vezes da própria pessoa que dorme conosco?
Aqui nasce o vício, a escravidão e a subserviência enquanto membro social. Uma vez tanto prazer exigir a certeza que a porta está trancada e as cortinas corridas, estamos postulando estar fazendo algo de errado, ou não correto e vergonhoso e estes momentos, tornam-se nosso refúgio, nosso limbo de descanso onde temos o controle e o prazer total.
Porém, como tudo que é proibido mas exercitável, cresce sem agentes moderadores - postulando que estes sejam de alguma forma positivos a nossa pessoa – daí, o céu é o limite. Ora, o que eu faço já está “errado” desde o começo e por isso me escondo, logo ninguém sabe. Se ninguém sabe o que faço, estou livre de julgamentos e pressões, e prazer, nunca é demais.
O prazer nada mais é do que uma maravilhosa reação química descarregada na corrente sanguínea e passada por nossos neuro-transmissores. Dopamina e endorfina que circulam num tráfego livre e ilimitado de sensações, dados pela natureza.
O simples fato de uma pessoa se reprimir, se esconder, suprimir seu lado social por desajuste é, para mim, um mal terrível e irreparável na estima da mesma. Ela subverte-se e assume ser uma “maçã podre” no cesto e como se tivesse duas vidas, no trabalho ela fala sobre assuntos filantrópicos e em casa, perde-se por entre suas fantasias e o seu prazer. Não que as pessoas precisem falar da sua intimidade, mas o que me incomoda é elas não “poderem” fazê-lo, não só, negarem-no se a espontaneidade surgir.
Consigo ver a idéia da coisa: O sexo, via de regra, é uma coisa íntima, bonita de se viver a dois, para se fazer com amor. (Lembrei-me do texto “Bodas de Açúcar”). Então, obviamente que se você passa a explorar suas sensações de prazer pelo sexo, você está corrompendo um conceito, degenerando uma idéia e subvertendo uma moral.
Mas ninguém pára para pensar o que provoca esta procura, este comportamento e o pior é que as pessoas que se esgueiram pelas madrugadas e trancam-se à chave em seus quartos, são as mesmas que apontam para os outros, reprimindo-as de seus atos.
A cidade está repleta de recantos e esconderijos e seus filhos, uns mais lícitos do que outros, circulam pelas ruas fazendo ar de “cidadãos decentes”, desapercebidos do vício em que vivem, o de atuarem de “ cidadãos decentes” (o que quer que isso signifique).
Não desejo que as pessoas saiam por aí descrevendo suas acrobacias sexuais, mas desejo sim, que elas sintam-se em paz com elas mesmas, sem se sentirem julgadas e pressionadas e principalmente, a partir daí, mais seguras e capazes de entender as pessoas do lado, sem reprimi-las. Isso, seria um novo ciclo e ao exercitá-lo, ao criar um processo de repetição, viria daí então uma normalização, uma nova forma de se estar.
Desejo a todos uma boa semana (com muito prazer).
Eduardo Divério.
Amsterdam talvez seja a cidade mundial que vive um relação com o sexo de uma forma tão aberta, que este já se institucionalizou ao seu predicado. Quando andamos pela grande área central da cidade, a mais antiga e turística na verdade, deparamo-nos com sex shops, museu do sexo, cinemas, peep shows e mulheres em vitrines, vestidas com langerie e prontas a se prostituírem.
Contudo, Amsterdam, socialmente falando, é uma “cidade-país”, quero dizer, o resto da Holanda não a vê como sua “filha” mais querida e está povoada de emigrantes. Pessoas que não mais se chocam quando esbarram num pénis de borracha ou em mulheres semi-nuas a se venderem. Na verdade, não lhes fazem mais a menor diferença.
É exatamente isso o que acontece com qualquer processo de repetição, de normalização. Quanto mais exercitamos algo, menos misterioso isso se parece, mais confiante ficamos e eventualmente, dominamos a situação de uma tal forma, que ela se banaliza para nós.
Com isso eu quero dizer que tudo o que se repete, e absorvemos como prática, ganha novo significado, talvez novo conceito e indiscutivelmente, amplia nossos horizontes, nossos limites. Mas o que pode acarretar, dentro de uma relação “sexo e cidade”, este ampliar de limites? Uma injusta confusão e uma possível marginalização do indivíduo, eu diria.
Todos nós lembramos de nosso amadurecimento sexual, certo? O quanto custou a se dar o primeiro beijo, a chegar “lá” com uma mão, ou permitir que em nós “lá” chegassem com ela. Neste preciso ponto, ainda não tínhamos, talvez, a noção que barreiras maiores estariam muito próximas de se rompidas: A descoberta das sensações com a língua...
Muitos de nós, a partir daí, atingiram níveis diferentes e ampliaram seus limites com mais ou menos extensão. Então eu pergunto: O que distingue, define, o quão longe nossos limites podem ser ampliados?
Lá pelo quarto ou quinto ano da década de oitenta, lembro-me dos programas dedicados às mulheres. Muitas vezes o assunto era sexo e sexualidade, mas claro, de uma forma muito didática. Foi quando se começou a ouvir que era saudável uma mulher poder se masturbar, que não tinha nada de errado e que procurar seu próprio prazer era algo positivo. Em outras palavras, era um aval para que centenas de mulheres se libertassem do medo de serem apontadas na rua como desavergonhadas, ou queimarem no inferno.
Mas então, será isso, o que fazemos só entre quatro paredes, sem o aval da sociedade, um pecado ou simplesmente, algo “errado”? Uma degradação da pessoa? Bem, eu não sei as coisas que você só faz entre quatro paredes, mas aposto que são muito boas e que lhe garante memoráveis orgasmos. Mas então por que algo tão bom para nós deve ser mantido em segredo, do meio a volta e muitas vezes da própria pessoa que dorme conosco?
Aqui nasce o vício, a escravidão e a subserviência enquanto membro social. Uma vez tanto prazer exigir a certeza que a porta está trancada e as cortinas corridas, estamos postulando estar fazendo algo de errado, ou não correto e vergonhoso e estes momentos, tornam-se nosso refúgio, nosso limbo de descanso onde temos o controle e o prazer total.
Porém, como tudo que é proibido mas exercitável, cresce sem agentes moderadores - postulando que estes sejam de alguma forma positivos a nossa pessoa – daí, o céu é o limite. Ora, o que eu faço já está “errado” desde o começo e por isso me escondo, logo ninguém sabe. Se ninguém sabe o que faço, estou livre de julgamentos e pressões, e prazer, nunca é demais.
O prazer nada mais é do que uma maravilhosa reação química descarregada na corrente sanguínea e passada por nossos neuro-transmissores. Dopamina e endorfina que circulam num tráfego livre e ilimitado de sensações, dados pela natureza.
O simples fato de uma pessoa se reprimir, se esconder, suprimir seu lado social por desajuste é, para mim, um mal terrível e irreparável na estima da mesma. Ela subverte-se e assume ser uma “maçã podre” no cesto e como se tivesse duas vidas, no trabalho ela fala sobre assuntos filantrópicos e em casa, perde-se por entre suas fantasias e o seu prazer. Não que as pessoas precisem falar da sua intimidade, mas o que me incomoda é elas não “poderem” fazê-lo, não só, negarem-no se a espontaneidade surgir.
Consigo ver a idéia da coisa: O sexo, via de regra, é uma coisa íntima, bonita de se viver a dois, para se fazer com amor. (Lembrei-me do texto “Bodas de Açúcar”). Então, obviamente que se você passa a explorar suas sensações de prazer pelo sexo, você está corrompendo um conceito, degenerando uma idéia e subvertendo uma moral.
Mas ninguém pára para pensar o que provoca esta procura, este comportamento e o pior é que as pessoas que se esgueiram pelas madrugadas e trancam-se à chave em seus quartos, são as mesmas que apontam para os outros, reprimindo-as de seus atos.
A cidade está repleta de recantos e esconderijos e seus filhos, uns mais lícitos do que outros, circulam pelas ruas fazendo ar de “cidadãos decentes”, desapercebidos do vício em que vivem, o de atuarem de “ cidadãos decentes” (o que quer que isso signifique).
Não desejo que as pessoas saiam por aí descrevendo suas acrobacias sexuais, mas desejo sim, que elas sintam-se em paz com elas mesmas, sem se sentirem julgadas e pressionadas e principalmente, a partir daí, mais seguras e capazes de entender as pessoas do lado, sem reprimi-las. Isso, seria um novo ciclo e ao exercitá-lo, ao criar um processo de repetição, viria daí então uma normalização, uma nova forma de se estar.
Desejo a todos uma boa semana (com muito prazer).
Eduardo Divério.
domingo, outubro 01, 2006
“Admirável Mundo Novo”
Num destes dias, eu estava assistindo a um documentário biográfico, num destes canais da Discovery. Era sobre a forma como a sociedade vem se relacionando com o clítoris e o prazer feminino ao longo da história. Entre inúmeras informações chocantes e lamentáveis, envolvendo o próprio Freud como responsável por algumas delas, a coisa que ficou girando na minha cabeça foi que apenas cerca de 30% da população feminina atinge o orgasmo.
Devido a localização do clítoris, ao qual espero que todos que estejam lendo saibam onde se localiza, se não houver uma estimulação direta, a mulher terá que contar com que as contrações musculares, de todo o plexo a volta, sejam fortes e potentes, de forma a estinulá-lo. Considerando que vivemos num mundo onde as mulheres são desencorajadas a certas práticas, não vejo como estes músculos possam se fortalecer. Logo, este 30% deve conter as ginastas olímpicas e circenses! Brincadeirinha…
Se equacionarmos o fato que um homem atinge o seu máximo sexual entre os 18 e os 20 anos e a mulher entre 38 e 40, mais a incompatibilidade anatómica em um precisar por para dentro e a outra necessitando de um “por fora”, somado ainda a disparidade de tempo para se aquecerem “as turbinas”, mais os unicamente femininos orgasmos múltiplos (depois do choque dos 30%, os múltiplos andaram em qual percentagem?) com o tal do “depois”, que elas não entendem que precisamos dormir, fica difícil, com tanta incompatibilidade, não concordar com a igreja em que um pénis e uma vagina apenas deveriam se encontrar para procriação. Claro que estou indo a extremos e sendo muito nada politicamente correto, mas sigam comigo.
Depois da bizarra história em que tive contato, sobre a forma como o corpo e o prazer da mulher têm sido tratados, fica difícil acreditar na posição do missionário, em Freud com pai de alguma coisa e que duas pessoas aguentem por muito tempo, felizes, esta convivência… Laboral, eu diria.
Deixe-me ser um pouco mais subversivo, afinal, isto é só um texto e não um manifesto, impresso e espalhado como um panfletim pelas ruas da aldeia sob a luz de lamparinas de querosene.
As zonas mais erógenas do homem estão situadas no ânus e extremidade final do pênis, a glande. As zonas mais erógenas da mulher também contém a zona anal, para além do clítoris e os mamilos. Se pensarmos numa relação de acesso diretamente proporcional ao prazer, quem vos parece ser mais sucedido: Um casal Homo ou um casal Hétero? Pensem no funcionamento do vosso corpo, as sensações aos estímulos e algo muito semelhante a isso é o que um parceiro proporciona ao outro numa relação homo e já não posso mais comparar o resto.
Hum, talvez procriação e o prazer não sejam nem familiares. Mas você deve estar se perguntando o que seria do mundo? Bem, primeiro esta pergunta só surge porque vem com referencia ao modelo que se conhece e aí, claro, fica confuso. Mas imaginemos que a estória da serpente foi mesmo safadeza e que Adão comeu Eva e a maçã de sobresa ou seja, e se assim como dezenas de anos com mulheres mutiladas e proibidas de terem prazer, nossa sociedade fundou-se sobre falsos valores?
Se pensarmos no arquétipo de família, já que trouxe Adão e Eva ao assunto, fica difícil não falar de incesto (Aquela maçã era mesmo do babado…), mas mesmo sendo isso um fato bíblico, é algo que não falamos, pior! Negamos.
Mas se o ser humano é mesmo livre e sexualidade nada tem a ver com procriação, que nada tem a ver com casamento e menos ainda uma família? Por que “XX” e “XY” não poderiam ser responsáveis pela criação de um outro “X?”, sem que tivessem que viver na mesma casa, com todas as incompatibilidades e de uma forma que seja “até que a morte os separe”, enquanto seguissem vivendo entre “X?” + “X?”?
Se Judas e Madalena, em seus respectivos evangelhos, são descritos como as pessoas mais próximas de Jesus, mesmo mais do que o próprio primeiro chefe da igreja Católica, e ainda sim, por nós, continuam a ser um traidor e uma meretriz, será que as mulheres merecem mesmo ter orgasmo?
Elas merecem, tanto quanto o ser humano deveria ser livre para viver a forma como se sente atraído pelo sexo, vivendo sua sexualidade, sem que “ter” que assim ou assado. Vivemos entalados e oprimidos num mundo cheio de regras e preconceitos que as pessoas seguem de forma cega, julgando e condenando aqueles que fogem a estes supostos moldes. Mas a pessoas que fugem a estes supostos moldes são humanas e não acho e escolham viver assim porque gostam de ser rejeitadas ou oprimidas e então por que são elas assim?
Quanto tempo mais as pessoas em geral precisam para encheragar que tdodo o comportamento é fruto de uma mesma biologia, de uma raça e que portanto aceitar não deveria nem ser uma opção? O que fazemos com os fatos que descobrimos e as percentagens que nos são reveladas? Suas filhas serão mães e seus filhos pais. E estes, mães de esposas e maridos e outras mães e pais, bem, claro isso tudo se sobreviverem ao aquecimento global e as consquencias que advém dele, mas não é este também um assunto que, em via de regra, viramos as costas?
Custa-me ver que a mesma mente que envia um foguete à lua e o traz de volta, com precisão matemática, seja tão ignorante no que toca nossa prórpia natureza.
Desejo a todos uma boa semana.
Eduardo Divério.
Num destes dias, eu estava assistindo a um documentário biográfico, num destes canais da Discovery. Era sobre a forma como a sociedade vem se relacionando com o clítoris e o prazer feminino ao longo da história. Entre inúmeras informações chocantes e lamentáveis, envolvendo o próprio Freud como responsável por algumas delas, a coisa que ficou girando na minha cabeça foi que apenas cerca de 30% da população feminina atinge o orgasmo.
Devido a localização do clítoris, ao qual espero que todos que estejam lendo saibam onde se localiza, se não houver uma estimulação direta, a mulher terá que contar com que as contrações musculares, de todo o plexo a volta, sejam fortes e potentes, de forma a estinulá-lo. Considerando que vivemos num mundo onde as mulheres são desencorajadas a certas práticas, não vejo como estes músculos possam se fortalecer. Logo, este 30% deve conter as ginastas olímpicas e circenses! Brincadeirinha…
Se equacionarmos o fato que um homem atinge o seu máximo sexual entre os 18 e os 20 anos e a mulher entre 38 e 40, mais a incompatibilidade anatómica em um precisar por para dentro e a outra necessitando de um “por fora”, somado ainda a disparidade de tempo para se aquecerem “as turbinas”, mais os unicamente femininos orgasmos múltiplos (depois do choque dos 30%, os múltiplos andaram em qual percentagem?) com o tal do “depois”, que elas não entendem que precisamos dormir, fica difícil, com tanta incompatibilidade, não concordar com a igreja em que um pénis e uma vagina apenas deveriam se encontrar para procriação. Claro que estou indo a extremos e sendo muito nada politicamente correto, mas sigam comigo.
Depois da bizarra história em que tive contato, sobre a forma como o corpo e o prazer da mulher têm sido tratados, fica difícil acreditar na posição do missionário, em Freud com pai de alguma coisa e que duas pessoas aguentem por muito tempo, felizes, esta convivência… Laboral, eu diria.
Deixe-me ser um pouco mais subversivo, afinal, isto é só um texto e não um manifesto, impresso e espalhado como um panfletim pelas ruas da aldeia sob a luz de lamparinas de querosene.
As zonas mais erógenas do homem estão situadas no ânus e extremidade final do pênis, a glande. As zonas mais erógenas da mulher também contém a zona anal, para além do clítoris e os mamilos. Se pensarmos numa relação de acesso diretamente proporcional ao prazer, quem vos parece ser mais sucedido: Um casal Homo ou um casal Hétero? Pensem no funcionamento do vosso corpo, as sensações aos estímulos e algo muito semelhante a isso é o que um parceiro proporciona ao outro numa relação homo e já não posso mais comparar o resto.
Hum, talvez procriação e o prazer não sejam nem familiares. Mas você deve estar se perguntando o que seria do mundo? Bem, primeiro esta pergunta só surge porque vem com referencia ao modelo que se conhece e aí, claro, fica confuso. Mas imaginemos que a estória da serpente foi mesmo safadeza e que Adão comeu Eva e a maçã de sobresa ou seja, e se assim como dezenas de anos com mulheres mutiladas e proibidas de terem prazer, nossa sociedade fundou-se sobre falsos valores?
Se pensarmos no arquétipo de família, já que trouxe Adão e Eva ao assunto, fica difícil não falar de incesto (Aquela maçã era mesmo do babado…), mas mesmo sendo isso um fato bíblico, é algo que não falamos, pior! Negamos.
Mas se o ser humano é mesmo livre e sexualidade nada tem a ver com procriação, que nada tem a ver com casamento e menos ainda uma família? Por que “XX” e “XY” não poderiam ser responsáveis pela criação de um outro “X?”, sem que tivessem que viver na mesma casa, com todas as incompatibilidades e de uma forma que seja “até que a morte os separe”, enquanto seguissem vivendo entre “X?” + “X?”?
Se Judas e Madalena, em seus respectivos evangelhos, são descritos como as pessoas mais próximas de Jesus, mesmo mais do que o próprio primeiro chefe da igreja Católica, e ainda sim, por nós, continuam a ser um traidor e uma meretriz, será que as mulheres merecem mesmo ter orgasmo?
Elas merecem, tanto quanto o ser humano deveria ser livre para viver a forma como se sente atraído pelo sexo, vivendo sua sexualidade, sem que “ter” que assim ou assado. Vivemos entalados e oprimidos num mundo cheio de regras e preconceitos que as pessoas seguem de forma cega, julgando e condenando aqueles que fogem a estes supostos moldes. Mas a pessoas que fugem a estes supostos moldes são humanas e não acho e escolham viver assim porque gostam de ser rejeitadas ou oprimidas e então por que são elas assim?
Quanto tempo mais as pessoas em geral precisam para encheragar que tdodo o comportamento é fruto de uma mesma biologia, de uma raça e que portanto aceitar não deveria nem ser uma opção? O que fazemos com os fatos que descobrimos e as percentagens que nos são reveladas? Suas filhas serão mães e seus filhos pais. E estes, mães de esposas e maridos e outras mães e pais, bem, claro isso tudo se sobreviverem ao aquecimento global e as consquencias que advém dele, mas não é este também um assunto que, em via de regra, viramos as costas?
Custa-me ver que a mesma mente que envia um foguete à lua e o traz de volta, com precisão matemática, seja tão ignorante no que toca nossa prórpia natureza.
Desejo a todos uma boa semana.
Eduardo Divério.